A cartola do mago Vladimir Nabokov
Por Andrés Ibáñez De todos os romancistas do século XX, Nabokov é, sem dúvida, o mais inclassificável. Todos sabem, mais ou menos, por que Proust, Woolf, Kafka, Faulkner, Broch, Beckett, Pynchon ou Lezama Lima são grandes, mas a pergunta por que Nabokov é tão grande não é totalmente fácil de responder. Ao contrário de Proust, Joyce ou Faulkner, com suas detalhadas e prolixas recriações de universos em miniatura, seus cenários são quase sempre dolorosamente limitados (um grupo de exilados em Berlim, um triângulo amoroso numa praia do Báltico, um departamento de línguas numa universidade da Nova Inglaterra) e suspeitosamente fantásticos, quando não decididamente fantasmagóricos. Suas personagens são facilmente classificáveis, tal como a divisão da espécie animal que mais amou, em borboletas e mariposas (as mariposas são deslumbrantes, livres e voam alto; as mariposas, cruéis, más e covardes); não têm, nem de longe, a fascinante humanidade de Leopold Bloom ou do Barão de Cha