Boletim Letras 360º #269
Eis uma edição novinha com as informações que fizeram o mural do Letras no Facebook nesta semana. Por aqui, os que nos frequentam com certa assiduidade perceberão que fizemos pequenos e importantes ajustes na organização do blog. Sabe o que isso significa? Que aquele grande trabalho de revisão iniciado há cinco anos pode está próximo, se fecharmos a terceira e última etapa, do fim. Apesar de ser este um espaço, não cansamos de dizer, em contínuo reparo. Estamos aqui. Interaja conosco!
Brasil sedia colóquio alusivo aos 20 anos de entrega do Prêmio Nobel de Literatura a José Saramago. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
30/04
>>> Brasil: Uma caixa
reúne três obras de Virginia Woolf
Mrs.
Dalloway é considerada a obra-prima da escritora inglesa. Publicado
originalmente em 1925, o romance descreve um dia na vida de Clarissa Dalloway,
uma dama de nobre linhagem casada com um parlamentar conservador e mãe de uma
adolescente. O mundo de Mrs. Dalloway — suas memórias, sonhos, arrependimentos
e medos, na Londres do pós-Primeira Guerra — é evocado no famoso fluxo de
consciência de Woolf, em uma linguagem lírica e pungente que fez deste título
um dos mais importantes do século XX. A edição é tradução do poeta Mario
Quintana tem apresentação da jornalista Marília Gabriela. O segundo título é
Orlando, uma das histórias mais populares de Virginia Woolf. Com o
dom de permanecer sempre jovem, a personagem empreende uma viagem por mais de
três séculos, assumindo diversos papéis na sociedade inglesa: de um jovem
membro da aristocracia elisabetana a uma mulher moderna dos anos 1920. A
natureza do homem e da mulher, o amor, a vida em sociedade, a literatura, tudo
é desnudado pela escritora inglesa com um humor fantástico. Publicado pela
primeira vez em 1928, o livro foi um marco na literatura, e particularmente na
escrita das mulheres e nos estudos de gênero. Esta edição conta com a tradução
e a apresentação de Laura Alves. E, a terceira obra reunida na caixa é As
ondas, um dos romances mais experimentais de Virginia Woolf e considerado
uma das obras capitais da literatura do século XX, tanto pela originalidade
quanto pela beleza fascinante de sua prosa poética. O livro é composto por uma
sucessão de monólogos interiores de seis personagens, intercalados com breves
descrições da natureza. Cada personagem exprime sua voz e se retira, em um
movimento rítmico que evoca o fluxo e o refluxo das marés. Esta edição conta
com a tradução da escritora Lya Luft, que transpôs com sucesso para a língua
portuguesa toda a complexidade da narrativa de Virginia Woolf. A edição da
Editora Nova Fronteira sai no final de maio.
>>> Brasil: A versão
condensada de O arquipélago Gulag ganhará nova tradução
No total são
três volumes que já teve edição publicada em inglês, por exemplo. No Brasil, a
obra-prima do escritor Aleksandr Soljenítsyn foi publicada nos anos 1970 - mas
nunca uma versão integral. Os leitores continuarão desejando o improvável. O
livro ganhará nova tradução e edição mas da versão que o próprio Soljenítsyn
escreveu ao constatar que os leitores nunca chegavam a ler o terceiro livro. A
obra é uma das mais conhecidas quando o assunto é a vida nos campos de trabalho
forçado da União Soviética. Escrito clandestinamente de 1958 a 1967, o
manuscrito chegou a ser descoberto pela KGB em 1973, na sequência da prisão de
Elizabeth Voronskaïa, uma colaboradora de Soljenítsyn que o datilografava. Na
sequência disso, o escritor que tinha sido galardoado com o Prêmio Nobel em
1970, decide publicar o livro no exterior. Uma primeira edição em russo é
publicada em Paris ainda em 1973 e depois finalmente a edição francesa, no verão
de 1974. Soljenítsyn fora entretanto preso, acusado de traição, despojado da
nacionalidade soviética e enviado para o exílio, onde estará vinte anos, até ao
seu regresso à Rússia em 1994. Para realizar O arquipélago, o
escritor foi ajudado pelo testemunho de 227 sobreviventes dos campos do Gulag.
O anúncio da nova tradução chega quando se passa o centenário de nascimento de
Soljenítsyn. O livro deve sair entre 2019 e 2020 pela Editora Carambaia.
