Boletim Letras 360º #301
Em breve abrimos em nossa página no Facebook uma enquete sobre qual foi a sua melhor leitura do ano. Nos últimos três anos fizemos essa consulta que resulta numa lista dos melhores livros do ano construída apenas pelos que acompanham o blog. E este ano, novas surpresas. Aguarde. Enquanto isso, vamos às notícias apresentadas nesta semana por lá.
Outra vez Mário de Sá-Carneiro. Editora brasileira começa a reeditar obra do escritor português. |
Segunda-feira,
10/12
>>> Brasil: Outra
oportunidade de visitar a obra de Mário de Sá-Carneiro
O poeta e
ficcionista foi, ao lado de Fernando Pessoa e Almada Negreiros, um dos
principais representantes do Modernismo português. Sua figura é de suma
importância para a compreensão do modo como o Modernismo português se formou.
No Brasil, sua obra ainda é pouco conhecida, apesar de já temos entre nós
algumas publicações de seus poemas. A Editora
Moinhos lança-se a mais uma empreitada excelente, que é trazer toda a
sua obra ao longo dos próximos anos, ao Brasil. O primeiro título é este:
Dispersão & Indícios de Oiro.
Terça-feira,
11/12
>>> Brasil: Edição de
luxo para dois dos maiores clássicos da literatura ocidental
Como
divulgamos há alguns meses, a Ubu
Editora, disponibilizou a tradução para a Ilíada, do antigo
projeto da extinta Cosac Naify, e reeditou a Odisseia. Agora, a editora
apresenta uma edição especial dessas duas grandes obras atribuídas a Homero. As
traduções em verso direto do grego pelo professor livre docente em literatura
grega Christian Werner saem numa tiragem de 150 exemplares, com capa revestida
em tecido e recortes feitos por Odires Mlászho, ilustrador da obra. Os dois
volumes são reunidos numa caixa de acrílico, numerados e assinados.
Ilíada e Odisseia tem textos do homerista estadunidense
Richard Martin, um posfácio para o segundo título do escritor e professor de
filosofia Luiz Alfredo Garcia-Roza, o texto "O silêncio das sereias",
de Franz Kafka, um poema de Konstantínos Kaváfis e um glossário de nomes
próprios presentes na Odisseia, além de uma introdução a cada
volume escrita pelo tradutor.
>>> Brasil: Exposição e
livro sobre José Saramago
Após
temporada em São Paulo, no Farol Santander, chega a Belém a exposição
"SARAMAGO – os pontos e a vista", que fica em cartaz no Museu do
Estado do Pará (MEP), de 15 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019. E o professor Carlos Reis, da Universidade de Coimbra apresenta a edição brasileira do seu livro Diálogos com José Saramago, que sai pela Editora da Universidade
Federal do Pará.
Quarta-feira,
12/12
>>> Brasil: Romance
aproxima-se de drama do brasileiro primordial
O
língua é o novo romance de Eromar Bomfim. Usada como substantivo
masculino, a palavra língua é sinônimo de intérprete e designava, no período
colonial, a pessoa que conhecesse o idioma dos indígenas e exercesse essa
função nos contatos entre o conquistador português e esses povos. No caso deste
romance, o "língua" é o mameluco Leonel, nascido de uma relação violenta entre
a índia anaió Ialna e o padre fazendeiro Antônio Pereira. Após uma vida nômade
com a mãe e outra parte passada em aldeamento jesuíta, onde aprende o
português, Leonel será cooptado como língua e guerreiro nas guerras contra seu
próprio povo. Quatro narradores-personagens alternam-se para contar a história,
todos eles oriundos do universo dos desvalidos coloniais: o cafuzo Gabiroba; o
índio cariri Aleixo; Ascuri, índio anaió; e Ialna, a desafortunada mãe do
protagonista. A edição é da Ateliê
Editorial.
>>> Brasil: Em Cat
person, Kristen Roupenian se revela uma das vozes mais originais e provocativas
da ficção contemporânea
Kristen
Roupenian era uma autora desconhecida até a publicação de Cat person, em
dezembro de 2017, no site da revista New Yorker. Narrando o
encontro de Margot, de vinte anos, com Robert, de 34, a história toma rumos
inesperados ao abordar as expectativas frustradas, as questões de gênero e as
relações pautadas pelas dinâmicas digitais. O conto ganhou alcance excepcional
e se tornou um fenômeno editorial ao retratar, numa prosa surpreendente e
eletrizante, o amor em nossos tempos. Ao longo de doze histórias, com tom ora
sombrio, ora hilariante, a escritora explora com sensibilidade aguda e
imaginação selvagem a realidade contemporânea com tintas por vezes absurdas ― e
até mesmo assustadoras. Esta reunião de contos apresenta uma galeria de
personagens profundamente humanos e, por isso mesmo, estranhamente
inquietantes, que buscam se relacionar em dias marcados por angústias,
contradições, perversões e uma dificuldade intransponível de comunicação.
