Boletim Letras 360º #288
Na sexta-feira, 14 set.'18, publicamos o resultado da promoção que sorteou O Dom da amizade, de Colin Duriez (HarperCollins Brasil). Isso em nossa página no Facebook, de onde copiamos as notícias apresentadas a seguir.
António Lobo Antunes é o novo nome na prestigiosa coleção francesa Pleaide. |
Segunda-feira,
10/09
Brasil: Premiado e
quisto por figuras como Margaret Atwood, chega às livrarias Fique
comigo, da nigeriana Ayọ̀bámi Adébáyọ̀
Yejide e
Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem
esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o
marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento — e de se
consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás
estranhos e buscar outras curas improváveis —, Yejide não consegue
engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido
aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apresentam como a segunda
esposa de Akin. Furiosa, chocada e lívida de ciúmes, Yejide sabe que o único
modo de salvar seu casamento é engravidar. O que, enfim, ela consegue — mas a
um custo muito maior do que poderia ter imaginado. Um romance eletrizante e de
enorme poder emocional, Fique comigo não apenas debate as questões
familiares da sociedade nigeriana, como também demostra com realismo as mazelas
e as dificuldades políticas enfrentadas pela população desse país nos anos
1980. No entanto, acima de tudo, o livro faz a pergunta: o quanto estamos
dispostos a sacrificar em nome da nossa família? A tradução de Marina Vargas
sai pela Harpercollins
Brasil.
>>> Brasil: Uma terceira
edição para um clássico da literatura negra no Brasil
Nascida em
1825 no Maranhão, filha de uma mãe branca e um pai negro, Maria Firmina dos
Reis escreveu o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira e um
dos primeiros escritos por uma mulher. Publicado em 1860, Úrsula se
consagrou como um dos principais romances brasileiros do XIX. Com
estabelecimento de texto, cronologia e introdução de Flávio Gomes e Maria
Helena Pereira Toledo Machado, a edição que sai agora é pelo selo Penguin /
Companhia. Outras duas edições da obra estão em circulação nas livrarias, cf.
anunciamos aqui - uma editora Editora
Zouk e outra das Edições Taverna.
Terça-feira,
11/09
>>> Brasil: O
papel mata-moscas e outros textos, de Robert Musil
A obra reúne
narrativas de extensões variadas, mas predominantemente curtas, do autor de
dois romances célebres que marcaram o início e o fim de sua carreira literária, O jovem Törless e o monumental Um homem sem qualidades.
Escritor filosófico por excelência, Musil imprimiu em toda sua obra uma
inquietação diante do papel do indivíduo e da massa em um mundo em
conflagração. A seleção de textos forma um prisma multifacetado do pensamento
de Musil. O escritor Marcelo Backes, que organizou, traduziu e é autor do
posfácio de O papel mata-moscas e outros textos, considera o volume
uma realização parcial da ideia de uma coletânea planejada por Musil pouco
antes de morrer. Compõem o livro quatro contos, três ensaios (um deles sendo
uma discussão ficcional sobre a própria obra do escritor), quatro textos que
podem ser considerados aforismos longos e uma coletânea de aforismos curtos. A aparência
de miscelânea não esconde a recorrência metódica dos temas favoritos de Musil.
O escritor – que lutou na Primeira Guerra Mundial e morreu pobre na Suíça, onde
se refugiou do nazismo depois da anexação da Áustria pela Alemanha – parece ter
acompanhado minuciosamente, em sua literatura esparsa, o progressivo desastre
civilizatório no coração da Europa. A edição da Carambaia tem projeto gráfico
de Daniel Trench e traz como ilustração de capa e de páginas interiores algumas
moscas – e suas sombras – criadas pela artista Regina Silveira (Porto Alegre,
RS, 1939).
