Boletim Letras 360º #275


Desde o início da semana disponibilizamos uma nova promoção para os leitores do blog Letras in.verso e re.verso. Desta vez, o sorteio acontecerá na página do Facebook e será um exemplar da edição Da prosa, de Hilda Hilst mais um título surpresa. O regulamento e outras informações podem ser obtidas logo na post fixa no mural. Desejamos a todas e todos boa sorte! Enquanto isso, convidamos às informações que circularam em mais uma semana de atividades neste Facebook — semana, aliás, riquíssima, com muitas novidades sobre novos títulos que chegarão às livrarias brasileiras entre o final de junho e início de julho. Vê só!

Hilda Hilst. Um documentário (o primeiro) e um livro sobre a poeta no ano do seu boom.

Segunda-feira, 11/06

>>> Brasil: A Editora Nova Fronteira amplia sua coleção de caixas com clássicos reeditando várias obras de Bram Stoker

Reconhecido como um dos maiores mestres do terror da literatura mundial, Bram Stoker produziu textos dos mais variados gêneros. A caixa é uma mostra de sua produção literária de tramas sobrenaturais. O primeiro volume traz a obra-prima do escritor: Drácula. Publicado em 1897, o livro definiu todo um gênero e popularizou a figura do vampiro na cultura mundial. No romance, o advogado Jonathan Harker viaja até a Transilvânia para tratar de negócios com um conde sinistro e elegante. Em pouco tempo, Harker e seus companheiros percebem que estão em uma cilada empreendida por Drácula, essa terrível criatura que encarcera e seduz suas vítimas para depois lhes sugar o sangue. No segundo volume estão reunidas duas de suas novelas mais assustadoras. "Os sete dedos da morte" narra o mistério em torno de Abel Trelawny, um velho paleontólogo que é encontrado inconsciente no chão do quarto com um terrível ferimento no braço. Sua filha Margaret e o advogado Malcolm se revezam com outras pessoas para acompanhar o senhor, mas acontecimentos estranhos tomam conta das madrugadas de vigília. Em "A toca do Verme Branco", um rico rapaz se estabelece na propriedade do tio-avô e ambos se deparam com a lenda de uma terrível criatura que ronda a região. O caso ganha contornos ainda mais sinistros conforme alguns vizinhos da propriedade mostram quem são de verdade. Fechando, temos a antologia Contos estranhos. A obra reúne nove histórias curtas, entre as quais a famosa "O hóspede de Drácula". Com enredos tão distintos quanto surpreendentes, os contos que compõem esta coletânea são ao mesmo tempo uma prova da genialidade do autor e uma nova porta de entrada para os leitores que já conhecem a história do vampiro mais ilustre da literatura.

>>> Brasil: O primeiro título da reedição da obra de James Baldwin no Brasil é O quarto de Giovanni 

Considerado um clássico moderno da literatura gay, este romance foi publicado em 1956 é o segundo da obra do escritor estadunidense. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que por sua vez está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona. Se em O sol também se levanta Ernest Hemingway retrata um grupo de estadunidenses em uma Paris boêmia e fervilhante, O quarto de Giovanni explora, na mesma cidade, as agruras de personagens que enfrentam o vazio existencial ao perceber a fragilidade dos laços e as frustrações de seus desejos. Com tradução de Paulo Henriques Britto, o livro inclui apresentação de Colm Tóibín e posfácio de Hélio Menezes.

>>> Brasil: Terra estranha é outro título da reedição da obra de James Baldwin

Tendo como pano de fundo a agitada cena musical de Nova York dos anos 1950, este livro é um retrato franco sobre bissexualidade e relações inter-raciais, publicado em uma época em que esses assuntos eram tabu.Este romance de fôlego, publicado em 1962, tem como pano de fundo os clubes de jazz de Greenwich Village, em Nova York, na década de 1950. Rufus, um baterista negro em decadência, se envolve com Leona, uma mulher branca nascida no sul dos Estados Unidos. Dessa relação complexa em sua origem, desdobram-se temas caros a James Baldwin, como raça, nacionalismo, identidade, depressão e bissexualidade. Em Terra estranha, o autor de O quarto de Giovanni constrói uma obra comovente, violenta e apaixonada, cujas personagens tentam reverter a todo custo as barreiras da segregação racial e das convenções burguesas em busca da felicidade e de si mesmos. A edição é da Companhia das Letras e a tradução de Rogério Galindo.

