Boletim Letras 360º #286
Desde a terça-feira, 28 ago '18, até o dia 10 set estão abertas inscrições para a nova promoção do blog Letras in.verso e re.verso realizada em parceria com a HarperCollins Brasil. Neste dia, publicamos uma resenha do nosso colunista Guilherme Mazzafera sobre O dom da amizade, livro que reconta a amizade entre dois grandes mestres da literatura de fantasia, J. R. R. Tolkien, de quem saiu por esses dias o inédito A queda de Gondolin, e C. S Lewis. Este é, portanto um livro imperdível e os leitores do Letras têm a oportunidade de novamente tentar a sorte e ganhá-lo. Então, quer participar? Vá aqui.
A contínua renovação da obra de Agatha Christie no Brasil. HarperCollins disponibiliza duas caixas com os principais romances que têm seus dois principais detetives como personagem. Foto: Agatha Christie em sua casa de Wallingford, Inglaterra, 1956 |
Segunda-feira,
27/08
>>> Brasil: Machado de Assis vivíssimo. É publicada edição de
luxo para Memórias póstumas de Brás Cubas
"Uma
sondagem da alma, uma subjetividade expandida e maluca, como se a mente volúvel
e delirante não pudesse sair de um redemoinho", assim se refere o escritor
Milton Hatoum a Memórias póstumas no posfácio escrito
especialmente para a nova edição preparada pela Editora
Carambaia. O livro agora publicado tem como base a quarta publicação do
texto, revista pelo autor, e projeto gráfico de Tereza Bettinardi, inspirado na
arquitetura de túmulos e cemitérios, uma vez que Brás Cubas se define não como
um autor defunto, mas "um defunto autor". As inscrições e ornamentos
tumulares da época da publicação do romance serviram de diretriz estética para
o projeto e para as gravuras de Heloisa Etelvina, feitas em linóleo e impressas
manualmente. Memórias... sai em duas edições: ambas são ilustradas,
têm capa dura e vêm envoltas em uma cinta. A edição especial esgotada nos dois
primeiros dias de pré-venda sai com tiragem de 100 exemplares, capa
revestida em tecido e acabamento em serigrafia, e é acompanhada de quatro
gravuras impressas em tipografia manual. Três delas são obras exclusivas de
Heloisa Etelvina e a quarta reproduz a célebre dedicatória do romance
machadiano: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver
dedico como saudosa lembrança estas Memórias póstumas".
>>> Brasil: Um dos mais
brilhantes romances de Aldous Huxley, O gênio e a deusa questiona –
e nos faz questionar – a sinceridade de nossas crenças e valores
"O
problema da ficção (…) é que ela faz muito sentido. A realidade nunca faz
sentido." Com essas palavras, o personagem e narrador John Rivers inicia
um dos últimos romances de Aldous Huxley. Há trinta anos, êxtase e tormento
tomaram esse jovem e inexperiente cientista − filho único, educado pela mãe
viúva dentro de rígidos princípios morais e religiosos −, arrancando-o da
"imbecilidade da candura para algo que lembrava melhor a forma
humana". Na época, ele era pupilo de Henri Maartens, o gênio: físico
ilustre, prêmio Nobel, dotado ao mesmo tempo de uma personalidade infantil e de
um temperamento explosivo que o tornam completamente dependente de sua esposa,
Katy. Esta, que para o brilhante físico era também mãe e amante, para o jovem
cientista era uma deusa, a quem amava de modo metafísico, quase teológico.
Agora, na noite de Natal, enquanto seu neto dorme no andar de cima, John Rivers
corrige a "ficção oficial" sobre a vida de Henri Maartens, ao contar
sua versão da época em que viveu na casa de seu mentor e conviveu com sua
família. A tradução de João Guilherme Linke integra a coleção das obras de
Huxley editadas pela Biblioteca
Azul / Globo
Livros.
Terça-feira,
28/08
>>> Brasil: Agatha
Christie na HarperCollins.
1. Caixa reúne romances com a personagem Hercule Poirot
Nascido na
Bélgica, é um dos detetives mais famosos do mundo. Conhecido pela sua
perspicácia, suas "células cinzentas" e suas obsessões particulares — além do
basto bigode —, a resolução dos casos revelados no Assassinato do
Expresso do Oriente e Morte no Nilo lhe valeram fama. Morreu
em 1975, após os eventos relatados em Cai o pano; alguns desses
textos estão reunidos numa caixa que também trazem Treze à mesa, Os crimes ABC.
