Boletim Letras 360º #300
Nesta semana
iniciamos nossa campanha de fim de ano em nosso Instagram; em 2018, há um sabor
a mais por sermos parte por adesão da campanha nacional #DêLivrosDePresente.
Mas, sem deixar de dizer que, muito antes disso, sempre foi nosso costume no Facebook
tal incentivo e desde há quatro anos, no Instagram dedicamos os dias que antecedem
as celebrações de fim de ano para apresentar dicas de livros para presente. E, por
falar em livro de presente, restam só dois dias para o sorteio de uma caixa contendo
o Último caderno de Lanzarote, o diário inédito de José Saramago que foi publicado
em outubro deste ano em Portugal e que chega ao Brasil agora em dezembro, e o
Um país levantado em alegria, livro do jornalista Ricardo Viel que recompõe os
bastidores do Prêmio Nobel ao escritor português no ano quando se passam duas
décadas desse acontecimento. É no nosso Facebook. Recados passados, vamos às
notícias que copiamos por lá nesta semana.
Julio Cortázar. Em 2019, a Argentina celebra Rayuela com uma edição especial. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
3/12
>>> Estados Unidos: Um museu
virtual dedicado a Johannes Vermeer
A ideia vem
online através do Google Arts e é uma iniciativa do Mauritshuis. Oferece-se
acesso aos 36 quadros do pintor holandês nos mínimos detalhes. O projeto, com o
título de "Conheça a Vermeer" reúne ainda explicações histórias sobre
a obra do autor de a Monalisa do Norte, o significado dos quadros e
em diferentes idiomas. Todos os proprietários e colecionadores da obra de
Vermeer participaram para a realização desta galeria de bolso, como o
Rijksmuseum de Amsterdã, que tem quatro obras do pintor. O destaque é a
digitalização da tela O concerto, cujo paradeiro é desconhecido
desde quando foi roubada nos anos 1990 do Museu Isabela Stewart Gardner, em
Boston. Esta é, então, a única maneira de reunir num só lugar toda a obra numa
só exposição. Muitos dos trabalhos estão, também, em frágil condição, o que
impede a possibilidade de deslocamentos maiores para uma exposição universal de
verdade, se alguma vez se tentasse isso. Disponível aqui.
>>> Brasil: Chega ao
Brasil a tradução para um dos títulos mais recentes de Mario Vargas Llosa
Em O
chamado da tribo, o autor Prêmio Nobel de Literatura peruano apresenta as
leituras que moldaram seu pensamento nos últimos cinquenta anos. Vargas Llosa
selecionou sete pensadores liberais que o ajudaram a desenvolver um novo
conjunto de ideias após algumas de suas decepções políticas, como o Revolução
cubana e o distanciamento das ideias de Jean-Paul Sartre, autor que mais o inspirou
na juventude. Pelo diálogo do escritor passam nomes como Adam Smith, José
Ortega y Gasset, Friedrich Hayek, Karl Popper, Raymond Aron, Isaiah Berlin e
Jean-François Revel. A partir deles, Vargas Llosa apresenta uma visita à
tradição de um pensamento que favorece o indivíduo frente ao coletivo, à nação,
à classe, ao partido, defendendo a liberdade de expressão como um valor
fundamental para o exercício da democracia. O livro sai pela Editora Objetiva.
Terça-feira,
4/12
>>> Brasil: Edição de A trágica história do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe
Encenada
pela primeira vez na virada dos anos 1580 para os 1590, este texto rapidamente
se transformaria numa referência para o Teatro Elisabetano. Para além das
fronteiras da Inglaterra, a peça se tornaria um marco na instituição do tema
fáustico, um dos mais poderosos mitos literários da modernidade. E não foi pelo
entrecho que essa peça alcançou estatuto tão alto. Afinal, histórias de pactos
com o demônio remontam aos primeiros séculos da Cristandade, e mesmo seu herói,
o tal Doutor Fausto, remete a um sábio alemão que ganhara fama de pactário. Era
figura já conhecida e relatos sobre ele circularam oralmente por décadas até
que, em 1587, serviriam de matéria para um livro anônimo de intenções
moralizantes publicado em Frankfurt: História do Doutor João Fausto. Esse livro
teve grande sucesso, sendo rapidamente traduzido e publicado na Inglaterra. Foi
nessa tradução que Marlowe encontrou mote para sua peça, que ultrapassa em
muito o moralismo para tratar dos meandros da consciência e do desejo num tempo
(que ainda é o nosso) em que a noção de indivíduo atingia um outro patamar, de
autonomia e centralidade na vida social. Este volume reúne traduções dos dois
livros, acompanhadas de material crítico, o que permite ao leitor fruir os textos
e, adicionalmente, acompanhar o nascimento de um mito fundamental da literatura
ocidental. A tradução de Caetano W. Galindo, Luís Bueno, e Mario Frungillo sai
pela Ateliê Editorial.
Quarta-feira,
5/12
>>> Itália: A série A amiga genial, inspirada na obra de Elena Ferrante terá mais
temporadas
A HBO
renovou contrato para a segunda temporada. A história da nova leva de episódios
será baseada em História do novo sobrenome, o segundo livro da
tetralogia escrita pela italiana. Ao todo, são quatro os romances que narram
a vida de Elena Grego e Raffaella Cerullo. O primeiro livro da série, mostra o
período entre a infância e a adolescência das garotas: como elas se conheceram
em meio a uma Nápoles pobre e vivendo o pós-guerra da década de 1950.
