Donnie Darko, de Richard Kelly
Por Rafael Kafka Donnie Darko mexe com nossa noção de leitura. O enredo do filme é cheio de brechas que nos convidam, como um bom filme de autor, a mergulhar no universo desenvolvido por Richard Kelly e sua equipe. Impossível assistir ao drama existencial e psíquico de Donnie de forma passiva esperando a ocorrência de algo que feche tudo em algo pronto e acabado. Ou ainda uma cena de ação que funcione como catarse para uma percepção conformada. Darko vive um drama cuja escrita por si só já é provocativa por nos exigir rompimento com velhas estruturas cognitivas que limitam nossas leituras ao lugar comum da linearidade. Algo aprendido por mim estudando sobre tradução há alguns anos é justamente o poder dos significantes em provocar por si sós reações na subjetividade dos sujeitos. O arranjo e rearranjo deles causa efeitos interessantes, gerando um estranhamento que provoca nas mentes inquietas um desejo de desvendar essas obras. A grande questão é que muitas vezes simples