Boletim Letras 360º #270
Uma edição turbinada de informações excelentes que fizeram a semana em nossa página no Facebook. Reabra espaço nas listas de leitura – é impossível sair daqui sem querer ler mais. E, por falar em listas de leitura, na segunda-feira, 14 de maio de 2018, esteja atento à nossa conta no Instagram: publicaremos nossa nova promoção.
Eduardo Lourenço em cena do novo filme de Miguel Gonçalves Mendes. Mais informações ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
07/05
>>> Brasil: Quem dedurou
os Frank? A pergunta cuja resposta alguma suspeita foi recentemente revelada,
cf. dissemos por aqui noutra post, dá forma a um novo livro sobre Anne Frank
Quem se
dedica à resposta é Vincent Pankoke, um agente aposentado do FBI. Ele lidera
uma investigação que envolve uma equipe multidisciplinar, novas técnicas e
moderna tecnologia – e que promete novos resultados para 4 de setembro de 2019,
75 anos depois de o esconderijo da família Frank e de outros quatro judeus ter
sido denunciado e todos terem sido levados a campos de concentração nazistas.
Anne Frank (imagem), autora do famoso diário, morreu quase um ano depois, em
Bergen-Belsen. Pankoke mantém um diário com os ‘bastidores’ de seu trabalho neste site. Tudo bem construído e com cara
de que vai virar filme… e livro. Anne Frank: A Cold Case Diary será
publicado simultaneamente em 2020 em pelo menos 13 países – incluindo o Brasil
– pela HarperCollins; a notícia é do Estadão.
>>> Brasil: Anunciada a
nova edição de Ariel, de Sylvia Plath
As traduções
de Rodrigo Garcia Lopes e cristina Macedo são reapresentadas pela mesma Verus
Editora. Há muito a obra estava fora de circulação no Brasil. Ariel trata-se de um livro de poesia publicado postumamente em 1965 e que revelou
outra imagem de Sylvia Plath enquanto nome amplamente conhecido e futuramente
alçado ao papel de ícone feminista; com "Ariel", a escritora
estadunidense soube transformar em poesia tanto assuntos particulares como
eventos históricos trágicos. Seus poemas evidenciam as dores de uma vida
traumática, marcada pela morte do pai e pelos conflitos com o marido infiel, e
são a prova do talento dessa poeta que, com otimismo ou sofrimento, soube unir
técnica e emoção na criação de um universo poético inovador. Esta edição
apresentada é bilíngue e reúne fac-similar de manuscritos dos poemas e
restabelece a seleção e o arranjo dos poemas exatamente como Sylvia Plath os
deixou antes de se suicidar, em 1963. Além da reprodução dos manuscritos da
autora, este livro também inclui os rascunhos completos do poema-título, "Ariel", oferecendo ao leitor a oportunidade de acompanhar o processo criativo
da poeta.
Terça-feira,
08/05
>>> Brasil: A edição que
reúne inéditos de Antonio Callado Roteiros de radioteatro durante e
depois da Segunda Grande Guerra já está disponível
Em meados de
2017 anunciamos que a Autêntica
Editora publicaria esta antologia. Nela se reúne dezenove roteiros de
radioteatro – ou radiodrama – escritos entre 1943 e 1947 pelo jornalista,
romancista e dramaturgo Antonio Callado. Os enredos serviriam para serem
transmitidos, em sua grande maioria, pelo Serviço Brasileiro da BBC na
Inglaterra. Antonio Callado havia embarcado para este país em 1941, aos 24
anos, para trabalhar na Seção Brasileira da emissora, então parte do Serviço
Latino-americano. Seu contrato inicial era de seis meses e Callado acabou
ficando por seis anos, entre 1941 e 1947. As peças que foram escritas durante a
Segunda Guerra Mundial e nos anos que se seguem imediatamente a ela revelam um
esforço notável por parte de seu autor em produzir sentido estético e histórico
sobre a presença brasileira no conflito, assim como sobre a posição do Brasil
no arranjo geopolítico e cultural do conturbado mundo de então. O interesse
dessas peças se constitui, sobretudo, em três aspectos: estético, crítico e
histórico. As que foram inseridas nesta publicação possuem dimensão literária,
e sua leitura pode ser proveitosa não apenas para apreciadores da obra de
Antonio Callado, ou simpatizantes de teatro ou radiodramas de forma geral, mas
também para leitores não iniciados no universo da crítica especializada. A obra
é organizada por Daniel Mandur Thomaz.
