Boletim Letras 360º #278
Amiga leitora, amigo leitor, aqui deixamos as notícias que publicamos durante a semana em nossa página no Facebook. O grande destaque é a descoberta de escritos inéditos de José Saramago que comporão o último volume dos Cadernos de Lanzarote. Boas leituras!
Segunda-feira, 02/07
>>> Brasil: A obra que
consagrou Cristovão Tezza, Trapo, como um dos expoentes de uma nova geração de
escritores brasileiros da década de 1980 chega aos 30 anos e ganha uma edição
comemorativa
Em uma noite
comum, o professor aposentado Manuel recebe em sua casa uma visita estranha e
um pedido inusitado: uma dona de pensão com aparência vulgar entrega dois
pacotes contendo originais de um jovem poeta, marginal e suicida. A mulher quer
que Manuel leia o espólio de Trapo, o artista em questão, e decida se
aquilo tem valor. Enredado pelo encantamento da situação, o professor percebe
que apenas a leitura é insuficiente, e passa a investigar os motivos que
levaram o jovem ao suicídio. Procura amigos, entrevista pessoas, conversa com o
pai do rapaz e tenta achar a jovem Rosa, a quem Trapo endereça suas
cartas-poemas. Nesta obra, Tezza mostra extrema habilidade em costurar no romance a narrativa
conduzida por Manuel e as tresloucadas cartas de Trapo.
>>> Brasil: Anunciada em
maio deste ano, eis a nova edição restaurada e bilíngue, com manuscritos
originais dos poemas de Sylvia Plath para Ariel
Com a
publicação póstuma do livro de poesia Ariel, em 1965, Sylvia Plath
se tornou um nome de destaque na literatura estadunidense. No entanto, o
manuscrito deixado pela autora quando morreu, em 1963, era diferente do volume
de poemas então publicado e mundialmente aclamado. Esta edição bilíngue e
fac-similar restabelece pela primeira vez a seleção e o arranjo dos poemas
exatamente como Sylvia Plath os deixou antes de se suicidar. Além da reprodução
dos manuscritos da autora, este volume também inclui os rascunhos completos do
poema-título, "Ariel", oferecendo ao leitor a oportunidade de acompanhar o
processo criativo da poeta. Com esta publicação, o legado de Sylvia Plath pode
ser reavaliado à luz de seu trabalho original e permanece conforme sua vontade.
Sylvia Plath conseguiu, em Ariel, transformar em poesia tanto assuntos
particulares como eventos históricos trágicos. Seus poemas evidenciam as dores
de uma vida traumática, marcada pela morte do pai e pelos conflitos com o
marido infiel, e são a prova do talento dessa poeta que, com otimismo ou
sofrimento, soube unir técnica e emoção e criar uma obra já clássica.
Terça-feira,
03/07
>>> Brasil: Novo romance
de André Aciman
Depois do
badalado Me chame pelo seu nome, outro título de Aciman que explora
os meandros do sujeito e sua identidade. Os sentimentos de Paul, tão intensos
na adolescência, continuam a atormentá-lo na vida adulta: no sul da Itália,
ainda jovem, quando se apaixonou pelo marceneiro de seus pais; em Nova York,
onde acredita estar sendo traído pela namorada e se interessa pelo parceiro de
tênis nas quadras do Central Park; em um campus coberto de neve em New England.
Não importa onde ou quando, suas relações são caóticas, transitórias e marcadas
pela força do desejo. Variações Enigma explora a impossibilidade de
restringir uma pessoa a uma única linha melódica. Dessa forma, André Aciman
visa mapear os recônditos da paixão e revelar a psique humana.
>>> Portugal: Textos
inéditos de José Saramago vêm a público oito anos após a sua morte
Trata-se de
materiais para um diário – a continuidade do projeto Cadernos de
Lanzarote iniciado quando foi morar em Lanzarote, depois da censura ao
romance O evangelho segundo Jesus Cristo em Portugal. O livro foi
encontrado em seu computador. A edição sairá em outubro em Portugal e na
Espanha. Foi escrito em 1998 quando ganhou o prêmio Nobel de literatura e passa
a ser o sexto volume dos Cadernos.
Quarta-feira,
04/07
>>> Brasil: Mircea
Cărtărescu em Nostalgia
O escritor,
ensaísta e professor de literatura na Universidade de Bucareste é considerado
um dos principais escritores europeus contemporâneos e o mais celebrado
escritor romeno – nos últimos anos, recebeu prestigiados prêmios literários
europeus, como o Estatal Austríaco (2015), o Thomas Mann (2018), e o Formentor
de las Letras (2018). Nostalgia é sua primeira incursão na prosa
ficcional, e teve uma primeira versão bastante reduzida pelos cortes da censura
romena. Apresentado como um romance inebriante em cinco partes independentes, a
memória aqui é a chave para a compreensão da existência e, mesmo quando
fantasiosa, fundamental para a percepção da realidade. Memória caleidoscópica
que alcança períodos de formação e se funde com a imaginação indomada, os desejos
desconhecidos e as transformações inesperadas da infância e da adolescência.
Memória reconstruída por uma linguagem sinuosa e sedutora, repleta de
descrições sensoriais, imersa na atmosfera cálida e fantástica dos sonhos
perturbadores. A tradução de Fernando Klabin sai pela Editora Mundaréu.
