Boletim Letras 360º #277
Na segunda-feira, 25 jun. '18, realizamos mais uma promoção na página do Letras no Facebook; uma leitora do blog levou os dois volumes que compila a prosa completa de Hilda Hilst (Da prosa, Companhia das Letras) e um livro surpresa. Reiteramos, por esta via, os agradecimentos a todas as leitoras e leitores que participaram desta ação. Ficamos na expectativa para próximas atividades do gênero. Enquanto isso, seguimos com as notícias que divulgamos esta semana.
Em tamanho ampliado, nova fotografia de Machado de Assis encontrada em jornal argentino. Mais detalhes sobre ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
25/06
>>> Brasil: O
corpo descoberto: contos eróticos brasileiros (1852-1922) é o título de
uma antologia que parte importantes dos textos neste gênero de autores
nacionais
O título sai
pelo Selo Suplemento Pernambuco de Literatura e é organizado pela pesquisadora
Eliane Robert Moraes, autora também de uma antologia de poemas com o mesmo
tema. Esta é uma seleção bastante original de contos que investiga as formas
usadas na literatura para falar de corpo, desejo e sexo de meados do
século XIX até as primeiras décadas do século XX. O prefácio é da própria
organizadora; o livro tem ainda posfácio da pesquisadora Aline Novais de
Almeida. Como a moral da época impedia que a literatura tratasse esses temas e
forma explícita, as estratégias para descobrir o corpo de forma erotizada foram
inúmeras. Os 53 contos também sussurram as reviravoltas de um país no ocaso do
Império e estruturação da República. Com este conjunto, O corpo descoberto lança a leitoras e leitores uma pergunta seminal: o que deixamos de aprender
com – ou sobre – o século XIX
>>> Brasil: A febre das
revistas literárias que nunca para
A existência
é sempre curta. São raríssimas as revistas literárias no Brasil que alcançaram
alguma maioridade. Mas são muitas. E muitas que não passam da terceira edição.
De tempos em tempos a febre nacional volta com a expectativa de que ganhem
fôlego e expressão. Uma sempre esperança. Um desafio. Agora mesmo chegam duas
delas. Uma que já está em circulação é editada pela Laranja Original e
leva o nome da editora. "A ideia da revista nasceu da vontade de reunir
trabalhos inéditos de nossos colaboradores (autores, ilustradores, designers,
prefacistas, orelhistas, revisores), na forma de um livro impresso que integre
suas diferentes expressões", explica o texto de apresentação. A revista
propõe-se a publicar poesia, prosa ficcional, desenho, pintura, colagem, fotografia,
arte gráfica, crítica literária e de arte) a cada 9 meses. A segunda é também
uma ideia encabeçada por uma editora – a Todavia Deve
sair no segundo semestre e será editada pelo escritor Michel Laub. A revista,
ainda sem nome, quer ser uma espécie de anuário cultural e de traçar um debate
sobre a produção contemporânea. As edições seguem o padrão recorrente dos
números temáticos; o primeiro, p.ex., será o tema do apocalipse, com discussões
sobre as crises contemporâneas. A ideia é misturar textos de vários gêneros,
com ficção, ensaio, reportagem e entrevistas de autores nacionais e
estrangeiros. Entre os autores da primeira edição, estão o húngaro László
Krasznahorkai, ganhador do Man Booker International Prize em 2015, e a
britânica Zadie Smith.
