O lobo do mar, ou como Jack London lê Nietzsche
Por Albert Lladó cena da adaptação de Michael Curtiz para O lobo do mar "Não sei bem por onde começar", nos diz o narrador de O lobo do mar , o romance que o estadunidense Jack London escreveu em 1904. Essa incerteza que nos ocupa ao começar a contar a história é especialmente significativa porque o protagonista, Humphrey van Weyden, é um intelectual com grandes dotes para a literatura. Algo se contradiz. Talvez a confiança na palavra não é tão forte como havia sido até então. Ou, agora, talvez conheça todos seus limites. E a necessidade de que a palavra e ação ajam de mãos dadas. Humphrey não confessa que, quando tudo começa, se encontra na casa de um amigo, Charley Furuseth, onde passava os fins de semana. E aqui, no primeiro parágrafo do romance, como se fosse um acaso, cita algumas das leituras de seu colega. “Ele tinha uma casa de veraneio em Mill Valley, à sombra do monte Tamalpais, mas a ocupava somente no inverno, quando ia para lá descansar e alivi