Quinta-feira,
13/12
>>> Brasil: Uma
edição da revista
7faces em homenagem a Florbela Espanca
Os editores da
revista 7faces divulgam que o próximo número é dedicado à poeta portuguesa de
Livro de mágoas. Em 2019, este título que foi o primeiro de
Florbela chega aos 100 anos da primeira edição. "Juntando a efeméride, uma
maneira de não deixar a memória passar em branco o que não deve ser passado em
branco, e inserindo-se entre as atividades criativas que ampliam o universo de
Florbela é que a revista 7faces se antecipa na publicação deste número em
homenagem à sua obra; não apenas ao livro de 1919, mas aos demais títulos que
projetou ou publicou em vida e àqueles que foram conhecidos mais tarde graças a
atenção da crítica, que a ver pelo passar dos anos, já se redimiu integralmente
do silêncio surdo ou do julgamento taxativo em torno da poeta portuguesa",
diz o comunicado apresentado no blog do periódico que chega agora ao 17º
número. A edição é organizada, acrescenta, pelo estudioso da obra de Florbela,
o professor Jonas Leite, quem reuniu um grupo importantíssimo da crítica
brasileira e estrangeira que se desdobra a investigar lugares e elementos
diversos da diversa obra da poeta.
>>> Brasil: Um E. M.
Forster desconhecido
Num futuro
indeterminado e numa Terra ecologicamente arrasada onde as pessoas vivem em um
mundo subterrâneo servido e controlado por uma Máquina, um jovem busca uma
saída. O enredo é simples, mas as cenas que o articulam, escritas na primeira
década do século XX, são fortes em premonição tecnológica e carregadas de arrepiante
ameaça. E. M. Forster, autor de conhecidos romances como Passagem para a
Índia, Um quarto com vista e Maurice,
transformados em filmes de sucesso, foi um dos autores mais destacados da
literatura britânica, várias vezes cogitado para o Prêmio Nobel. Em 1909,
Forster, publicou A máquina parou: lida hoje, esta pequena novela
inédita no Brasil revela todo seu poder de análise das relações entre a
humanidade e a tecnologia em uma era em que, como advertiu Walter Benjamin, a
humanidade se prepara para sobreviver à civilização. Já em Paisagem com risco
existencial, o escritor e ensaísta Teixeira Coelho destaca os pressupostos e
as consequências desta peça literária para a compreensão do tempo presente. A máquina parou foi inicialmente publicado em novembro de 1909 na The Oxford and Cambridge Review. Em 1973, três anos após a morte do
autor, foi incluída no volume II da coletânea The Science Fiction Hall of
Fame. No Brasil, passou despercebida até este momento. Em prefácio a seu Collected Short Stories, de 1947, Forster escreveu que este título
havia sido escrito como reação aos "paraísos" da ficção científica de H. G.
Wells. Com isso dizia não concordar com a visão otimista do autor de A
guerra dos mundos, de 1898 e que provocou a conhecida celeuma na emissão
radiofônica de Orson Welles em 1938. A edição é da Editora
Iluminuras.
Sexta-feira,
14/12
>>> Brasil: Justine,
ou os tormentos da virtude, de Sade
Foucault
observou, em várias ocasiões, que Justine está para a modernidade
como Dom Quixote para o barroco. Ao ler as relações entre o mundo e
a linguagem à maneira do século XVI, isto é, pelo viés da semelhança, Quixote
vê castelos nas estalagens e damas nas camponesas. Aprisiona-se, inconscientemente,
no mundo da pura representação; mas, como essa representação só tem por lei a
similitude, a equação reveste a forma irrisória do delírio, tornando o herói
uma simples personagem de um livro que não leu e cujo destino lhe é imposto, na
galhofa, pelos outros. Em "Justine" assistimos ao momento de declínio
desse mesmo movimento. Não se trata mais do triunfo irônico da representação
sobre a semelhança, mas da violência do desejo, quebrando os limites da
representação. Justine é um libelo contra os
philosophes. Não defende nem o livre exame nem a liberdade de
costumes, mas a servidão da razão aos desejos, ou seja, ao poder. Ao elaborar
uma teoria da libertinagem, Sade é consciente de que os homens não são livres
mas dependem do desejo (de um desejo). Como tal, o marquês tende uma ponte com
a linha devassa e quebrada de Goya, graças à qual descobre-se o vazio do
irrisório. Por isso, certamente, Lacan via, em Sade, o complemento de Kant. Aí
onde o filósofo mandava abstrair o corpo e tomar o outro sempre como meio e
nunca como fim, o moralista, pelo contrário, escolhia o outro sempre como
objeto e jamais como fim altruísta. Talvez nessa crítica da Estética, como
ciência universal do belo, se insinue uma reivindicação da Poética, como livre
domínio da linguagem e dos afetos, uma questão absolutamente contemporânea. A
tradução de Justine é de Marcela Vieira e Eduardo Jorge de Oliveira
e sai pela Editora Iluminuras.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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