2. Caixa reúne romances com a personagem Miss Marple
Nascida Jane
Marple, natural da Inglaterra e moradora do vilarejo St. Mary Mead, Miss Marple
é uma detetive amadora, que conhece a natureza humana profundamente e consegue ver
com clareza as verdades nas fofocas que correm o interior do seu país. Reclusa,
pouco se sabe sobre a sua vida, além do fato de que ela nunca se casou e que
seu sobrinho, Raymond West, é um renomado autor. Com a personagem, a
HarperCollins reúne numa caixa Assassinato na casa do pastor, Um corpo na biblioteca, Convite para um homicídio, Cem gramas de centeio e A maldição do espelho.
>>> Brasil: Edição reúne
uma variedade de contos Flannery O'Connor
Um
homem bom é difícil de encontrar e outras histórias, lançado em 1955, é a
mais famosa de todas as obras de Flannery O’Connor e aquela que a consagrou
como uma das maiores escritoras do século XX. Enraizados na tradição gótica do
sul dos Estados Unidos, os dez contos aqui reunidos revelam uma visão de mundo
um tanto peculiar, em que o grotesco, o simbolismo religioso, o humor, a
violência, a presença da graça divina e situações excepcionalmente tragicômicas
se mesclam para revelar as complexidades do comportamento humano e, acima de
tudo, a busca dos homens pela redenção. O livro sai na série "Clássicos de
Ouro", da Editora
Nova Fronteira.
Quarta-feira,
29/08
>>> Brasil: Edição reúne os discursos
de Kurt Vonnegut
Nas últimas
duas décadas, os discursos de formatura proferidos por escritores famosos como
David Foster Wallace, George Sanders, Neil Gaiman e outros tornaram-se quase um
gênero literário. Os quinze discursos reunidos neste volume, pronunciados por
Kurt Vonnegut entre 1978 e 2004, e repletos de aforismas, lembranças, anedotas
e reflexões, contêm o mesmo espírito irreverente e a mesma verve satírica que
tornaram famosas suas obras de ficção. Esses textos são uma verdadeira
celebração da liberdade e da criatividade do ser humano, divertindo e pegando o
leitor no contrapé. Além disso, ainda são tão atuais e relevantes que poderiam
servir como uma espécie de vade-mécum para enfrentar os desafios do mundo
moderno. A tradução de Petê Rissatti é da Radio Londres.
>>> Brasil: O
tempo, esse grande escultor, de Marguerite Yorcenar ganha reedição
As crônicas
que formam este livro combinam a paixão pela arte e a reflexão moral com o
gosto do passado, que se volta aqui principalmente para a ação do tempo. A
grande romancista aborda ainda temas como a vida e a beleza (num diálogo posto
na boca de Michelangelo), o tantrismo e o erotismo hindu. Muitas das páginas
deste livro são dedicadas a recordações da gênese de obras suas, como Memórias de Adriano e A obra em negro. A edição é a
Editora Nova Fronteira.
>>> Brasil: Brechó
uma história de amor, do estadunidense Michael Zadoorian sai no Brasil
Richard é um
verdadeiro caçador de tudo que é vintage, de segunda mão, "vivido". Enquanto o
restante do mundo anda obcecado por produtos tecnológicos e trendy, ele não se
cansa de andar pelas ruas à procura de vendas de espólio, mercados de pulgas e
vendas de garagem, onde procura objetos que as pessoas não querem mais, como
uma velha camisa de jogador de boliche da década de 1950, um velho estéreo
de oito pistas ou um conjunto brega de copos dos anos 1970. Como um verdadeiro
expert, Richard fareja bons negócios e compra os objetos para revendê-los na
Satori Junk, sua pequena loja. A morte da mãe, que deixa para trás uma casa
cheia de objetos que pertencem à sua infância e uma misteriosa pilha de fotos
antigas, além da turbulenta história de amor com Theresa, uma mulher fascinante
e instável, acabam sacudindo violentamente a vida relativamente tranquila do
nosso anti-herói, com consequências imprevisíveis... A tradução de Luis Reyes
Gil é publicada pela Rádio Londres.
Quinta-feira,
30/08
>>> Brasil: Nova edição
de Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas
O jovem
d’Artagnan tem um sonho: sair de sua cidade no interior e ingressar na guarda
de elite do Rei da França: os Mosqueteiros do Rei. Quando chega à capital, se
envolve sem querer em uma luta com três homens valentes e habilidosos, os
mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis. Quando tudo parecia perdido para o jovem
combatente, ele e os três adversários unem forças contra inimigos em comum. A
partir de então, os quatro se tornam amigos inseparáveis, com d’Artagnan enfim
integrando o corpo de mosqueteiros. Obra-prima do romance de capa e espada,
"Os três mosqueteiros" foi lançado em 1844 em folhetim e editado em
livro ainda no mesmo ano. Com uma trama cheia de pormenores, aventuras e muito
humor, este livro atravessou os séculos conquistando novos leitores e ganhou
inúmeras adaptações para TV, teatro e cinema. Esta edição do clássico de
Alexandre Dumas conta com a tradução do poeta Fernando Py e sai pela Editora
Nova Fronteira na coleção Biblioteca Áurea.