>>> Brasil: Nova edição de A um passo, de Elvira Vigna

A primeira edição com este título foi da editora Lamparina em 2004; agora, a obra experimental que trata da dificuldade de narrar sai pela Companhia das Letras com posfácio de Jose Luiz Passos. O livro fragmentado e bastante experimental, entretanto, teve sua verdadeira primeira edição com outro título em 1990; chamava-se A um passo de Eldorado. Elvira Vigna costumava declarar que este era seu romance preferido,embora tenha sido uma obra que passou despercebida nas duas ocasiões em que foi apresentada. Nos capítulos curtos, cada personagem conta a história do outro, tornando explícita as dificuldades do próprio narrar. Há um suposto crime de assassinato, em que dois amantes estariam envolvidos, e a vingança por um abuso sofrido na infância, mas são o banal e o cotidiano que irão fornecer a matéria para construir uma recusa da lógica previsível das coisas. Com sua típica ironia mordaz, a autora de Nada a dizer e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas constrói a trama como um jogo de xadrez inusitado e fascinante. Segundo Maria Esther Maciel, "Elvira Vigna radicaliza, em A um passo a sua leitura corrosiva da vida urbana brasileira dos dias de hoje, vida tempestuosa onde quase todos são exilados, estrangeiros dentro de seu próprio território."

Terça-feira, 12/06

>>> Brasil: O relato do viajante árabe Aḥmad Ibn Faḍlān, que que sai agora sob o título Viagem ao Volga é a nova edição da coleção Editora Carambaia

Os testemunhos históricos mais surpreendentes de seu tempo estão neste livro. Ibn Faḍlān integrou, no século X, uma expedição saída de uma das capitais do império islâmico, Bagdá, rumo às terras do Norte, até deparar com um assentamento viking às margens do rio Volga. Sua narrativa única moldou a imagem das culturas nórdicas ao redor do mundo durante séculos, em seus hábitos e rituais. Mas não só: ao longo de um trajeto que cobriu 4 mil quilômetros e durou quase um ano, Ibn Faḍlān oferece uma narrativa vívida e detalhada dos vários povos que encontrou pelo caminho. A história começa entre os anos 921 e 922 d.C., quando o califa da dinastia abássida Almuqtadir Billāh enviou uma comitiva até o rei dos eslavos, Almaš Ibn Yalṭwār, que havia pedido ajuda para a construção de uma mesquita para propagar a fé islâmica nos seus domínios e de um forte para protegê-los dos inimigos. A Ibn Faḍlān coube a função de secretário-geral do califa e porta-voz do “comandante dos fiéis”, o que incluía a redação de cartas e a entrega de presentes. A jornada partiu de Bagdá, chegou ao reino dos búlgaros do Volga – atual Cazã, na Rússia – e criou um vínculo inédito entre o líder islâmico e os habitantes do Norte, numa missão tanto diplomática quanto religiosa. Ao longo da narrativa fica claro que os eslavos queriam se defender dos khazares – também visitados pela expedição do califa, ou o que restou dela depois das desistências causadas pelo frio. Os khazares eram um povo de origem turca recém-convertido ao judaísmo que já então cobrava tributos dos eslavos e continuava a avançar. Além de cumprir as funções burocráticas que lhe eram exigidas, Ibn Faḍlān apresenta relatos espantosos, como o de uma cerimônia fúnebre viking, além de várias observações de censura a hábitos ofensivos ao islamismo, como a licenciosidade das mulheres oguzes e os repugnantes ritos de higiene dos rus (os vikings migrados da Suécia), cujos corpos tatuados, por outro lado, considerou os mais perfeitos que já viu. Não escapam do desgosto do narrador os equívocos na prática da fé islâmica entre os eslavos. O texto que agora se apresenta é uma tradução direta do árabe feita pelo professor de literatura Pedro Martins Criado, provavelmente a primeira em língua portuguesa. A edição é bilíngue e traz apresentação histórica escrita pelo tradutor. O projeto gráfico, de Tereza Bettinardi, estampa na capa um desenho inspirado na topografia da região percorrida (presente em mapas na edição) e impresso em hot stamping holográfico, que reflete as cores conforme a incidência da luz.

