Boletim Letras 360º #290
Estas são as notícias que passaram durante a semana em nossa página do Facebook. Boas leituras!
Segunda-feira, 24/09
Uma antologia com poemas de T. S. Eliot a sair no Brasil em novembro. Mais detalhes ao longo deste Boletim |
Segunda-feira, 24/09
>>> Brasil: O hino de
Machado de Assis para o Imperador do Brasil
O
pesquisador Felipe Rissato encontrou, em um jornal antigo de Florianópolis,
Santa Catarina um hino escrito por Machado de Assis como “Hino Nacional”. A
letra faz uma homenagem ao imperador Dom Pedro II. Na época em que escreveu os
versos, o escritor tinha 28 anos e ainda não era tão conhecido. Era aniversário
de 42 anos do monarca e em 2 de dezembro daquele ano o hino seria apresentado
no teatro da cidade de Desterro, antigo nome da capital catarinense. Segundo a
Folha de São Paulo, Rissato sabia desde 2016 da existência desse hino, porque o
jornal O Mercantil, guardado no acervo da Biblioteca Nacional, anunciava na
véspera um “esplêndido espetáculo”. O jornal não publicou, nas edições
seguintes, a transcrição da letra. A chave para o mistério estava num jornal
catarinense chamado O Constitucional, em duas edições de 1867. Em uma delas,
a publicação avisa que o espetáculo do dia 2 foi adiado, porque dois músicos
ficaram doentes. Em outra, de 11 de dezembro daquele ano, transcreve a letra,
mas não cita o nome do autor, mas por associações se deduz como autor o Bruxo
de Cosme Velho. Risseto foi nos últimos anos, responsável por fazer diversas
descobertas sobre Machado e Euclides da Cunha, incluindo fotos e textos
desconhecidos dos autores. Veja o registro no nosso Tumblr.
>>> Brasil: Dois novos
títulos de James Baldwin foram anunciados para 2019
"Além
de O quarto de Giovanni e Terra estranha, ambos já disponíveis,
publicaremos, em 2019, Notes of a Native Son, livro de ensaios, e Se a rua
Beale falasse, romance que foi adaptado para os cinemas por Barry Jenkins
(diretor de Moonlight)" - anunciou no Twitter a Companhia
das Letras. "Notes" foi o primeiro livro de não-ficção de JB; foi
publicado em 1955 e reúne dez dos ensaios que já haviam aparecido em revistas
como Harper's Magazine, Partisan Review e The New
Leader. O segundo título é apresentado como um romance "sensual,
violento e profundamente comovente", uma "bela canção de blues, de
toada doce-amarga, com notas de raiva e ainda assim cheia de esperança".
Publicado pela primeira vez em 1974, é o quinto romance de James Baldwin, um
"romance-manifesto" contra a injustiça da justiça e uma história de
amor intemporal. O livro narra a história de amor de um casal, que se vê
forçado à separação, quando o rapaz é preso sob uma falsa acusação de estupro.
Na mesma altura, a mulher descobre estar grávida e enceta uma luta, com a ajuda
da família e de um advogado, para conseguir provar a inocência do noivo antes
do nascimento do filho.
>>> Brasil: Nova edição para A casa soturna, de Charles Dickens deve sair até o fim do ano
>>> Brasil: Nova edição para A casa soturna, de Charles Dickens deve sair até o fim do ano
A notícia é
da Editora
Nova Fronteira que apresentará a obra no âmbito da coleção Biblioteca
Áurea, que já reúne títulos de nomes importantes da literatura universal como
Marguerite Yourcenar, Stendhal, Robert Musil, entre outros. A casa
soturna apareceu em 1853 e considerado um dos romances mais sombrios e
solidamente construídos do escritor inglês. A trama do romance gira em
torno de Jarndyce & Jarndyce, um processo judicial que já dura por algumas
gerações sem que consiga evoluir. Os litigantes iniciais já faleceram e ninguém
mais sabe ao certo pelo que estão brigando, tendo já se transformado em lenda e
piada. Os personagens vão sendo apresentados à medida que tem algum
envolvimento com o famigerado processo e a história tem dois focos narrativos:
ora é narrado em terceira pessoa, ora em primeira por Esther Summerson, uma
órfã que após a maioridade vai morar e administrar a casa de John Jarndyce, seu
tutor.