>>> Brasil: A vida em
espiral, um livro lendário, ganha reedição
Amuyaakar
Ndooy e seus quatro amigos são inseparáveis e passam a maior parte do tempo
fumando yamba (maconha), bebendo e filosofando sobre a vida. Após uma ampla
operação policial de combate a drogas, a yamba torna-se um produto escasso e a
turma resolve se iniciar na carreira de sipikats (traficantes de maconha), uma
decisão que acabará mudando para sempre a vida dos cinco amigos. A vida
em espiral é um verdadeiro on the road africano, descrevendo, sem falso
moralismo, a corrupção, a pobreza, as injustiças e a falta de horizonte dos
jovens senegaleses. No entanto, também é uma história regada de ironia e
dominada por um otimismo surpreendente. Esses elementos se entrelaçam através
de um mecanismo narrativo perfeito e de uma linguagem extraordinariamente
expressiva. A tradução de Marcos Maffei ganha reedição pela Rádio Londres.
>>> Brasil: Morreu
Wlademir Dias-Pino
Foi neste
dia 30 de agosto de 2018, no Rio de Janeiro. Poeta, desenhador gráfico,
vitrinista e artista plástico, Dias-Pino nasceu no Rio em 24 de abril de 1927.
Ainda criança foi para Cuiabá. Da longa estadia na cidade foi quando participou
na fundação de movimentos pioneiros da poesia experimental, como a Poesia
Concreta; ao longo das décadas de 1950 e 1960, esteve à frente de outras linhas
de criação artístico-literária como o Poema Processo e o Intensivismo. Ao
propor uma leitura do mundo a partir das imagens, sua prática desafia a relação
entre imagem e linguagem. O criador recebeu o título de doutor Honoris Causa,
pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em 2013. Dentre seus livros,
destacam-se SOLIDA (1956-1962) e Numéricos.
Sexta-feira, 31/08
>>>Brasil: Livro que
perscruta hábitos e recorrências da cultura japonesa ganha edição no Brasil
Irasshaimasê!
Observando as konbinis japonesas (abreviação do termo em inglês para loja de
conveniência) Sayaka Murata identificou o cenário perfeito para seu romance. As
onipresentes cadeias de minimercados são parte fundamental da vida urbana no
Japão: refeições prontas, revistas, artigos de higiene pessoal, peças de roupa,
serviços como entregas ou pagamentos de contas, tudo isso é oferecido, 24
horas por dia, 365 dias por ano. A protagonista e narradora de Querida
konbini é Keiko Furukura. Aos 36 anos, Keiko nunca se envolveu
romanticamente e, desde os 18, trabalha numa konbini – todos insistem que ela
arranje um trabalho sério ou, pior ainda, um marido. Keiko, no entanto, está
satisfeita consigo mesma. Deslocada desde a infância, é na loja, com regras
estritas para os funcionários e dinâmica precisa de funcionamento, que ela
consegue pela primeira vez se sentir uma peça no mecanismo do mundo. Para que
as pessoas normais finalmente parem de se meter em sua vida, ela inicia um
relacionamento de fachada com Shiraha, ex-colega de trabalho misógino e
sociopata. Apesar de o pretendente e a situação estarem bem longe de oferecer a
Keiko qualquer melhora em seu cotidiano, família e amigos respiram aliviados
pelo fato de ela se aproximar um pouco mais da normalidade. Pelo olhar único de
sua protagonista, Murata cria um retrato realista e absurdo da vida
contemporânea, satirizando nossas obsessões e abordando temas essenciais:
normalidade e estranheza, relações de trabalho e de gênero, e a forma como as
pessoas (em particular as mulheres) são pressionadas para atender às
expectativas alheias. Questões complexas como a repulsa ao sexo e os
hikikomori, pessoas que se isolam do convívio social, também estão presentes.
Ao escancarar os pequenos rituais, fingimentos e meandros da busca por um lugar
ao sol na sociedade, a autora nos coloca frente a frente com a pergunta: o que
é, afinal, ser normal? A tradução de Rita Kohl sai pela Editora Estação
Liberdade.
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