>>> Brasil: História de uma dor a um só tempo pessoal e universal

De um ícones da literatura nos Estados Unidos, O ano do pensamento mágico é um retrato de um casamento e de uma vida, sem uma gota de autopiedade e escrito em um estilo envolvente e emocionante. Neste livro, Joan Didion narra o período de um ano que se seguiu à morte de seu marido, o também escritor John Gregory Dunne, e a doença de sua única filha. Feito com uma dose de sinceridade e paixão, o livro nos revela uma experiência pessoal e, ao mesmo tempo, universal. É um livro sobre a superação e sobre a nossa necessidade de atravessar – racionalmente ou não – momentos em que tudo o que conhecíamos e amávamos deixa de existir. A nova edição tem tradução de Mariana Vargas e sai pela HapperCollins Editora.

>>> Brasil: Blue Nights, o segundo título de Joan Didion a ser reeditado no Brasil

A narrativa tem início em 26 de julho de 2010, com a lembrança de Joan do mesmo dia, sete anos antes, quando sua filha Quintana Roo se casava em Nova York. Os jasmins em sua trança, sua tatuagem transparecendo sob o tule, os colares havaianos – detalhes simples que desencadeiam memórias vívidas da infância da jovem em Malibu, em Brentwood e na escola em Holmby Hills. Entre lembranças tocantes e, em alguns casos, dilacerantes, a escritora analisa seus próprios medos, angústias e dúvidas e, ao fazê-lo, compara sua vida ao período das chamadas noites azuis – "o oposto do declínio da claridade, mas também seu aviso". A tradução de Ana Carolina Mesquita sai pela HapperCollins Brasil.

>>> Brasil: Prometido desde 2017, Mac e seu contratempo marca o retorno de Enrique Vila-Matas às livrarias brasileiras

O romance em seu contratempo revela um escritor trabalhando no ápice do estilo que desenvolveu: uma mescla entre o romance cômico, a autoficção e a crítica literária, uma literatura marcada pelo que há de mais instigante na produção pós-modernista. Mac é um entediado homem de meia-idade, desempregado, que vive às custas da mulher, ocupando seus dias com caminhadas pelo Coyote, fictício bairro de Barcelona, e com leituras paranoicas do horóscopo — que acredita conter mensagens codificadas direcionadas a ele. Como costuma ocorrer nos romances de Enrique Vila-Matas, a única saída para o protagonista é a literatura: somente os livros podem salvar Mac desta vida. É assim que surge a ideia amalucada de tentar reescrever o primeiro livro de Sánchez, um escritor de sucesso que, por acaso, é seu vizinho. O que está em jogo aqui é a ideia de repetição, e o que Vila-Matas parece assinalar é que toda escrita é repetição e que a criação literária é sempre evocação de algo que se leu um dia. A jornada literária deste personagem quixotesco arremessará o leitor num tornado de citações e de livros dentro do livro capaz de questionar os conceitos do que é escrever (e ler) literatura nos dias de hoje. A tradução é de Josely Vianna Baptista e a edição da Companhia das Letras.

Quarta-feira, 13/06

>>> Brasil: Em nova casa editorial, livro com todos os contos de Caio Fernando Abreu abre a reedição de sua obra

Pela primeira vez, a reunião de todos os contos de um dos autores mais viscerais da contracultura brasileira. Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa.Em Contos completos, o leitor tem a chance de percorrer toda a produção do autor no gênero da prosa breve. O volume abarca seis títulos — Inventário do irremediável (1970), O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e Ovelhas negras (1995) —, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. O livro inclui, por fim, textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda, que jogam luz sobre a atualidade de Caio Fernando Abreu. Ao escrever sobre amor, morte, medo, sexualidade, solidão e alegria, o autor de Onde andará Dulce Veiga? constrói personagens complexos e absolutamente profundos em cada detalhe. Com verve e sensibilidade, o "escritor da paixão", na alcunha de Lygia Fagundes Telles, soube como ninguém combinar delírio e lucidez, euforia e angústia, luz e sombra. A edição é da Companhia das Letras.