Terça-feira,
25/09
>>> Brasil: Todo teatro
de Ariano Suassuna
A editora
Nova Fronteira traz pela primeira vez uma caixa com todas as peças teatrais de
Ariano Suassuna. Dividido em quatro volumes, o conjunto aqui reunido abarca
comédias, tragédias, entremezes (peças de menor extensão) e o teatro traduzido.
Apresentamos textos inéditos, alguns deles jamais encenados, peças editadas com
regularidade e cujo número de montagens não se pode precisar, outras
inteiramente reescritas pelo autor e duas encontradas recentemente no
acervo de Ariano, que não constavam de levantamentos anteriores. Sem dúvida um
dos pontos mais altos da moderna dramaturgia brasileira, o teatro de Ariano
Suassuna é um verdadeiro monumento para nosso país e nosso povo e tem muito a
dizer a cada um de nós, pois, além de expressar os problemas essenciais do
homem, mergulha fundo na alma brasileira
>>> Brasil: A América de
Philip Roth. Edição especial reúne quatro romances emblemáticos do grande
escritor estadunidense em caixa com dois volumes de capa dura.
Além de
escrutinar os meandros da alma humana, Philip Roth retratou seu país, os
Estados Unidos, como ninguém. Nesta edição especial, quatro de seus grandes
romances estão reunidos numa belíssima caixa. No primeiro volume estão: Pastoral
americana, livro em que o empresário judeu bem-sucedido, Seymour Levov,
casado com uma católica, prefere contratar negros em sua fábrica e dar uma
educação liberal à filha. No entanto, suas ilusões acabam destruindo o lar que
ele imaginava perfeito, à moda dos ideais estadunidenses; e Casei com um
comunista, uma história de delação, traição e vingança, em que Ira
Ringold, um trabalhador braçal que se tornou ator de rádio, é um comunista
exaltado e linha-dura. Sua vida toma rumos inesperados quando a esposa resolve,
em plena era do macarthismo, pôr a público as convicções políticas do marido. O
segundo volume traz: A marca humana, que fala da histeria puritana
que se apodera dos Estados Unidos em 1998, na esteira do escândalo sexual que
envolveu o presidente da República e uma estagiária na Casa Branca. No mesmo
ano o professor universitário Coleman Silk vê sua vida profissional e familiar
destruída por acusações de racismo e abuso sexual; e Complô contra a
América, a fábula em que Roth imagina os Estados Unidos dos anos 1940
governados pelo aviador antissemita Charles Lindbergh, instaurando uma era
sombria no país, agora simpático à Alemanha nazista, sobretudo para as famílias
judias.
>>> Brasil: Publicada
peça de Mikhail Bulgákov
Os
dias dos Turbin sai pela Editora
Carambaia, cf. havíamos anunciado noutra ocasião, com tradução feita
diretamente do russo por Irineu Franco Perpetuo, autor também de um prefácio
para o livro. Os eventos da Guerra Civil pós-revolução (1918-1920) são
referidos em Os dias dos Turbin pelo ponto de vista de uma família
burguesa e antibolchevique de Kíev, a capital da Ucrânia, onde se digladiavam
os exércitos comunista e anticomunista, e os nacionalistas ucranianos
disputavam o poder interno, com interferência militar alemã. A família da peça
tem várias semelhanças com a do próprio Bulgákov (Turbin era o sobrenome de sua
avó materna). O texto se baseia no primeiro romance de Bulgákov, A Guarda
Branca, que havia sido publicado parcialmente numa revista e só viria a
sair na íntegra após a morte do escritor. Depois de sucessivas interferências
de agentes do regime soviético no texto da peça, além de uma "batida" durante a
qual foram confiscados originais de seu apartamento e um interrogatório em que
Bulgákov foi franco quanto à sua condição de simpatizante das forças
contrarrevolucionárias, a peça – que teve ensaios supervisionados pelo lendário
encenador Konstantin Stanislávski – estreou em outubro de 1926 no Teatro de
Arte de Moscou, com grande sucesso. Até 1941, o espetáculo foi apresentado 987
vezes. Stálin, entusiasmado, teria estado presente a dezesseis récitas, algumas
vezes incógnito.
