Truman Capote: a borboleta entre as flores
Por Manuel Vicent Truman Capote. Foto: Slim Aarons “Tenho mais ou menos a altura de uma escopeta e sou da mesma maneira estrepitoso”, assim se descreveu Truman Capote e não acredito que exista uma definição mais certeira. Em todo caso, tratava-se de uma escopeta que só disparava cartuchos de sal no traseiro das celebridades nas festas loucas de Manhattan, onde a inteligência frívola e mordaz era um dom muito apreciado. “Sou alcoólatra. Sou drogado. Sou homossexual. Sou um gênio”. Vinha socialmente de muito baixo e talvez pensou que chegaria ao topo seduzindo gente famosa com o gênio vingativo que brotava com muita naturalidade de sua língua venenosa, mas houve um momento que descobriu o rosto da verdadeira maldade e esta borboleta deu por terminado seu bailado entre as flores. Nasceu em Nova Orleans em 1923 e a mãe, recém-divorciada e já um pouco metida no alcoolismo, cedeu o menino aos cuidados dos avós e depois de uns primos de Monroeville, no Alabama, até o marido de