>>> Brasil: Nova edição
de O eleito, de Thomas Mann
Neste
romance de 1951, Thomas Mann reconta a fabulosa epopeia medieval do Papa
Gregório, homem que vive a dualidade de ser fruto de um pecado e querer servir
a Deus com toda sua alma. Thomas Mann redescobriu a lenda do Papa Gregório,
esse "Édipo cristão", produto de um incesto, que tinha a "força do
arrependimento para perdoar todos os pecados", quando procurava um tema para o
seu herói Adrian Leverkühn, protagonista de Doutor Fausto. Tempos depois,
o escritor tomou consciência do fascínio da história em si e escreveu O
eleito.Narrado por um monge irlandês, o romance acompanha a vida de Gregor,
lançado ao mar num cesto, ainda bebê, por ser o fruto pecaminoso de um casal de
irmãos nobres. Ele sobrevive milagrosamente e é criado numa ilha por pescadores
e um monge. Já adulto, o destino fará com que ele reencontre a mãe, agora
rainha, e repita o pecado do incesto, pois ambos ignoravam seus laços de
sangue. Banido de novo, ele buscará o caminho da evolução moral e espiritual,
para então encontrar a redenção divina. A tradução de Claudia Dornbusch faz parte do projeto de reedição da obra de Mann pela Companhia
das Letras.
>>> Brasil: Ritmo
louco, novo livro de Zadie Smith
Duas amigas
de infância apaixonadas por dança seguem caminhos diferentes neste novo e
exuberante romance da premiada autora de Sobre a beleza. Best-seller do New
York Times. Duas garotas de ascendência negra sonham em ser dançarinas — mas
apenas uma delas, Tracey, tem talento. A outra, a narradora, tem ideias: sobre
ritmo e identidade, sobre música e raça, sobre o que torna uma pessoa
verdadeiramente livre. É uma amizade próxima, mas complicada, que termina
abruptamente por volta dos vinte e poucos anos, para nunca mais ser revisitada,
mas também nunca esquecida. Ritmo louco começa com a narradora
voltando a Londres após ser demitida de seu emprego como assistente pessoal de
uma cantora pop mundialmente famosa. Ao perambular pela cidade, a história do
passado vai sendo revelada — e Tracey tem papel fundamental nela. Alternando
entre estes dois tempos, o do presente e os anos 1980 e 1990, Zadie Smith cria
um brilhante romance de formação que coloca em movimento reflexões profundas e
atuais sobre cor, raça, gênero e, sobretudo, pertencimento. A tradução de
Daniel Galera sai pela Companhia
das Letras.
Quarta-feira,
12/09
>>> Brasil: Um portal
para a crônica brasileira
O site foi
inaugurado com o desejo de revigorar páginas que chegavam aos leitores em
periódicos diversos, especialmente nas décadas de 1950 e 1960, quando a crônica
teve a sua fase mais prodigiosa. O material digitalizado provém de espólios
diversos com o que reúne mais de dez mil crônicas em recortes de jornais no
acervo de Literatura do Instituto Moreira Salles, de autores como Paulo Mendes
Campos, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz e Otto Lara Rezende; a este acervo
juntam-se outros como o da Fundação Casa de Rui Barbosa que tem sob sua tutela
materiais de nomes como Rubem Braga, quem sozinho deixou mais de 15 mil textos
do gênero. Para acessar agora e sempre basta ir a este link.
>>> França: António Lobo
Antunes é o próximo escritor a integrar a prestigiada coleção Biblioteca
Pleiade
"É o
maior reconhecimento que se pode ter enquanto escritor, muito maior do que o
Nobel", afirmou o autor de "Os cus de Judas". Considerada a
coleção de referência da literatura mundial, a Bibliothèque de la Pléiade foi
criada em 1931 com o objetivo de publicar as obras completas de autores
clássicos franceses em edições primorosas. Baudelaire inaugurou a lista e André
Gide, em 1939, seria o primeiro escritor vivo a integrar o grupo restrito. Da
Pleaide fazem parte autores de origens e escolas tão distintas como Samuel
Beckett, Tolstói, Milan Kundera, Marcel Proust, Cesare Pavese ou Charles
Dickens. Em 2016, a Pleiade anunciava a publicação da obra do Nobel da Literatura
Mario Vargas Llosa, ainda em vida do autor peruano; um ano depois, decidiu
publicar a do estadunidense Philip Roth. Agora, em 2018, será a vez de Lobo
Antunes. A notícia chega a menos de um mês de estar nas livrarias portuguesas o
próximo romance do escritor, A última porta antes da noite (Dom Quixote), e dois dias depois de terminar mais um livro. Antes de António Lobo
Antunes,o único português a figurar na prestigiosa lista, era Fernando Pessoa.
