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Nenhum olhar, de José Luís Peixoto

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Por Pedro Fernandes Sempre estivemos acomodados à compreensão de que o romance é, por relação à epopeia, produto da mimesis , isto é, uma reabsorção do mundo palpável pelos sentidos e lhe é externo. Mas, com o advento das novas estratégias de enunciação da ficção – sua assunção transgressora do epíteto de mentira , fabrico da imaginação criadora – revolucionaram a percepção de que o mimético, apenas ele, não valida o romanesco e este é, em situações diversas, como a poesia, gênero com o qual mantêm agora estreitas relações, transfiguração. A observação é para dizer que Nenhum olhar se situa no âmbito dessa não tão nova força da criação romanesca. Prefigurado como um universo à parte do universo extratextual, embora não se deixe de fazer associações como as que considera a recriação do Alentejo, no mundo engendrado por José Luís Peixoto convivem numa mesma ordem, qual os antigos universos da epopeia, as forças naturais e sobrenaturais. Tal tratamento, ao passo que