Terça-feira,
26/06
>>> Brasil: A biografia
autorizada do criador da Terra-média. J. R. R. Tolkien, de Humphrey
Carpenter
Nas décadas
posteriores ao falecimento de Tolkien, em setembro de 1973, milhões de pessoas
leram O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O
Silmarillion e ficaram tão fascinadas quanto intrigadas com o homem muito
reservado por trás dos livros. Nascido na África do Sul, em janeiro de 1892,
John Ronald Reuel Tolkien ficou órfão durante a infância e cresceu quase na
pobreza. Ele serviu na Primeira Guerra Mundial e sobreviveu à Batalha do Somme,
onde perdeu quase todos os seus amigos mais íntimos. Após a guerra, retornou à
vida acadêmica, conquistando uma grande reputação como estudioso e professor
universitário, e tornando-se, por fim, Professor de Inglês em Oxford, onde fez
amizade com C.S. Lewis e os outros escritores conhecidos, formando um grupo
denominado Os Inklings. Então, de repente, sua vida mudou dramaticamente. Certo
dia, enquanto corrigia provas, ele acabou escrevendo no verso de uma folha:
"Numa toca no chão vivia um hobbit" – e a fama mundial o aguardava. Humphrey
Carpenter recebeu acesso irrestrito a todos os documentos de Tolkien e
entrevistou seus amigos e familiares. A partir dessas fontes ele segue o longo
e doloroso processo de criação que produziu O Senhor dos Anéis e
O Silmarillion e fornece uma vasta gama de informações sobre a vida
e a obra de um dos mais estimados autores do século XX. A tradução de Ronald
Kyrmse sai pela Harpercollins
Brasil.
>>> Brasil: Oblómov,
de Ivan Gontcharóv, sairá pela Companhia das
Letras
A tradução
de Rubens Figueiredo foi publicada pela extinta Cosac Naify e desde então tem
se tornado relíquia entre os livreiros. Publicado em 1859, Oblómov suscitou debate na época do lançamento ao retratar – na figura de seu
protagonista Iliá Ilitch Oblómov, rico senhor de terras que mal sai do sofá e
passa os dias de roupão, fazendo planos que nunca põe em prática – a elite
russa às vésperas do fim da servidão. A nova edição deve sair em 2019.
>>> Brasil: Os ensaios de Natalia Ginzburg
A Âyiné vai
publicar pela primeira vez no Brasil duas coletâneas de ensaios de Natalia
Ginzburg. O anúncio foi feito nas redes sociais da editora. As obras neste
gênero de uma das mais aclamadas escritoras da literatura italiana são de um
todo desconhecidas dos leitores brasileiros. A tradução é do escritor e
professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Davi Pessoa.
>>> Brasil: Não se pode morar nos olhos de um gato, de Ana Margarida
Carvalho
Após o
naufrágio de um navio negreiro clandestino, oito vidas se encontram na areia de
uma praia intermitente, que só existe na maré baixa, cercada de rochedos: um
capataz, um escravo, um criado, um padre, um estudante, um bebê, uma fidalga e
sua filha. Junto com a difícil tarefa da subsistência, da sobrevivência, resta
lidar com o passado e a história de cada um que, como as ondas do mar, insistem
em revolver esse novo cotidiano, tão violento, sempre incontrolável. Este livro
foi finalista Prêmio Oceanos 2017. A edição é da Dublinense Editora.
Quarta-feira,
27/06
>>> Brasil: Uma
antologia reúne contos de Murilo Rubião, José J. Veiga, Campos de Carvalho e
Victor Giudice
Dos quatro
autores reunidos neste livro, pode-se dizer que são todos estranhos, ainda que
cada um à sua maneira. Considere os personagens que se encontram nas páginas a
seguir: um sujeito que compra um apito para controlar o trânsito dos pedestres
debaixo da sua janela, uma senhora atropelada que estoura "como papo de anjo",
um coelho que vira homem e um homem que vira um arquivo de metal. Pondo
logo de saída as cartas na mesa, cabe a advertência: não se espante, leitor, se
essas histórias fugirem aos bons costumes da verossimilhança, da medida justa
da expressão ou da sequência certeira de episódios que costumamos atribuir às
histórias "bem-amarradas". Melhor aqui pensar naquele parafuso meio solto que
leva algumas histórias à vizinhança do absurdo e do disparate, aos detalhes
extravagantes e tipos bizarros, aos silogismos em que premissas e conclusões
estão sempre fora de lugar. A antologia é organizada por Miguel Conde e sai
pela Autêntica
Editora.
>>> Brasil: O poeta
português Manuel Antônio Pina terá uma antologia publicada no Brasil
Ganhador do
prêmio Camões em 2011, a obra de Pina é, atualmente, inédita no país. A Editora 34 é
que fará as honras de abrir as portas à chegada da poesia do poeta no Brasil. A
edição sai em novembro e trata-se de uma antologia organizada por Leonardo
Gandolfi, poeta e professor de literatura portuguesa da Unifesp. O livro deve
incluir poemas de livros como O pássaro da cabeça (1983), Nenhum
sítio (1984) e Atropelamento e fuga (2001), entre outros.