>>> Brasil: O Canal
Curta estreia o projeto República da Poesia
São seis
episódios começaram a ir ao ar a partir da quinta-feira, 13 set '18. E cada um irá
apresentar o perfil de um poeta brasileiro. Cada escritor é situado no seu
tempo e espaço, a fim de estabelecer conexões com sua vida e obra. No primeiro
episódio, que vai ao ar às 20h, o perfilado será Murilo Mendes. A
partir da cronologia do poeta mineiro, o telespectador poderá mergulhar nas
pistas que desvendam e revelam um dos mais instigantes poetas da língua
portuguesa. Depois de Murilo Mendes, será a vez dos poetas Ferreira Gullar,
Solano Trindade, Antonio Cícero, Pagu e Ana Cristina César serem lembrados.
Cada episódio de República da Poesia tem um diretor diferente, que busca
refletir na narrativa e estética do programa o estilo literário dos personagens
retratados.
Quinta-feira,13/09
>>> Brasil: Guilherme
Mazzafera, colunista do Letras in.verso e re.verso, ministra curso
"Literatura, imaginação, subversão —um percurso possível"
O curso se
propõe a pensar o conceito de imaginação como impulso ético atravessado por um
veio subversivo à luz de textos de diversas procedências: os quadrinhos de Nick
Sousanis; a prática literária de J. R. R. Tolkien; a porosidade do histórico em
José Saramago; e o empenho narrativo de Nate DiMeo no podcast "The Memory
Palace". O curso acontece em quatro encontros às terças-feiras, das 19h às
21h, de outubro; exceto dia 23. Outras informações pelo WhatsApp (11) 985860002
ou pelo e-mail pantuphaproducoes@gmail.com
>>> Brasil: Novo livro
de Domenico Starnone no Brasil
Assombrações é um elegante drama sobre ambição, família e velhice que vai além do comum e do
previsível. Imagine um duelo entre dois homens. Um deles, Daniele Mallarico, é
um ilustrador de sucesso que, no crepúsculo da vida, sente que sua reputação e
sua habilidade artística estão desaparecendo. O outro, Mario, é seu neto de
quatro anos. Daniele vive em uma cidade fria do norte há anos, na solidão
virtual, concentrando-se obsessivamente em seu trabalho, quando sua filha
pergunta se ele viria a Nápoles por alguns dias para tomar conta de Mario
enquanto ela e seu marido participam de uma conferência. Encerrado em sua casa
de infância – um apartamento no centro de Nápoles que é preenchido com os
fantasmas do passado de Mallarico –, avô e neto tentam se integrar enquanto
Daniele se dirige para um acordo com suas próprias ambições e escolhas de vida.
Um livro emocionante. A tradução de Mauricio Santana Dias sai pela Todavia.
Sexta-feira,
14/09
>>> Brasil: Reedição de
Dentro da noite veloz, Ferreira Gullar
Lançado em
1975, este volume de poemas de Ferreira Gullar é marcado pela intensa carga
política. Ao aliar excepcional qualidade literária e aguda preocupação com as
questões sociais, "Dentro da noite veloz" é um livro altamente
engajado. Em poemas célebres como "Não há vagas" e "Homem
comum", Ferreira Gullar, em tom questionador e inquieto, denuncia a
realidade cruel e desigual do país. No prefácio a esta edição, Armando Freitas
Filho aponta: "É isso que este livro imenso nos mostra: a vida, a
aventura, o perigo do universo que nos convida para a peripécia existencial de
cada um de nós. Ninguém melhor que Ferreira Gullar para nos fazer viver e
morrer, com sua experiência humana e destemida que passa dentro dessa noite
feroz e veloz, sempre a postos para uma nova e ― se necessário for ― combativa
manhã".