>>> Brasil: As
alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta, o livro preferido de
Chimamanda Adichie
Nnu Ego,
filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital
da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma "mulher completa", submete-se a condições de vida precárias e enfrenta
praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura
e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela
luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.
"Eu amo esse livro por sua vivaz inteligência e por um certo tipo de
compreensão honesta, viva e íntima da classe trabalhadora na Nigéria
colonial", diz Chimamanda. A edição sai pela Dublinense.
Quarta-feira,
26/09
>>> Brasil: Nova edição
de O homem rouco, de Rubem Braga
Este é
talvez um dos livros que melhor sintetizam o modo incomparável de Rubem Braga
ver, perceber e narrar o mundo ao seu redor. Em algumas das crônicas presentes
neste livro, saltam aos olhos as reflexões do cronista sobre seu ofício.
Repontam aqui e ali os desafios diários daqueles que se dedicam a preencher as
páginas com palavras, num mundo em que parece tanto faltar capacidade para
dialogar. Dentre as crônicas deste livro, destacam-se aquelas em que se
pode apreciar a visão terna do cronista sobre os animais, como "Biribuva", "Histórias de Zig" e "Do temperamento dos canários". Também são pontos altos do
livro as crônicas mais intimistas do autor, nas quais ele tece reflexões
existenciais de seu modo peculiar a partir de um fato do cotidiano, como é o caso
dos textos "Lembrança de um braço direito" e "A visita do casal". Com seu
espírito livre e independente, Rubem naturalmente capta vestígios de vida onde
ela se mostra à primeira vista rara, incendeia com seu humor sarcástico cenas e
situações que parecem apenas tristes aos mais desatentos, revela com seu jeito
surpreendentemente simples a complexidade da existência humana. A reedição faz
parte do novo projeto de renovação da obra de Braga pela Global
Editora.
>>> Itália: Quase quatro
séculos depois que Galileu Galilei foi condenado pela Inquisição como herege
aparecem novos detalhes sobre o caso. Salvatore Ricciardo, um estudante da
Universidade de
Bergamo, encontrou num arquivo da Royal Society uma carta de
Galilei a um amigo
A divulgação
foi realizada pela revista Nature. Há várias cópias da carta e existem duas
versões diferentes – a que foi enviada a Inquisição em Roma e outra com uma
linguagem mais matizada. Como a original se perdeu, não se sabia se era os
acusadores que haviam manipulado a carta para fortalecer os argumentos em favor
de uma condenação por heresia, como se queixava o astrônomo ante seus amigos,
ou se Galileu escreveu a versão mais forte e depois decidiu suavizá-la, como
agora se demonstra. A carta encontrada tem sete páginas, data de 21 de setembro
de 1613 e está assinada por G. G. Foi enviada a Benedetto Castelli e nela
assegura que como na Bíblia há poucas referências à astronomia, estas não devem
ser tomadas ao pé da letra porque, além de tudo, estão simplificadas para
entendimento geral do público. Mais importante que isso: Galileu assegura que a
teoria heliocêntrica formulada por Copérnico 70 anos antes não era incompatível
com a Bíblia. A resposta de Castelli já era conhecida: é a carta com a qual se
iniciou a perseguição ao astrônomo em 1613 e está guardada nos arquivos do
Vaticano depois enviada pelo clérigo Niccòlo Lorini em 1615 à Inquisição e que
será fatal para o destino de Galileu. O astrônomo chegou a redigir uma versão
mais suavizada que entregou ao amigo Piero Dini, clérigo em Roma, e pediu que
fosse enviada ao Vaticano assegurando que a outra havia sido manipulada. A
carta que ficou 250 anos na Royal Society teve sua validade certificada por
Allan Champan, historiador da Universidade de Oxford e presidente da Sociedade
de Astronomia.