>>> Brasil: Chega de Portugal o último livro de Herberto Helder
"A poética
de Herberto remonta a uma liberdade surrealista na construção das imagens e a
uma visão crente no poder mágico das palavras. (…) É um poeta intensamente
moderno e experimental, com voz e imaginação próprias, mas que nos coloca em
contato com temas arcaicos e essenciais: o amor, a natureza, o corpo, a mãe." Isso diz Fernando Paixão, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Poemas canhotos é o último livro de Herberto Helder, finalizado
pouco antes de o poeta morrer e publicado postumamente. A edição sai por aqui
pela Tinta-da-china
Brasil, que já publicou outros livros do poeta, incluindo uma antologia com
extensa parte da sua obra poética.
Quinta-feira,
6/12
>>> Brasil: Uma
antologia apresenta no Brasil a obra de Daniel Jonas
Esta é a
primeira edição no Brasil a trazer uma amostra significativa da obra de um dos
maiores poetas portugueses da atualidade. Daniel Jonas possui uma carreira
bastante incomum, grandiosa mesmo numa terra tão fértil em poetas como
Portugal. Publicou nove livros de poemas que cedo lhe conferiram prêmios
importantes no seu país e na Europa. Ele é também tradutor, e não menos admirável;
sua obra mais conhecida é a versão para o português de Paraíso
perdido, de Jonh Milton. Os fantasmas inquilinos é uma
seleção feita pelo poeta e músico Mariano Marovatto; cobre a carreira de Daniel
Jonas, apresentando poemas publicados em livros desde 2005, e serve como a
melhor introdução à sua poesia. Lírica, meditativa e intensa na apreciação dos
afetos, da vida nas cidades e da própria atividade poética, a obra do poeta
português tem um quê de clássico – embora muito contemporânea na visão de mundo
aguda e algo desencantada. Se, por um lado, parece continuar com voz bastante
distinta a poesia de Fernando Pessoa e outros grandes líricos de seu país, por
outro traz uma nova tonalidade à poesia de língua portuguesa, talvez resultado
do intenso intercâmbio do autor com a língua inglesa. Sai pela Todavia.
>>> Brasil: O primeiro
romance de Kingsley Amis considerado por Christopher Hitchens o mais divertido
da segunda metade do século XX chega ao Brasil
Jim Dixon
está em uma situação delicada. Não sabe se conseguirá manter sua posição como
professor de história medieval na universidade, já que para isso teria que
publicar um artigo que lhe valesse a admiração da academia. Como se não
bastasse, ele também deve cultivar um bom relacionamento com o professor Welch,
o chefe de seu departamento, um homem pedante que jamais esquece que Jim
vem de uma família de classe média baixa. E tudo isso enquanto tenta conquistar
Margaret, uma de suas colegas de trabalho que está se recuperando de uma
tentativa de suicídio por causa do rompimento com o ex-namorado. Jim terá sorte
o bastante para alcançar seus objetivos? Lucky Jim é um clássico do
absurdo: toda a ação se desenvolve em torno do controle individual sobre o
outro. Os equívocos, as maquinações, os mal-entendidos, os favoritismos
concorrem para o tormento de Jim, que fuma e bebe em demasia e se dirige
inapelavelmente a um ponto de ruptura. Este livro é considerado por Christopher
Hitchens (cujo ensaio é reproduzido como posfácio da edição) o mais divertido
da segunda metade do século XX. Esta é a primeira tradução brasileira do aclamado
romance de estreia de Kingsley Amis. A tradução de Jorio Dauster sai pela
Todavia Livros.
Sexta-feira,
7/12
>>> Argentina: Edição
especial para O jogo da amarelinha, de Julio Cortázar
A Real
Academia Espanhola e a Associação de Academias de Língua Espanhola anunciaram
para março a nova edição; será apresentada durante o VII Congresso
Internacional de Língua Espanhola, na cidade argentina de Córdoba. Rayuela, o
título original da obra-prima de Julio Cortázar saiu pela primeira vez em 1963
e logo foi lida como um livro revolucionário para a narrativa de língua
espanhola. A nova edição coordenada por José Luis Moure trará vários textos
sobre o romance, de autores como Gabriel García Márquez, Adolfo Bioy Casares,
Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa. O livro comemorativo recupera ainda, pela
primeira vez desde 1983, a reprodução fac-similar do Cuaderno de bitácora,
caderno em que Cortázar foi anotando ideias, situações e personagens do romance
durante o processo de escrita. A coleção que hospedará O jogo da amarelinha começou a ser formada em 2004 e já reúne títulos como o Dom Quixote, de
Cervantes, Cem anos de solidão, de García Márquez, A região mais
transparente, de Carlos Fuentes, Antologia geral, de Pablo Neruda, entre
outros.
>>> Brasil: Marília
Garcia é a poeta que venceu a edição 2018 do Prêmio Oceanos
Marília
Garcia nasceu no Rio de Janeiro em 1979, formou-se em Letras e doutorou-se em
Literatura Comparada, e é também tradutora e editora. Dentre os livros que
publicou estão 20 poemas para o seu walkman (Cosac Naify, 2007), Engano geográfico (7letras), Um teste de resistores (7letras), Paris não tem centro (Megamíni) e Câmera
lenta (Companhia das letras) – o livro com o qual ganhou o prêmio. O
escritor português Bruno Vieira do Amaral ficou em segundo lugar; o poeta
português Luís Quintais em terceiro lugar e em quarto lugar o poeta moçambicano
Luis Carlos Patraquim.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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