>>> Brasil: Uma antologia reúne contos de D. H. Lawrence
O
cigano de outras histórias é o título que sai pela Editora Record;
são textos que reúnem as principais características que o consagraram como um
escritor polêmico e moderno para seu tempo: as questões da sexualidade, da
figura feminina, do casamento, do adultério e os demais aspectos das relações
interpessoais. A coletânea inclui seguintes contos: "As filhas do
pastor", "O espinho na carne", "Um estilhaço de vitral",
"O oficial prussiano" e "O cigano". Este último, que dá
título ao livro, surpreende pela lucidez do ponto de vista do autor, ainda na
década de 1920. É por meio da história da jovem Yvette, filha do vigário,
oprimida pela avó e pelas tias e pressionada pelo homem que quer lhe desposar,
que Lawrence questiona o posicionamento da sociedade. O desejo permeia todas as
histórias, aparecendo como importante direcionamento na vida dos personagens.
Mesmo escrita no início do século XX, a obra de D. H. Lawrence permanece atual
e instigante. Antes desta edição a editora havia publicado, do escritor, a antologia Apenas
uma mulher e outras histórias.
Terça-feira,
01/05
>>> Brasil: Evento marca os vinte anos do Prêmio Nobel de Literatura a José Saramago
Trata-se do
1º Colóquio de Estudos Saramaguianos. O evento acontece entre os dias 13 e 15
de junho de 2018, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. A
iniciativa é desenvolvida com parceria entre o Departamento de Comunicação
Social da UFRN e o Grupo de Estudos sobre o Romance, do Departamento de
Linguagens e Ciências Humanas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido e
conta com apoios da Revista de Estudos Saramaguianos e do Centro de Ciências
Humanas Letras e Artes da UFRN. A importância deste encontro é a de estabelecer
diálogos, propiciar o intercâmbio de experiências de leituras e perspetivas em
vistas de contribuir para a tessitura de um momento fundamental na sobrevida do
escritor — e igualmente para seus leitores, que encontram no seu universo
ficcional e nas suas provocações, peças fundamentais para a postura de
desassossegados ante esta realidade fugidia porque complexa e cujos meandros
cobram de nós o necessário debate. A coordenação da proposta são dos professores doutores e pesquisadores na obra de José Saramago, Pedro Fernandes de Oliveira Neto e Maria do Socorro Furtado Veloso. Todas as informações estão disponíveis aqui.
>>> França: Vai a leilão
um lote de cartas que Marcel Proust escreveu para o seu primeiro amante
Trata-se de
um grande leilão da Sotheby's: ao todo 70 lotes de manuscritos, cartas e livros
do escritor francês que pertenciam à coleção de Marie-Claude Mantel, bisneta de
Proust. Os destaques nesse conjunto de papéis são: 138 cartas do editor do
autor de Em busca do tempo perdido, Gaston Gallimard, em que se
pode ter uma visão da estratégia editorial para a publicação de sua obra-prima
durante uma década; um rascunho inédito de uma parte de No caminho de
Swann que supõe ser um dos últimos do tipo que permanecia em coleções
privadas — o restante encontra-se na Biblioteca Nacional da França; a primeira
edição de uma tradução que Proust realizou da obra de Ruskin; e um conjunto de
missivas que escreveu para o seu primeiro amante, Reinaldo Hahn, figura
importante nos salões de moda de Paris. "Quero que estejas aqui todo o
tempo, mas como um Deus disfarçado, a quem nenhum mortal reconheceria".
São 10 cartas em que se pode ler passagens como estas.
Quarta-feira,
02/05
>>> Brasil: Ganhará
tradução por aqui a biografia sobre a Mary Wollstonecraft e sua filha Mary
Shelley
Romantic
Outlaws: The Extraordinary Lives of Mary Wollstonecraft & Mary
Shelley sairá pela Darkside. A biografia de Charlotte Gordon discorre
sobre Wollstonecraft, uma das pioneiras do feminismo que publicou comentários
políticos que respondiam a pensadores homens, escreveu romances e livros
infantis que questionavam a ordem sexual e de gênero, além de defender os
direitos das mulheres num livro que ficou reconhecido entre o pensamento
feminista, Reivindicação dos Direitos da Mulher. Mary Shelley foi
autora de Frankestein, obra que abriu na literatura uma série
diversa de outras possibilidade de representação ao que depois ficaria
conhecido como ficção científica.