>>> Brasil: Sozinhos
em Berlim, de Hans Fallada deve sair em outubro
Este é, sem
dúvidas, o mais importante livro escrito sobre a resistência alemã ao nazismo.
A Berlim de 1940 vive sob o jugo de Hitler, cujas tropas avançam vitoriosamente
em várias frentes europeias. Otto e Anna Quangel recebem uma carta que lhes
anuncia a morte do filho na guerra. Perante isto, decidem não permanecer de
braços cruzados. Otto inicia com a ajuda da mulher uma arriscada denúncia do
regime. Em resposta, o inspetor da Gestapo, Escherich, desencadeia uma
perseguição impiedosa. O resultado é um thriller sobre a resistência no centro
do poder nazi. Escrito em 1946, o livro obteve um enorme êxito junto da crítica
e dos leitores e foi adaptado ao cinema por Vincent Pérez. O livro sairá
pela Editora
Estação Liberdade.
>>> Basil: A antologia
Poemas, de T. S. Eliot, sai em novembro
Desde 2017
divulgamos aqui que a Companhia
das Letras prepara uma antologia com poemas T. S. Eliot. Neste 26 de
setembro de 2018, nos 130 anos, a casa editorial adiante novos detalhes sobre o
livro: Poemas que reúne textos com tradução de Caetano Galindo
estará disponível a partir de novembro. A edição sai em capa dura, forrada em
tecido.
>>> Brasil: A
editora SESI-SP divulga os três primeiros volumes da reedição da famosa coleção
Mulheres Modernistas editada pela extinta Cosac Naify
1. Sete narrativas góticas, de Karen Blixen
O tempo se encarregou de mostrar que os escritos de Blixen eram algo único e,
sobretudo, incatalogável. Destas histórias góticas inseria-se a cruciante
consciência dos descaminhos de nossa cultura hegemônica, com algumas
agudíssimas premonições do insolúvel problema ecológico que se aloja em suas
entranhas pensantes. Do que tratam as histórias? Tratam de acontecimentos –
cheios de peripécias – que, a par da fabulação mirabolante, deixam entrever na
trama uma tessitura alegórica de significados e alusões que, em última
instância, se reportam diretamente à vivência da autora. O título da coletânea
no original inglês – Seven Gothic Tales – parece sugerir, por trás
daquilo que é pertinente aos godos, antigos povos germânicos, um pouco como o
estilo arquitetônico, algo que é retorcido, agoniado, opaco e decadente, como
uma civilização que se perdeu na preciosidade de volutas, frisos e vitrais, em
detrimento da vida.
2. A
fazenda africana, de Karen Blixen
O grande continente africano despertou na sofisticada aristocrata dinamarquesa
a sibila da natureza, capaz de esquecer o dia da semana e a hora do dia, mas
que redescobriu o sentimento que a punha em contato com coisas como a direção
dos ventos, as fases da lua ou a captação dos humores do mundo. Nunca poderá
ser por demais enfatizado o papel que a fazenda africana representou na alma
desta nobre europeia, cultivada e dolorosamente presa nas malhas da tradição familiar,
para a libertação não só de suas criadoras como de sua libertação "tout
court".
