Primavera em Casablanca, de Nabil Ayouch
Por Pedro Fernandes Hollywood eternizou Casablanca como a do céu mais bonito e a qual os que almejam alguma ponta de felicidade decidem dela fugir; este contexto do filme de Michel Curtiz é o do conturbado período da Segunda Guerra Mundial e a cidade marroquina era ponto de passagem de gente da França de Vichy, da Alemanha de Hitler, refugiados, ladrões. Enquanto isso, Nabil Ayouch recupera a cidade vista pelos estadunidenses – e também sua terra natal – como uma ilusão da qual se é impossível fugir. Não é que Casablanca seja o motivo principal do filme que carrega seu nome; nem no de Curtiz, tampouco no de Ayouch. No último, a cidade é apenas um motivo para o drama vivido por cinco personagens que constituem cinco núcleos específicos e todos num só ritmo: a contínua necessidade de agir para viver. O cineasta revisita assim a condição da liberdade, patente já no filme de 1942, para repensar que da visão romântica da luta pela realização plena dos indivíduos só restou a