Um artista do mundo flutuante, de Kazuo Ishiguro
Por Pedro Fernandes Há uma passagem de Um artista do mundo flutuante importante de ser recuperada aqui porque, em parte, justifica a existência do próprio romance. Não é o caso, ressalte-se, que estejamos numa obra de cariz metaficcional – ao menos não diretamente. Preocupado com a reputação da família para o bom casamento da filha caçula, Noriko, Masuji Ono revisita algumas das figuras de Kawabe, aquelas mais próximas no seu passado. Numa das ocasiões, encontra-se diante de uma pintura que julga ser do amigo Kuroda; o jovem rapaz que o recebe responde, meio acanhado, que se trata de um trabalho de sua autoria. Admirado, o protagonista afirma que, antes de desenvolver um estilo que o defina, todo artista começa por imitar bem aos seus mestres. Esta passagem serve para dizer o mesmo de Kazuo Ishiguro. Um artista do mundo flutuan te é o segundo romance do escritor nascido em Nagasaki, no Japão, e que ainda criança foi viver na Inglaterra. Este livro, juntamente co