“Tête-à-Tête”: amor livre, jogos de espelho e posse
Por Rafael Kafka Posso dizer que 2018 foi um ano de redescoberta dentro do campo literário para mim. No começo do ano, finalizei um reencontro com a obra de Jack Kerouac em um trabalho de conclusão de curso no qual eu discutia elementos de liminaridade e ambiguidade em seu romance maior, On the Road . Quando li esse livro pela primeira vez, há uns dez anos, eu senti um imenso encanto lírico com suas linhas e toda a liberdade existente nele. Na releitura feita para escrever sobre um texto que foi tão importante para minha afirmação enquanto leitor, eu me deparei, com a ajuda de textos críticos, com uma série de elementos que foram ignorados por minha primeira leitura. Eu já não via tão somente uma liberdade plena feita de atos anarquistas baseados em jazz e escrita intensos e frenéticos; eu via um sujeito vivendo entre o desejo de liberdade e o desejo de conservação, o desejo de estar aqui e estar ali ao mesmo tempo, além de um amor latente anulado por convenções viris