Três anúncios para o crime, de Martin McDonagh
Por Pedro Fernandes Se há um mal que molesta o bem-estar de qualquer um este se chama incompetência. O que se chama de crise desde há muito e agora se tem como uma qualidade inextinguível é constituída em sua grande parte pela incapacidade de se resolver o que é necessário ser resolvido. Há pelo menos duas razões que contribuíram para que essa prima-irmã da corrupção ganhasse o status quo de sustentabilidade institucional que agora vigora no âmbito mais variado das democracias ocidentais: uma certa comodidade vendida pela possibilidade de se comprar a qualquer custo o conforto que sempre almejamos; e uma interpretação falaciosa, que é tão antiga quanto a ideia de crise, de que as coisas são porque são. Ela é herdeira do discurso que reiterada vezes foi justificado pelos poderes dominantes: quando a Igreja era o braço do estado – “é assim porque Deus quer”; quando o estado se consolida independente – “é assim desde que o mundo é mundo”. Some a essas duas uma terceira, a do