>>> Brasil: Uma nova edição de O cortiço, de Aluísio Azevedo

Em domínio público há alguns anos esta obra tem cadeira cativa em grande parte das casas editoriais brasileiras. Terá também, agora, na Editora Todavia. Publicado em 1890, o romance de Aluísio Azevedo é uma das peças mais importantes da nossa literatura e do naturalismo. A narrativa que se passa no que será anos mais tarde as comunidades de periferia no Brasil, o cortiço São Romão, retrata o cotidiano de seus moradores, suas lutas diárias pela sobrevivência. Centra-se na ascensão social de João Romão, o proprietário, imigrante português disposto a tudo para enriquecer e subir na vida. A nova edição tem apresentação de Leandro Sarmatz.

Quinta-feira, 14/06

>>> Brasil: A obra de Victor Heringer, em breve, estará publicada em quase sua totalidade pela Companhia das Letras

No segundo semestre, a editora coloca nas livrarias Glória, romance de estreia que rendeu ao autor o segundo lugar no prêmio Jabuti de 2013. Fora de catálogo, o livro havia sido publicado pela 7Letras. A casa também reunirá a poesia do autor, o que inclui o esgotado Automatógrafo (2011), dispersos que ele publicou em revistas literárias e eventuais inéditos. A previsão é que a edição saia no primeiro semestre do ano que vem. Ainda não se sabe o quanto Heringer avançou no livro que estava escrevendo, um poema longo que tinha o título provisório de Noturno para astronautas. O autor também deixou uma série de crônicas e ensaios que saíram em publicações como o Suplemento Pernambuco e a revista Pessoa. (FSP)

>>> Brasil: Para assinalar os 70 anos do romancista Raimundo Carrero, a tetralogia "Condenados à vida" ganha edição especial

O já esgotado Maçã agreste (1989), O amor não tem bons sentimentos (2007), Somos pedras que se consomem (1995) e Tangolomango (2013) saem pela Cepe Editora. A tetralogia conta as histórias da família Cavalcanti do Rêgo – Dolores, Ernesto, Leonardo, Raquel, Guilhermina, Jeremias, Matheus, Ísis e Biba. Parentes que se relacionam e se destroem sexualmente, tendo a cronologia da decadência da elite nordestina da cana-de-açúcar diante da industrialização como pano de fundo. O livro de 700 páginas tem prefácio inédito do também escritor, jornalista e crítico literário carioca José Castello.

>>> Brasil: A tradução de Raquel Prado para O vermelho e o negro, de Stendhal, publicada pela extinta Cosac Naify, sai pela Penguin / Companhia das Letras

Principal obra de Stendhal e uma das mais importantes da literatura francesa, O vermelho e o negro é a um só tempo romance histórico e psicológico, uma inédita mescla de crônica social e incursão na natureza humana. O romance conta a história de Julien Sorel, um jovem pobre e talentoso que, nos convulsivos anos de 1830, deixa para trás sua origem provinciana para circular entre as altas esferas da sociedade parisiense. Mas o passado é traço difícil de apagar, e tão fortes quanto a determinação de Julien são as paixões que o dominam: o jovem tenta sufocar lembranças pessoais e a admiração ardente que nutre por Napoleão, figura non grata nos salões burgueses da Restauração, mas o faz em vão. Crônica mordaz de seu tempo e romance inaugural do gênero psicológico, não é à toa que esta obra cumpriria à risca o destino vaticinado por seu autor, vindo a ser compreendida apenas muitos anos após sua publicação.