>>> Brasil: Nas
livrarias, livro de dissidente coreano
Em 2017,
falamos aqui sobre a edição de A acusação. Histórias proibidas vindas da
Coreia do Norte, assinado por Bandi. O livro, editado pela Biblioteca Azul,
selo da Globo
Livros já está nas livrarias. Foi escrito, relembramos, por um anônimo
conhecido apenas pelo seu pseudônimo que ainda vive na Coreia do Norte. São
sete contos descritos como impactantes, ambientados na década de 1990, que
retratam o verdadeiro cotidiano de homens e mulheres comuns enfrentando os
horrores da vida sob os regimes totalitários de Kim Il-sung e Kim Jong-il. A
obra saiu em partes clandestinamente do país e já agora publicada em mais de
dezenove idiomas. São textos nos lembram que a humanidade é capaz de manter a
esperança mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras – e que a busca pela
liberdade de expressão tem um poder muito maior do que aquele dos que tentam
reprimi-la. "Este livro enfatiza o valor de uma sociedade aberta na qual
muitas vozes podem ser ouvidas, não apenas uma única voz autoritária",
disse Margaret Atwood.
Quinta-feira,
03/05
>>> Brasil: De Balzac a
Jane Eyre. A nova coleção de clássicos da Editora
Nova Fronteira
À extensa
lista dos clássicos de ouro, em reedição desde 2017, e que acompanhamos algumas
nesta página, além às várias caixas com tiragem especial, a editora apresenta
agora um novo projeto em parceria com a Amazon:
a Biblioteca Áurea. A primeira leva de títulos já está disponível; são quatro:
O vermelho e o negro, de Stendhal, tradução de Souza Júnior e
Casemiro Fernandes; Jane Eyre, de Charlotte Brontë, com tradução de
Sodré Viana; O homem sem qualidades, de Robert Musil, tradução de Lya Luft
e Carlos Abbenseth; e Código dos homens honestos, de Honoré de
Balzac, com tradução de Léa Novaes.
>>> Brasil: Os espíritos falam com Victor Hugo
Pela
primeira vez a transcrição de quatro cadernos em que Victor Hugo, sua família e
seus amigos descreveram as sessões espíritas das quais participaram na ilha de
Jersey, entre 1853 e 1855 ganha edição no Brasil. Escritor consagrado e
político atuante, o autor de Os miseráveis se exilara na ilha
britânica após o golpe de Estado de Napoleão Bonaparte. Manifestam-se, por meio
de diálogos, poemas e até mesmo de uma peça de teatro, mais de uma centena de
espíritos – como os de Dante, Shakespeare, Molière, Voltaire, Jesus e Maomé. As
conversas com os espíritos falam sobre a condição humana, o crime e a punição,
o sofrimento e a morte, o destino da alma, a vida no além, a importância do
amor e do perdão. A edição reúne pela primeira vez a maior parte dos escritos
de Jersey, muitos deles inéditos e descobertos recentemente. Documento
essencial para compreender a obra de Hugo posterior ao exílio. O livro
das mesas sai pela editora Três Estrelas.
Sexta-feira,
04/05
>>> Suécia: 2018 sem
Prêmio Nobel de Literatura
A Academia
Sueca anunciou a decisão nesta sexta, 4 mai '18, depois da extensa polêmica
envolvendo assédio sexual e vazamento de informações sigilosas sobre o certame
há pelo menos uma década. As denúncias levaram um grupo de membros da comissão
responsável pelo prêmio à renúncia. A última vez que o prêmio foi suspenso foi
em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. Esta é a maior crise na instituição
desde sua criação, em 1901; todas as ocasiões de suspensão do prêmio foram
relacionadas às grandes guerras (além de 1943, 1914, 1918, 1940, 1941 e 1942)
ou pela falta de consenso do júri em relação ao 'candidato adequado' (em 1915,
1919, 1925, 1926, 1927, 1936 e 1949) e,nestes casos, sempre o nome do ganhador
foi anunciado no ano seguinte. Em 2019, então, teremos dois galardoados.
>>> Brasil: Todo teatro de Hilda Hilst começa a ser publicado no início do segundo semestre de
2018
Os livros
saem pela Editora L± ao todo serão quatro volumes apresentados em duas
partes; em junho saem os dois primeiros: O verdugo e A morte do patriarca mais As aves da noite e O visitante; depois, ainda sem
previsão, saem O rato no muro e O auto da barca de
Camiri mais A empresa, O novo sistema. A apresentação
geral das obras fica por conta da escritora e jornalista Leusa Araujo.
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