>>> Brasil: Nova edição
brasileira para Os Lusíadas, de Luís de Camões
Esta obra
está incluída numa pequena e seleta lista dos seis ou sete maiores poemas
narrativos da literatura ocidental e apresenta, como tema central, a história e
os feitos da nação portuguesa, desdobrados do seu momento culminante: a
descoberta do caminho marítimo para as Índias. Com sua publicação, em 1572,
Camões cria e codifica o português literário moderno, o mesmo que, com pequenas
alterações, usamos até hoje. A Editora
Nova Fronteira publica nova edição realizada pelo poeta Alexei Bueno;
o texto foi cuidadosamente fixado e com a ortografia modernizada, além de mais
de 1.200 notas que esclarecem eventuais dificuldades mitológicas, históricas ou
linguísticas sem alterar o ritmo da leitura. O livro é acompanhado de um
apêndice em que se publicam as estrofes omitidas ou desprezadas por Camões,
descobertas no século XVII, e pela primeira vez reproduzidas no Brasil. Este
volume também conta com inúmeras ilustrações, o que faz desta uma das mais
completas e belas edições do grande clássico português.
Quinta-feira,
28/06
>>> Brasil: Uma caixa
reúne três das principais obras de Eça de Queirós
Considerado
um dos maiores escritores em língua portuguesa, Eça de Queirós se notabilizou
por seus romances que desestabilizaram os valores de seu tempo e traziam a
ironia como grande marca. A Editora
Nova Fronteira três de suas obras-primas numa edição: O crime do
padre Amaro, narrativa que marca o início do realismo em Portugal, traz
como mote principal a crítica ao celibato do clero, acompanhada da denúncia
aos seus desmandos e excessos e da constatação do provincianismo nocivo que
assola o país; O primo Basílio, que surpreende o público com uma
história de desejo feminino e adultério e faz uma das primeiras reflexões sobre
o atraso da sociedade portuguesa, uma ácida crítica à burguesia lisboeta e a
seus delitos domésticos; e Os Maias — obra com que, para muitos
críticos, o autor atinge a maturidade literária —, Eça ousou abordar temas
polêmicos para a época, como o divórcio, o suicídio e o incesto.
>>> Brasil: Reedição de
A velhice, obra de Simone de Beauvoir
Há muito que
a obra da escritora francesa tem recebido novo tratamento editorial no Brasil e
depois de O segundo sexo esta era o livro que mais falta fazia
entre seus leitores. Isso porque trata-se de um texto profundo e corajoso que
alcançou grande repercussão em todo mundo, levantando questões e soluções para
os problemas dos idosos. A tradução de Maria Helena Franco Monteiro ganha
reedição pela Editora
Nova Fronteira.
>>> Brasil: Uma
antologia do humor russo
A edição é
organizada por Arlete Cavaliere, com textos de mais de trinta autores clássicos
conhecidos, como Dostoiévski, Gógol, Tchekhov, clássicos menos conhecidos, como
Mikhail Saltykov-Shchedrin e Arkadi Aviértchenko e autores do século XX, como
Viktor Peliévin, Iuri Trifonov Liudmila Ulítskaia, Lev Lunts, Dmitri Bykov,
Liudmila Petruchévskaia, entre outros.
