Nem Joyce sabia para onde ia seu Ulysses
Por Kiko Amat “Há muitas razões pelas quais a gente acredita que existem livros que ‘devem’ se ler”, afirma Mikita Brockman em Contra a leitura , “mas suspeito que (...) podem se resumir em insegurança intelectual, esnobismo, alguns preconceitos de classe, egoísmo e uma espécie de folclore supersticioso enraizado na tradição”. Já veem que o conceito de “prazer” está ausente da lista. O desejo voraz de ler um clássico “obrigatório” é tão raro como um desejo por escarola em pleno munchies . Alguém recorre aos clássicos canônicos por culpa e compromisso, sem esperança de diversão, igual à missa do galo. É um paradoxo. Ninguém sonharia em ouvir música pop para evitar passar bem o tempo (exceto os mais perversos, certamente). A arte, por norma geral, não serve a esse fim. E, sem dúvidas, aqui está Ulysses , o segundo romance de James Joyce. Um livro que só pode ser lido sofrendo. E deixem-me dizer, amigos meus, que (invertendo a máxima churchilliana ) nunca tantos sofr