A única história, de Julian Barnes
Por Pedro Fernandes “Romance: uma pequena história, geralmente de amor.” Não é um exercício gratuito o de Julian Barnes estabelecer como epígrafe de A única história , esta definição de Samuel Johnson encontrada em A dictionary of the English language , de 1755. Embora seja apenas uma entre as várias proposições cunhadas em quase quatro séculos de história, a essencialidade do romanesco jamais perdeu essa pitada adquirida no momento glorioso da forma. Não apenas por isso; o escritor inglês contorna com as tintas do tempo o tema do enlace amoroso, do seu nascimento quase sempre ao acaso à ruína, quando o sentimento, paredes-meias com o ódio a abjeção, ganha caminhos inesperados para os amantes. Em A única história reforçam-se mesmo alguns estereótipos da narrativa clássica: o amor impossível, a dedicação exacerbada dos amantes e a renovação da ideia de que mesmo ante a possibilidade de amar mil vezes, uma só experiência é a que marca em definitivo a vida dos amantes. Des