A descoberta da escrita, de Karl Ove Knausgård
Por Pedro Fernandes Desde A morte do pai , o primeiro volume de Minha luta , um extenso romance no qual Karl Ove Knausgård esboça passar a limpo sua vida, já era possível suspeitar a que se refere este simbólico título que encontra ecos em tradições não tão celebrativas no universo dos livros – ao dizer isto, pensamos no mesmo título escolhido por Adolf Hitler para sua imoral autobiografia. E contra o quê luta o escritor norueguês? A resposta para a pergunta está pronta e a essa altura, quando da leitura do quinto volume de um total de seis que formam sua obra-prima, é possível apresentá-la sem receio do erro ou da contradição. Em A descoberta da escrita , Karl Ove Knausgård trata de explorar os lugares, as situações e a insistente tentativa de escrever. Mais que isto: de construir o que poderíamos chamar de ethos do escritor. Por toda a parte está em contato com figuras, grande parte delas são pessoas mais jovens que ele, entregues ao ofício de manipulação da palavra