>>> Brasil: Discurso
histórico de Stefan Zweig contra o fascismo ganha edição fac-similar
Em 1936, por
ocasião de sua primeira viagem ao Brasil, Stefan Zweig proferiu na Escola
Nacional de Música a conferência "A unidade espiritual da Europa", em
que prega o pacifismo, o humanismo e a tolerância, em um momento no qual já se
desenhavam no horizonte os contornos da Segunda Guerra Mundial. Quatro anos
depois, em pleno conflito, voltou à América do Sul e repetiu a conferência em Buenos
Aires, rebatizando-a de "A unidade espiritual do mundo". Agora, o manuscrito
original da palestra – presenteado por Zweig ao então chanceler brasileiro
Macedo Soares, e recentemente adquirido por Renato Bromfman, diretor da Casa
Stefan Zweig – foi reproduzido como facsímile numa edição da Memória Brasil/
Casa Stefan Zweig, organizada por Israel Beloch. A edição é em cinco línguas
(alemão, francês, espanhol, inglês e português) e conta com textos de Alberto
Dines (jornalista e presidente da Casa Stefan Zweig, autor da biografia Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig), Celso Lafer (jurista
e diretor da CSZ), Klemens Renoldner (germanista, diretor do Stefan Zweig
Centre de Salzburg) e Jacques le Rider (germanista, professor da École Pratique
des Hautes Études de Paris). A obra sai pela Edições de Janeiro.
Quarta-feira,
09/05
>>> Brasil: O
bebedor nocturno, os poemas mudados para o português por Herberto Helder
Nos últimos
três anos as Edições Tinta-da-China têm trabalhado na publicação integral da
obra do poeta português Herberto Helder no Brasil, corrigindo, assim, uma das
lacunas mais graves no nosso mercado editorial. E, como vimos a acompanhando,
desde então publicou-se Photomaton vox, Os passos em
volta e Poemas completos. Agora, chega às livrarias mais um
título. Em O bebedor nocturno, Herberto Helder reuniu poesia,
canções e enigmas da tradição judaica, árabe, arábico-andaluz, egípcia,
mexicana, indonésia, japonesa, esquimó, tártara, índia e grega, mais sete
salmos do "Velho Testamento" e o também bíblico Cântico dos Cânticos
que mudou para o português.
>>> Brasil: O romance de
Édouard Louis, O fim de Eddy
Este foi um
livro que revelou o escritor para além das fronteiras de seu país, cf.
sublinhamos noutra post aqui em 2017. A tradução de Francesca Angiolillo sai
pela Tusquets
Editores agora em maio. A obra é descrita como "uma infância no
inferno: a angústia de um garoto obrigado a enfrentar a crueldade e o
conservadorismo de uma comunidade no interior da França". O fim de
Eddy é um romance autobiográfico que desvela o conservadorismo e o
preconceito da sociedade no interior da França. De forma cruel, seca e
sufocante, a violência e a amargura de uma pequena cidade de operários se
contrapõem à sensibilidade do despertar sexual de um garoto estabelecendo um
paralelo direto com as experiências do próprio autor.
