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Mostrando postagens de setembro, 2018

Boletim Letras 360º #290

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Estas são as notí cias que passaram durante a semana em nossa página do Facebook. Boas leituras! Uma antologia com poemas de T. S. Eliot a sair no Brasil em novembro. Mais detalhes ao longo deste Boletim Segunda-feira, 24/09 >>> Brasil: O hino de Machado de Assis para o Imperador do Brasil O pesquisador Felipe Rissato encontrou, em um jornal antigo de Florianópolis, Santa Catarina um hino escrito por Machado de Assis como “Hino Nacional”. A letra faz uma homenagem ao imperador Dom Pedro II. Na época em que escreveu os versos, o escritor tinha 28 anos e ainda não era tão conhecido. Era aniversário de 42 anos do monarca e em 2 de dezembro daquele ano o hino seria apresentado no teatro da cidade de Desterro, antigo nome da capital catarinense. Segundo a Folha de São Paulo, Rissato sabia desde 2016 da existência desse hino, porque o jornal O Mercantil , guardado no acervo da Biblioteca Nacional, anunciava na véspera um “esplêndido espetáculo”. O jornal não public

Truman Capote: a borboleta entre as flores

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Por Manuel Vicent Truman Capote. Foto: Slim Aarons “Tenho mais ou menos a altura de uma escopeta e sou da mesma maneira estrepitoso”, assim se descreveu Truman Capote e não acredito que exista uma definição mais certeira. Em todo caso, tratava-se de uma escopeta que só disparava cartuchos de sal no traseiro das celebridades nas festas loucas de Manhattan, onde a inteligência frívola e mordaz era um dom muito apreciado. “Sou alcoólatra. Sou drogado. Sou homossexual. Sou um gênio”. Vinha socialmente de muito baixo e talvez pensou que chegaria ao topo seduzindo gente famosa com o gênio vingativo que brotava com muita naturalidade de sua língua venenosa, mas houve um momento que descobriu o rosto da verdadeira maldade e esta borboleta deu por terminado seu bailado entre as flores. Nasceu em Nova Orleans em 1923 e a mãe, recém-divorciada e já um pouco metida no alcoolismo, cedeu o menino aos cuidados dos avós e depois de uns primos de Monroeville, no Alabama, até o marido de

Nenhum mistério, de Paulo Henriques Britto

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Por Pedro Fernandes Paulo Henriques Britto. Foto: Lucas Seixas. Apesar da celebrada entrada da humanidade em um novo tempo como quando aconteceu na viragem para este século, há, dentre muitas, uma coisa que é derivada de um impasse e que precisa de ser pensada sem o grau do entusiasmo, se algum ainda resta. Aliás, esta coisa é produzida no interior do paradoxo desse tempo, que sempre nos diz, por um lado, sobre uma melhor posição nossa ante nossos desafios e por outro reafirma-nos no mesmo escuro no qual tateamos desde nossa origem. Quer dizer parece não existir certezas que tragam consigo as dúvidas. Para agora, o individualismo e o positivismo tornados em linhas de determinação única pelo Ocidente atravessam sua pior fase, se por ela entendemos o reaparecimento das verdades unilaterais quando à consciência da humanidade, se se mantém sã, já há muito haveria de desprezar essa maneira de nos compreendermos. A verdade se é agora múltipla continua a ser potência inquestio

Quão livres devem ser os romancistas para imaginar vidas radicalmente diferentes?

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Por  Morgan Jones Meu novo romance [ The Good Sister , 2018] pode precisar de alguma justificação. Metade dele é narrada por Sofia, uma garota de 17 anos nascida no Cairo; eu sou um homem de 47 anos que nunca viveu fora do Reino Unido. Mais precisamente, a história começa com Sofia chegando à Síria para se juntar ao Estado Islâmico – uma vasta distância de qualquer experiência minha. No âmbito privado, perguntaram-me o que me dá o direito de contar esta história. Com o livro recém-lançado, espero ter de responder esta pergunta publicamente. É uma boa questão. É uma questão problemática, debatida com compreensível ardor nos últimos anos. Um lado enxerga nela um ato presunçoso ou, pior, exploratório: aqueles acostumados a ter um público para suas histórias usurpam a experiência, cultura e identidade daqueles que nunca são ouvidos. Opor-se a isso é correto. Controle o passado e você controla o futuro, como nos conta Orwell; as estórias ficcionais que contamos nos moldam t

F. Scott Fitzgerald e o miserável dom da desilusão

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Por Luis Guillermo Ibarra F. Scott Fitzgerald (1896-1940) vislumbrou a desagregação do mundo dos sonhos e os pesadelos do futuro. O escritor estadunidense foi, no melhor dos sentidos, um profeta desses castelos edificados com os restos da primeira Grande Guerra; um vidente que, à maneira do poeta Arthur Rimbaud, teve a beleza em seu colo, para senti-la, no fim, efêmera e vazia. Para sua geração, batizada por Gertrude Stein como a “geração perdida”, a vida começou “com a guerra, e continuaria para sempre à sombra da violência e da morte”. 1 O mundo de seu tempo abriu caminho por entre instituições fenecidas. O grito de “Deus está morto” em Os irmãos Karamázov , de Dostoiévski e em A gaia da ciência , de Nietzsche, se encarnou com uma crueldade irrefreável depois da guerra. Morria Deus e junto com sua onipotência caíam também os homens exterminados em série. Ante isso, com justa razão, o companheiro de geração de Fitzgerald, Ernest Hemingway, proclamaria “o drama da desa

O Estrangeiro, de Albert Camus

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Por Pedro Belo Clara O presente trabalho, publicado em 1942, é considerado uma das obras-primas da literatura francesa do século XX, e consequentemente aquela que consagrou o seu autor como um dos principais desse século. Saída dos prelos em plena Segunda Guerra Mundial, foi pela grande maioria da crítica daquele país considerado "o melhor livro desde o Armistício", numa clara alusão ao tratado pelo qual a Alemanha, no término na primeira grande guerra, assinou a sua humilhante rendição. E o facto de um dos maiores vultos de sempre do universo literário francófono, Jean-Paul Sartre, ter realizado sobre este autor uma magistral (e deveras extensa) análise crítica, contribuindo assim para a apresentação e divulgação do trabalho do mesmo junto do público americano, só sublinha o que se acabou de afirmar. Desprovido da intenção de revelar mais do que a este nível e com este propósito se pretende, pois o texto de hoje não terá maior ambição que introduzir e apresentar,

Boletim Letras 360º #289

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Esta é a edição da semana 289 desde quando foi criado o Boletim Letras 360º. A publicação — sempre gostamos de lembrar aos leitores — foi criada para reunir as notícias que apresentamos durante a semana em nossa página no Facebook . Depois de relembrar isso, noticiamos que o livro  O dom da amizade  (Colin Duriez), o segundo sorteio desta obra, já foi entregue ao ganhador. Em breve, novas promoções em nossas redes. Boas leituras. De Vladímir Maiakóvski para Lília Brik. É publicado no Brasil livro do poeta russo dedicado ao seu grande amor. Mais detalhes ao longo deste Boletim.  Segunda-feira, 17/09 >>> Brasil: Sobre isto , de Maiakóvski Um dos maiores nomes da poesia do século XX, conhecido como “Poeta da Revolução” por seu engajamento na construção da nova sociedade soviética, Vladímir Maiakóvski foi também um grande poeta lírico. Publicado em 1923, Sobre isto  é fruto de sua relação amorosa com Lília Brik, interrompida em dezembro de 1922 por uma briga