As colunas femininas de Clarice Lispector
Por Juliana Perez Desde que perceberam a existência das colunas femininas de Clarice Lispector, uma assombrosa inquietação arruinou as certezas dos leitores de literatura. O alvoroço até rendeu um quadro sobre esta faceta de Clarice no programa de maior audiência da Rede Globo, o Fantástico . E a cada nova edição das colunas femininas, organizadas em coletâneas pela professora Aparecida Maria Nunes – recentemente a pesquisadora lançou o Correio para Mulheres – a interrogação reaparece: como uma escritora consagrada, com uma produção literária marcada por uma intensa introspecção, poderia escrever sobre temas tão banais e vazios? Os primeiros escritos de Clarice sobre a mulher surgiram ainda quando era acadêmica da Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1939. Quando, em 1952, recebeu o convite do amigo Rubem Braga para escrever uma coluna feminina, confessou que não era cronista e que, portanto, não sabia escrever crônicas. O gênero, criado pelo