>>> Brasil: Nova edição de Utopia, de Thomas More
Escrito por
uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos, esta obra é mais do que um
marco na filosofia moderna; é também a origem de um conceito fundamental a todo
pensamento humanista que se seguiu à sua publicação, em 1516. Nomeado a partir
do grego utopos (não-lugar), a ilha fruto da imaginação virtuosa de
More é uma sociedade fundada em leis igualitárias, na qual toda propriedade é
comum e as pessoas vivem em harmonia, livres de violência e intolerância. A um
só tempo sátira política e inauguração de um duradouro gênero literário,
Utopia é a perfeita definição de um clássico. A nova edição sai
pela Penguin / Companhia; tem tradução de Denise Bottmann e conta com uma
esclarecedora introdução escrita por Dominic Baker-Smith, tradutor de More para
o inglês e especialista em sua obra.
Quinta-feira,
10/05
>>> Brasil: Nova
tradução de O bosque das ilusões perdidas, de Alain Fournier chega
às livrarias em junho
A tradução
de Bernardo Ajzenberg, quem também assina um posfácio, sai pela Grua Livros.
Este é o único livro escrito pelo francês que morreu na guerra um ano após sua
publicação em 1914 e a obra é hoje considerada um clássico da literatura
universal. O romance conta a história de dois amigos, François Seurel e
Agoustin Meaulnes, que numa escola apenas de garotos criam uma relação afetuosa
até que Meaulnes foge e dias depois retorna relatando uma aventura que teve
onde conheceu a mulher de sua vida, Yvonne de Galais. Junto com seu amigo
François decide procurá-la. A edição agora publicada traz ilustrações de Osi
Nascimento.
>>> Brasil: A
chuva imóvel é o novo título no projeto de reedição da obra de Campos de
Carvalho
Segundo
Carlos Heitor Cony, "A chuva imóvel marca o melhor momento da obra de seu
autor. E mais: é um livro que honra toda a literatura brasileira". Aqui
somos apresentados aos conflitos existenciais de André Medeiros, à relação
quase incestuosa com sua irmã gêmea Andréa, às indagações profundas acerca de
si mesmo e da impossibilidade de (sobre)viver em um mundo repleto de
contradições. Neste relato ao mesmo tempo melancólico e furioso, o humor
nonsense – presente desde A lua vem da Ásia – assume uma configuração mais
densa e anárquica, sem nunca deixar, porém, de refletir o estilo marcante de
Campos de Carvalho.
>>> Brasil: Entre J. R.
R. Tolkien e C. S. Lewis, histórias de amor e ódio
Venerados
por leitores do mundo inteiro, os dois maiores escritores de fantasia do século
XX venderam juntos mais de 250 milhões de exemplares de suas sagas O
Senhor dos Anéis e As crônicas de Nárnia. Porém, poucas
pessoas sabem que Tolkien e Lewis, muito diferentes tanto no temperamento
quanto no estilo de escrita, tiveram, ao longo de quase 40 anos, uma relação
conturbada, marcada por afinidades, ressentimentos e influências mútuas. Sem o
encorajamento de Lewis, Tolkien jamais teria escrito O Senhor dos
Anéis; por outro lado, toda a ficção de Lewis é profundamente marcada
pelas ideias de Tolkien. Em O dom da amizade, o professor e
jornalista inglês Colin Duriez conta a verdadeira história dessa relação de
amor e ódio. A obra que há muito estava fora de circulação no Brasil ganha nova
edição com acabamento em tecido. A tradução é de Ronald Kymse e sai pela Happer
Collins Brasil em junho.
Sexta-feira,
11/05
>>> Portugal: Filme
mergulha no pensamento de Eduardo Lourenço
O
labirinto da saudade foi escrito no rescaldo da revolução portuguesa de
25 de abril de 1974, quando se depositavam sobre Portugal todas as esperanças
de uma democracia regeneradora. Movido pelo desejo de que essas esperanças se
cumprissem, e para isso mantendo a sua incansável lucidez de análise e de
crítica, Lourenço realizou o mais fiel retrato da cultura e da mentalidade
lusas, e um grande clássico da filosofia ensaística. Agora, Miguel
Gonçalves Mendes, o mesmo diretor do belíssimo José e Pilar,
apresenta um filme que leva o mesmo título desta obra importante do pensador
português. Narrado e protagonizado pelo próprio Eduardo Lourenço, o
documentário percorre os corredores da sua memória e da história de Portugal.