Sexta-feira,
29/06
>>> Brasil: Machado de Assis: pesquisador diz ter encontrado possível última foto do
escritor em vida
De traje
formal, casaca inclusive, o senhor de barba e cabelos brancos coloca a mão
esquerda na cintura e olha meio de lado para a câmera através dos óculos
pincenê. É Machado de Assis aos 68 anos. Publicada originalmente em 25 de
janeiro de 1908 da revista semanal argentina Caras y Caretas, a
foto do escritor acaba de ser redescoberta pelo pesquisador independente Felipe
Pereira Rissato. Não há muitos detalhes na revista sobre o escritor, que
aparece numa matéria sobre personalidades públicas brasileiras; no rodapé da
foto em questão aparece, entretanto, a descrição "O escritor Machado de
Assis, presidente da Academia de Língua Brasileira". De acordo com o
Rissato, o retrato até hoje era desconhecido e é possivelmente o último do
autor. "Certamente é dos três meses finais de 1907 ou mesmo de janeiro de
1908", afirma o pesquisador ao Portal de Notícias G1. Machado de Assis
morreu 29 de setembro de 1908, aos 69 anos. O registro foi encontrado na
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España, disponível online. Há dois
anos, cf. lembramos por aqui, o mesmo pesquisador havia encontrado a única
imagem de Machado de Assis presidindo uma sessão da Academia Brasileira de
Letras (ABL), feita em 1905.
>>> Brasil: Um dos
últimos escritos de William Shakespeare para o teatro ganha edição por aqui
Provavelmente
composta entre 1613-1614, a peça Os dois primos nobres [The Two Noble
Kinsmen] contém os últimos escritos de Shakespeare para o teatro, nesse caso em
colaboração com John Fletcher, dramaturgo quinze anos mais jovem, e que então
ascendia às fileiras da King’s Men, companhia teatral da qual Shakespeare era
acionista, ator e dramaturgo. A importante colaboração é atestada já no
frontispício da primeira edição do texto da peça, o in-quarto de 1634, onde
aparecem juntos os nomes dos autores: John Fletcher and William Shakespeare,
Gentlemen. A peça é classificada como tragicomédia, gênero bastante popular, em
Londres, na primeira década do século XVII. Ambientada na Grécia Antiga,
especificamente, em Tebas, a ação dramatiza o "Conto do cavaleiro",
narrativa em verso que, já recontada por Geoffrey Chaucer (devidamente
anunciado no Prólogo), a partir de La Teseida de Boccaccio, abre o
clássico "Os contos de Canterbury". No contexto do amor cortês em que
a peça se insere, o conflito central, analogamente às fontes, decorre da
inusitada, instantânea e incontrolável paixão de Palamon e Arcite, os dois
primos nobres, por uma mesma jovem, Emília, irmã de Hipólita, esta noiva de
Teseu. Entre as importantes alterações introduzidas às fontes, destaca-se a
criação – geralmente atribuída a Shakespeare – da Filha do Carcereiro,
personagem cuja loucura decorrente do amor não-correspondido conta com
importantes antecedentes na dramaturgia shakespeariana (e.g. Ofélia) e cuja
interpretação, mesclando ingenuidade e erotismo, tem fascinado e desafiado
atrizes. A exemplo de outras peças shakespearianas tardias, temos aqui as
presenças do sobrenatural, da ação ritualizada e dos efeitos cênicos
espetaculares. Em meio a momentos de forte tensão erótica, constatamos a
dramatização de temas tão fundamentais quanto pungentes: amizade, lealdade,
honradez, rivalidade, violência, ódio, amor, paixão, compaixão. É surpreendente
que esse texto, elogiado por luminares das Letras (e.g. Thomas de Quincey,
Charles Lamb, Coleridge) e cobiçado por atores, embora bem traduzido por Ênio
Ramalho, em Portugal, como Os Dois Parentes Nobres, tenha permanecido inédito
no Brasil até o advento desta tradução anotada, em versos decassílabos e prosa,
que segue, com rigor, as modulações do texto originário. A tradução de José
Roberto O’Shea sai pela Editora Iluminuras.
>>> Brasil: Nova edição
para O último dos moicanos
O romance de
James Fenimore Cooper conta a história das jovens inglesas recém-chegadas à
América, Cora e Alice, que desejam visitar o pai, o coronel Munro, que é
comandante do forte William Henry. Para chegar ao seu destino, terão de
percorrer um longo e perigoso caminho através da floresta. Nessa difícil
jornada, encontram Nataniel, órfão inglês criado entre os indígenas moicanos.
Ele fará de tudo para protegê-las nesse ambiente hostil, em plena disputa entre
ingleses e franceses pela colonização do Novo Mundo.
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