3. Anedotas do destino, de Karen Blixen
Karen Blixen conduz seus personagens quase como se fosse a hábil condutora de
marionetes que, de repente, adquirem vida própria e lhe fogem do controle, um
pouco, talvez, como Deus e suas criaturas. Mas fica nelas uma bússola. Se a
legenda viva de nobre europeia, que viveu na África dezessete anos, numa
fazenda de café do Quênia, e que de certo modo se tornou black under the skin,
lhe dá, por um lado, uma notoriedade fácil, por outro, erode-lhe as
virtualidades propriamente literárias. Sucintamente, pode-se dizer que chegou à
literatura pela porta dos fundos, quando abandonou a África e retornou à Europa
contra sua vontade, por motivo de falência econômica. Foi esse evento o
acontecimento central de sua vida e uma espécie de divisor de águas, que a fez
ingressar na literatura. Outro tivesse sido o resultado econômico de sua
aventura agrícola e talvez se tivesse perdido uma das maiores escritoras do
século XX.
>>> Brasil: O
assassinato do comendador chega às livrarias em novembro e é o primeiro
volume de uma duologia de Haruki Murakami⠀
Em meio de uma crise conjugal, que o marido nem sabia que estava acontecendo,
um casal se separa. O marido abandona Tóquio e passa a viver em seu carro,
viajando pelo Japão. Pintor de retratos reconhecido no meio, ele acaba por
conseguir uma casa nas montanhas que pertenceu ao famoso Tomohiko Amada e lá
ele pode se dedicar a própria pintura.⠀Nessa morada de paredes vazias,
ele começa a ouvir ruídos estranhos e descobre um quadro inédito intitulado O
assassinato do comendador. Ao tirá-lo de seu esconderijo, ele entra em um mundo
estranho em que a ópera Don Giovanni de Mozart, a encomenda de um retrato, uma
adolescente tímida e, claro, um comendador passarão a fazer parte de sua vida. O assassinato do comendador, primeiro romance longo de Murakami após 1Q84,
é ao mesmo tempo uma aventura emocionante pelo mundo da pintura e uma busca por
aquilo que nos torna únicos.
Quinta-feira, 27/09
>>> Brasil: As cartas de James Joyce para sua editora inglesa
Quinta-feira, 27/09
>>> Brasil: As cartas de James Joyce para sua editora inglesa
Enquanto
escrevia a sua obra da maturidade, considerada pela crítica como uma das mais
inovadoras da literatura mundial, o escritor irlandês James Joyce
correspondeu-se assiduamente com a editora inglesa Harriet Shaw Weaver,
responsável pela publicação de Um retrato do artista quando jovem na Inglaterra. Nas cartas que enviou a ela o escritor descreve minuciosamente o
seu trabalho criativo, destacando a estrutura narrativa e a linguagem de
Ulisses e Finnegans Wake, ao mesmo tempo que faz
confissões e revela as suas agruras econômicas e familiares, como o estado de
saúde preocupante de seus filhos e, mais particularmente, de sua filha Lucia.
Weaver queria inicialmente ajudar na publicação e na divulgação dos livros
desse escritor que tanto admirava, mas aos poucos foi também auxiliando-o a pôr
a sua vida financeira e familiar em ordem ao oferecer-lhe anonimamente altas
somas e ao dar-lhe apoio moral e psicológico. Weaver chegou a hospedar em casa
Lucia Joyce, que sofria de esquizofrenia e cujo comportamento era imprevisível
(Lucia a via ora como amiga, ora como um carcereiro), e, como aconteceu em
outras ocasiões, fez esse favor ao grande romancista sem nenhuma exigência,
pois não esperava dele recompensas: desejava apenas que ele finalizasse a sua
obra. Por tudo isso podemos considerar Weaver uma figura fundamental na vida do
escritor. A edição amplia o catálogo de cartas de Joyce editadas pela
Iluminuras. As traduções são de Dirce Waltrick do Amarante e Sergio Medeiros.