Pelo caminho, cruza-se com fantasmas do passado e amigos do seu presente –
figuras marcantes da cultura lusófona como Álvaro Siza Vieira, José Carlos
Vasconcelos, Diogo Dória, Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge, Ricardo Araújo
Pereira e Gregório Duvivier, que assumem o papel de interlocutores e condutores
das reflexões presentes no livro. O filme estreia em Portugal por ocasião dos
95 anos do homenageado, no próximo 24 de maio.
>>> Brasil: Ninguém
precisa acreditar em mim, o novo livro de Juan Pablo Villalobos
Em seu novo
romance, que recebeu o prêmio espanhol Herralde de Novela 2016, o autor da
festejada trilogia mexicana narra as peripécias caóticas e hilariantes de um
estudante de literatura em Barcelona.Juan Pablo é um jovem mexicano prestes a
viajar para Barcelona, onde vai cursar o doutorado "sobre os limites do humor
na literatura latino-americana do século XX". Logo antes de sua partida, porém,
ele é convocado para uma "reunião de negócios" com o primo e um grupo de
mafiosos envolvidos com corrupção e tráfico de drogas, num episódio que deixará
marcas irreversíveis em sua viagem. Neste romance com pinceladas
autobiográficas e com altas doses de humor delirante, o autor embaralha os
gêneros ao misturar o relato do narrador com cartas da mãe do estudante — que
ela própria assume como o "filho favorito" — e trechos do diário de Valentina,
namorada do protagonista. Juan Pablo Villalobos apresenta, com estilo capaz de
arrancar gargalhadas do leitor, uma galeria de personagens excêntricos numa
trama rocambolesca e absurda, que mescla paródia e nonsense. O livro sai pela Companhia
das Letras na segunda semana de junho.
>>> Brasil: Duas vezes
Ian McEwan, o inédito Meu livro violeta e a reedição de A criança do tempo
Dois textos
inéditos compõem o primeiro foram reunidos no marco da
celebração de seus 70 anos. "Meu livro violeta" é uma pequena joia da
narrativa curta sobre o crime perfeito. Mestre do suspense e do enredo, Ian
McEwan descreve uma traição literária meticulosamente forjada e executada sem
escrúpulos. Publicado em janeiro de 2018 na prestigiosa revista New
Yorker, o conto revisita um tema caro ao autor e tratado em livros como
Amsterdam: as ambivalências das relações de amizade entre dois
artistas, com doses desmedidas de admiração e inveja. Ao conto que dá título ao
livro se segue o libreto "Por você", escrito para a ópera de Michael
Berkeley. Profundo conhecedor de música, McEwan apresenta uma cativante
história de amor e traição envolvendo quatro personagens: o regente e
compositor Charles Frieth, sua esposa, uma admiradora, e o médico da família.
Em sua primeira incursão no universo da ópera, McEwan mostra que seu talento
como criador de histórias segue sendo insuperável. Acompanha os dois textos um
título que já havíamos avisado por aqui sobre sua publicação neste ano: A
criança no tempo, um romance contundente sobre a dor do desaparecimento
de um filho, que agora reeditado pela Companhia das Letras. Numa ida rotineira
ao supermercado, Stephen Lewis, escritor bem-sucedido de livros infantis, se
depara com a maior agonia de um pai: Kate, sua filha de três anos, desaparece
sem deixar rastros. Numa imagem terrível que se repete ao longo dos anos
seguintes, ele percebe que a garota não vai voltar. Com ternura e
sensibilidade, Ian McEwan nos leva ao território sombrio de um casamento
devastado pela perda de um filho. A ausência de Kate coloca a relação de
Stephen e de sua esposa Julie em xeque, enquanto cada um deles enfrenta à sua
maneira uma dor que só parece se intensificar com o passar do tempo. Vencedor
do Whitbread Award, A criança no tempo discute temas como ausência,
luto, culpa e as marcas indeléveis que um acontecimento pode deixar em uma
família.
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