>>> Brasil: Nova edição
brasileira para O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa
Após a
conquista da independência e os martírios de uma longa guerra civil, a
emergente burguesia angolana pensa ter o futuro assegurado. Falta a ela, porém,
um passado mais adequado a sua nova condição social. O negro albino Félix
Ventura sabe aproveitar as oportunidades. A cada um de seus clientes –
empresários bem-sucedidos, militares de mais alta patente, figurões da nova
ordem política do país –, ele vende uma árvore genealógica digna de orgulho,
memórias luxuosas, ancestrais ilustres. E Félix segue muito bem nessa
empreitada, até chegar a ele um homem repleto de mistérios, em busca de um
passado e de uma identidade angolana. De uma hora para a outra, os passados e
os presentes se entrecruzam, e o impossível se confunde com o real. A narrativa
de José Eduardo Agualusa, um dos principais nomes da literatura de língua
portuguesa contemporânea, vibra entre o passado atormentado que boa parte do
povo angolano gostaria de esquecer e o presente cheio de possibilidades de um
país em reconstrução. O vendedor de passados é uma história sobre raça, a
natureza da verdade e o poder transformador da criatividade. A edição sai pelo
selo Tusquets / Planeta de
Livros Brasil.
Quinta-feira,
05/07
>>> Brasil: Uma nova
antologia com poemas de Wislawa Szymborska
A Companhia das
Letras prepara a terceira antologia da ganhadora do Nobel de
Literatura de 1996, com organização e tradução de Regina Przybycien. Segundo
notícia da Folha de São Paulo, a obra da poeta polonesa tem passado
por um boom no país: as duas antologias anteriores já venderam 25 mil
exemplares. Em 2017, a Editora Âyiné anunciou que prepara uma biografia da
autora, para 2019; um volume com as resenhas que fazia de livros menores; e
outro com com poemas breves dela.
>>> Brasil: Ganha edição
mais de oito dezenas de cartas entre Antonio Candido e Ángel Rama
Em
Conversa cortada, organizada por Pablo Rocca com tradução de Ernani
Ssó se reúne 87 cartas até então inéditas, trocadas entre 26 de abril de 1960,
quando Antonio Candido ainda estava em Assis, no interior paulista – e não a
cidade italiana, berço de São Francisco, para onde o crítico de cinema e amigo
de longuíssima data Paulo Emílio Salles Gomes achou que ele tivesse ido – e 18
de outubro de 1983, esta última enviada por Rama exatamente um mês e dez dias
antes do acidente aéreo fatal, quando o crítico uruguaio já vivia em Paris. Os
dois críticos se conheceram em Montevidéu onde Candido fora convidado a fazer
um ciclo de conferências, estabelecendo-se entre eles uma amizade intensa que
produziu alguns projetos conjuntos. A coleção Biblioteca Ayacucho é o fruto
mais importante dessa aliança intelectual, responsável por inserir o Brasil nos
mapas culturais latino-americanos, contando hoje com cerca de 250 títulos
publicados. A edição é da EDUSP e Ouro Sobre Azul.
Sexta-feira,
06/07
>>> Brasil: Três
escritoras da Literatura Inglesa num encontro
A Nova
Fronteira apresenta a caixa Grandes Escritoras da Literatura Inglesa. Reúne-se,
na edição: Orgulho e preconceito, de Jane Austen; O morro dos
ventos uivantes, de Emily Brontë; e Orlando, de Virginia
Woolf. Inovadoras, à frente de seus tempos, elas marcaram a literatura e
deixaram um vasto legado. Os costumes, o amor, a condição da mulher, os valores
e o casamento são abordados no primeiro livro com a perspicácia que Austen
sabia, como poucos, imprimir a seus romances. O morro dos ventos
uivantes narra a forte paixão entre Heathcliff e Catherine, que foram
criados juntos numa zona rural da Inglaterra. Inseparáveis, os dois têm a relação
ameaçada pela crueldade do irmão da moça, mas o golpe fatal vem quando
Catherine, em busca de um matrimônio melhor, decide se casar com o nobre Edgar.
E Orlando, o belo protagonista, membro da aristocracia elisabetana,
parece pertencer a todos os lugares e a lugar nenhum. Um dia, ele acorda
transformado — transportado para o século XVIII, no corpo de uma mulher.
>>> Brasil: Três novos
títulos para o catálogo da Editora Carambaia
A editora
lançará A honra perdida de Katharina Blum, de Heinrich Böll
(1917-1985), prêmio Nobel de Literatura de 1972. No livro, uma mulher se
apaixona por um procurado pela polícia e se vê no centro de um escândalo
explorado por um jornal sensacionalista. Segue-se A Ilha de Arturo,
de Elsa Morante (1912-1985), romance de formação que acompanha a história de um
garoto de 14 anos órfão de mãe e solitário durante prolongadas ausências do
pai. E ainda Meu pai e minha mãe, do escritor israelense Aharon
Appelfeld, morto em janeiro. No livro, ele lembra sua infância antes da Segunda
Guerra Mundial — aos oito anos, sua cidade foi tomada pelos nazistas e sua mãe,
assassinada. Após dez anos, ele conseguiu fugir e passou três anos vivendo numa
floresta, adotado por um bando de criminosos.
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