>>> Brasil: Nova edição
de Plataforma, de Michel Houellebecq
Combinando
erotismo, provocação e uma visão de mundo que beira o fanatismo, o escritor
francês constrói um dos romances mais polêmicos e inteligentes dos últimos
anos. Michel Renault tem quarenta e poucos anos e passa seus dias tentando
evitar ao máximo qualquer contato humano. Contudo, após a morte de seu pai, ele
decide fazer uma viagem para a Tailândia; lá, ele conhece a jovem agente de
viagens Valérie, que começa a injetar nova vida em seu dia a dia.Publicado um
pouco antes dos atentados de 11 de setembro, a obra é um coquetel incendiário
que ataca a globalização, o islamismo, o livre comércio, o sexo, o trabalho, as
férias, o turismo, o consumo, o dinheiro e o neoliberalismo. Como um Balzac
pós-moderno, Houellebecq constrói um modelo de crítica social capaz de abarcar
o mundo globalizado. Correndo entre Paris e Pattaya Beach, entre clubes de
prostituição e um massacre terrorista, Plataforma é uma obra-prima brilhante e
apocalíptica. A tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht sai agora pela Editora
Alfaguara.
>>> Brasil: A
vegetariana, romance perturbador e único, apontado como um dos livros
mais importantes da ficção contemporânea – e uma introdução à fecunda
literatura produzida na Coreia do Sul ganha nova tradução e edição no Brasil
"… Eu tive
um sonho", diz Yeonghye, e desse sonho de sangue e escuros bosques nasce uma
recusa vista como radical: deixar de comer, cozinhar e servir carne. É o
primeiro estágio de um desapego em três atos, um caminho muito particular de
transcendência destrutiva que parece infectar todos aqueles que estão próximos
da protagonista. A vegetariana conta a história dessa mulher comum
que, pela simples decisão de não comer mais carne, transforma uma vida
aparentemente sem maiores atrativos em um pesadelo perturbador e transgressivo.
Narrado a três vozes, o romance apresenta o distanciamento progressivo da
condição humana de uma mulher que decidiu deixar de ser aquilo que marido e
família a pressionaram a ser a vida inteira. Este romance de Han Kang tem sido
apontado como um dos livros mais importantes da ficção contemporânea. Uma
história sobre rebelião, tabu, violência e erotismo escrita com a clareza
atordoante das melhores e mais aterradoras fábulas. Esta tradução de Jae Hyung
Woo, diretamente do coreano, restitui o estranhamento da obra original. Sai
pela Todavia.
>>> Brasil: Mulheres
afiadas
E geniais, como Sontag, Didion e Arendt,
transformaram o panorama de seu tempo e fizeram de suas opiniões um novo
capítulo das letras, influenciando autores e autoras e moldando nosso cenário
cultural até os dias de hoje. As mulheres brilhantes que são o foco de
Afiadas vieram de diferentes origens e tinham opiniões políticas e
artísticas divergentes. Mas todas elas fizeram uma contribuição significativa
para a história cultural e intelectual dos Estados Unidos e, em última análise,
moldaram o rumo do século XX, apesar dos homens que frequentemente as
subestimavam ou rejeitavam seu trabalho. Essas mulheres – Dorothy Parker,
Rebecca West, Hannah Arendt, Mary McCarthy, Susan Sontag, Pauline Kael, Joan
Didion, Nora Ephron, Renata Adler e Janet Malcolm – estão unidas pela precisão
de pensamento e sagacidade. Afiadas é uma representação vibrante do mundo
intelectual da Nova York do século XX, onde as festas repletas de fofocas
repercutiam nas páginas da Partisan Review ou da New York
Review of Books. Misturando biografa, crítica literária e história
cultural, Afiadas é uma celebração dessas mulheres extraordinárias,
além de uma introdução atraente para suas obras. Organizada por Michelle Dean, a
obra sai pela Todavia com
tradução de Bernardo Ajzenberg.
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