Laços, de Domenico Starnone
Por Pedro Fernandes A que ponto somos determinados pelo outro? Qual a força dos laços que casualmente se formam entre nós e os outros? Ao que nos submetemos para manutenção de uma ordem de dominação cujas linhas são apenas aparentemente inofensivas aos rumos de nossas vidas? Como seria nossas vidas se as relações que agora mantemos não fossem essas mas outras? Estas são perguntas que se formam ao longo da leitura de Laços , um romance que se filia a uma tradição em formação na prosa romanesca contemporânea, que poderíamos designar como literatura sobre os afetos. Numa época quando a condição do amor foi institucionalizada pela mecânica da jurisprudência e seus desenlaces explicados de maneira diversa pela psicanálise este sentimento de natureza romântica que dominou vigorosamente a cena literária desde há muito, parece desvanecer. Claro que é o amor o elemento mobilizador dos imbróglios entre pessoas dentro e fora da ficção, mas este ganha agora outros tons que o dista