>>> Brasil: Nina
ou da fragilidade das gaivotas empalhadas é o novo título editado
pela É
Realizações Editora da obra de Matéi Visniec
Desde a
publicação do primeiro livro e com este Nina são 22 títulos de
Matéi Visniec editados por esta casa. Visniec é romeno naturalizado francês,
desde se refugiou na França em fuga da ditadura de Ceausescu. Considerado por
muitos "o novo Ionesco", por dar continuidade ao gênero do teatro do
absurdo, suas peças têm sido traduzidas e montadas em mais de vinte países.
Nina é a revisita de Visniec a uma das obras mais conhecidas de
Anton Tchékhov, A gaivota – a um só tempo extraindo de suas
personagens orientação para os problemas da nossa época e confrontando aquelas
figuras com os acontecimentos que elas não conheceram. Nesta releitura, a
última tentativa de suicídio de Tréplev fracassou. Quinze anos se passaram e
ele vive sozinho, na casa que fora de sua mãe. É então surpreendido pelo
retorno de Nina, que se esconde do mesmo Trigórin com quem um dia fugira. Mas
este terceiro espectro também comparece ao ambiente recriado por Visniec. É a
inteira atmosfera tchekhoviana que vemos ser submetida ao abalo de 1917, ano em
que eclode a Revolução Russa. A gaivota – empalhada – está preservada na parede
da sala, mas nada garante que, no universo de Visniec, ela não possa morrer
mais uma vez...
Sexta-feira,
28/09
>>> Brasil: Reedição
de O cavalo perdido e outras histórias, de Felisberto Hernández
Com este Cavalo perdido, o leitor tem a oportunidade de ler em nossa língua
a prosa de um uruguaio que inventou um mundo raro na literatura do século XX.
Contemporâneo de Borges e Onetti, Felisberto Hernández escreveu memórias de
sonhos. Transpôs a experiência da infância e de suas andanças como pianista e
caixeiro-viajante num registro singular: erotismo e humor nele se misturam à
coleção de esquisitices do cotidiano para compor a atmosfera ficcional e
poética de um devaneio recorrente. Um pianista se desdobra em outros e no mesmo
narrador dessas sete histórias e uma “Explicação falsa”, abrindo nossos olhos
para a estranheza e o desconcerto. Em seu percurso errante, desvela o segredo
de relações insólitas: uma jovem apaixonada por um balcão; um lanterninha de
cinema com luz própria; um vendedor de meias de mulher que aumenta as vendas
derramando lágrimas de crocodilo… No entanto, estamos em casa. Poucas vezes o
relato fantástico ou estranho desceu tão fundo em nossa alma e na história de
nosso tempo, tal como se revelam num canto ímpar do mundo que, de algum modo, é
também o nosso. Publicado pela extinta Cosac Naify e há muito fora de catálogo,
o livro ganha reedição pela SESI-SP Edições.
>>> Brasil: Organizado a
partir das indicações do autor, este livro inacabado é uma declaração amor de
Vinicius de Moraes ao Rio de Janeiro.
Logo depois
da publicação da célebre Antologia poética em 1954, o Roteiro
lírico… seria anunciado em praticamente todos os lançamentos de Vinicius
de Moraes. Era um título "no prelo", ao qual o poeta se dedicou com afinco por
muitas décadas. Apesar de tão aguardado, o volume inacabado só ganharia forma
de livro postumamente, com organização de José Castello, em 1992. A presente
edição, com seleção e apresentação do poeta e pesquisador Daniel Gil, traz um
Vinicius de Moraes bem-humorado, curioso, encantado pela geografia da cidade e
por seus elementos de cultura popular, como as tradicionais cantigas e as
modinhas. Nesta verdadeira ode ao Rio de Janeiro e às suas transformações,
Vinicius recorda: "Havia a gruta de pedras no fundo do córrego, cheia de
morcegos que eram os reis do tirar fino. Namorava-se no bananeiral. Quando eu
voltava para casa à noite, minha rua me parecia mais misteriosa".
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