Nísia Floresta: itinerário de uma viagem à Alemanha
Por Márcio de Lima Dantas Para Zelma, guardiã de Nísia Em agosto de 1856, Nísia Floresta, com 46 anos, empreende, junto com sua filha Lívia, uma viagem por uma região chamada por ela de “velha e poética Germânia”. A escritora, com as impressões dessa estada, em todo o seu vigor físico e sua maturidade intelectual, publica um livro em francês, intitulado Itinéraire d’un Voyage en Allemagne (Itinerário de uma viagem à Alemanha. Trad. Francisco das Chagas Pereira, Natal: EDUFRN, 1982). O livro, organizado em forma de epístolas e diário, resguarda forte poder evocativo das paisagens, dos castelos, cemitérios, estátuas, ferrovias e museus visitados por uma senhora poliglota e detentora de grande distanciamento crítico em relação aos objetos, à história e aos fenômenos que vão se apresentando a sua vista. Polidez e requinte são o que não falta a Nísia, inclusive no registro linguístico nervoso de alguém que parece não permitir a Cronos devorar as lembranças, eivadas de pat