Sexta-feira, 15/06

>>> Brasil: O documentário Hilda Hilst pede contato será apresentado na Flip e terá livro sobre o filme

Entre 1974 e 1978, Hilda Hilst praticamente abandonou a poesia. A autora decidiu se dedicar a outro tipo de tarefa: o contato com espíritos. Munida de um gravador e de imensos fones de ouvido, ela caminhava pelo pátio da sua residência em Campinas, a Casa do Sol, fazendo perguntas para seus “amigos de outra dimensão”. Três décadas mais tarde, durante uma visita à Casa do Sol em 2008, a cineasta Gabriela Greeb encontrou mais de 100 horas de gravação das tentativas da autora de comunicação com o além. Decidiu rodar ali mesmo um documentário sobre a faceta mística de Hilst – que, apesar de tantos terem considerado mera excentricidade, revela muito sobre questões que moveram a sua obra. O filme de Greeb é a primeira obra para o cinema sobre Hilda Hilst. Nele estão depoimentos de Jorge da Cunha Lima, Gutemberg Medeiros, Dante Casarini, Olga Bilenky, entre outros amigos e estudiosos da obra da escritora, além de imagens de arquivo e dramatizações em que a autora é interpretada pela atriz Luciana Domschke. Descrito como um documentário de corte fantástico, o filme ganha estreia mundial em julho na Festa Literária Internacional de Paraty. A SESI Editora publica livro homônimo com detalhes sobre a produção.

>>> Brasil: Ainda Hilda Hilst. A José Olympio apresenta livro do último pupilo da poeta brasileira

Em O exorcista da Casa do Sol, Yuri Vieira relata omo foram os dois anos em que conviveu com Hilda. São as memórias do jovem Yuri, no alto de seus vinte e poucos anos e até então tendo escrito apenas A tragicomédia acadêmica: contos inéditos do terceiro grau, que viu no convite de Hilda para morar na Casa do Sol uma grande oportunidade para sua vida. O livro traz os relatos deste tempo, com base nas memórias do autor, e-mails e anotações feitas à época.

>>> Brasil: O romance visto por Virginia Woolf

Além de ser uma das vozes mais geniais da ficção moderna, Virginia Woolf foi articulista, crítica literária e professora de literatura. Antes de lançar seu primeiro romance, A viagem, em 1915, já tinha um nome consolidado na cena intelectual londrina, participando do famoso grupo de Bloomsbury e colaborando com os principais periódicos ingleses. A arte do romance reúne nove dos melhores textos da autora sobre a arte do romance. Versando sobre a escrita ficcional, o prazer da leitura, o papel da mulher na literatura e outros temas, estes artigos são ainda pouco conhecidos do leitor brasileiro. O que se vê é um gênio literário que também nos seus textos de não ficção mergulhava nos mais profundos questionamentos, com uma voz radicalmente original e viva, que não cessa de ecoar. A tradução de Denise Bottmann sai pela L & PM Editores.

>>> Brasil: Nova edição para Deus ajude essa criança, de Toni Morrison

Neste conto de fadas moderno, a vencedora do Nobel transforma em alta literatura a temática do racismo na infância e da influência de um trauma antigo na vida de um adulto. Lula Ann Bridewell, ou simplesmente Bride, como prefere ser chamada, é uma jovem cuja pele escura foi motivo de desgosto dos pais desde seu nascimento. "Não levou mais de uma hora depois que tiraram a criança do meio das minhas pernas pra perceberem que tinha alguma coisa errada. Muito errada. Ela era tão preta que me assustou", diz Mel, a mãe de Bride, de pele mais clara. Abandonada pelo marido, que a culpa pela cor da filha, Mel é incapaz de lhe devotar amor, e sua rudeza com Bride denota a um só tempo a decepção que sente e a preocupação com seu futuro. "A cor dela é uma cruz que ela vai carregar pra sempre." Criada sem amor por uma mãe que se recusava a reconhecer a própria existência da filha, Bride tenta reivindicar o amor materno contando uma mentira que culmina na prisão de uma mulher inocente. Anos mais tarde, depois de aprender sozinha a se sentir confortável com a própria aparência e de se tornar uma funcionária bem-sucedida da indústria de cosméticos, Bride procura reparar os danos causados pela sua invenção. Neste poderoso romance, Morrison procura responder a uma difícil pergunta: o que fazer com o erro cometido por uma criança, quando ele foi motivado por uma força contra a qual ela era incapaz de lutar? A tradução de Jose Rubens Siqueira sai pela Companhia das Letras.

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