Boletim Letras 360º #267
No dia 26 de abril findam as inscrições para o sorteio de Primeiro caderno do aluno de poesia de Oswald de Andrade; é o primeiro de uma parceria entre o blog Letras in.verso e re.verso e o projeto Leia Poesia Brasileira disponível no Twitter @LeiaPoesiaBr. Aviso entregue, vamos percorrer as notícias apresentadas durante a semana na página do Letras no Facebook.
A edição de dois livros de Alejandra Pizarnik abre a possibilidade de termos no Brasil a íntegra da obra da poeta argentina. |
Segunda-feira,
16/04
>>> Brasil: Nova
tradução para Almas mortas, de Nikolai Gógol
A grande
obra-prima de Gógol, romance publicado pela primeira vez em 1842, no qual o
autor, considerado o fundador da moderna literatura russa, elabora um retrato
ao mesmo tempo lírico e satírico de seu país de adoção. O livro traz a história
de Tchítchikov, um especulador de São Petersburgo que viaja pelo interior da
Rússia adquirindo dos nobres locais documentos de posse dos servos (ou "almas")
que já morreram, algo sem valor na província, mas papéis que poderiam dar a seu
comprador um novo status diante da alta sociedade da capital. Baseada na mais
recente edição crítica russa, a brilhante tradução de Rubens Figueiredo é
acompanhada de quatro textos de Gógol comentando a redação do romance e um
ensaio assinado por Donald Fanger, professor emérito da Universidade de
Harvard, que analisa em detalhe toda a genialidade da prosa do autor. O livro
sai em maio pela Editora 34.
>>> Brasil: Uma
coletânea de poemas em torno do tema HIV / AIDS
Esta obra
não deixa de ser uma radiografia da trajetória do vírus e suas repercussões no
corpo, na sociedade e na própria poesia, desde os anos 1980, momento que marcou
a explosão da epidemia, até as experiências da chamada era pós-coquetel. Os
noventa e sete poetas reunidos nessa edição organizada pelo poeta Ramon Nunes
Mello rompem o silêncio a que essas siglas ficaram confinadas pelo
estigma, pelo medo e pelo preconceito, criando um novo imaginário e provocando
novas expressões e reflexões sobre o vírus e a linguagem. Tente entender
o que tento dizer, um título emprestado de uma crônica de Caio Fernando
Abreu, sai pela editora Bazar do Tempo.
>>> Estados Unidos: Os prêmios Pulitzer
Andrew
Sean Greer é o ganhador do Pulitzer para Melhor ficção pelo título Less. A obra tem sido definida como uma brilhante sátira do
estadunidense fora de seu habitat. A narrativa acompanha Arthur Less, um
romancista fracassado e prestes a completar 50 anos. Depois de receber um
convite de casamento de seu ex-namorado de há nove anos, decide fugir de seus
problemas participando de alguns eventos literários de pequena importância fora
de seu país natal; quase se apaixonará em Paris; quase morrerá em Berlim;
escapará por pouco de uma tempestade de areia no Saara; se apresentará como
escritor-residente num retiro na Índia; e encontrará no mar da Arábia a última
pessoa na Terra que quer enfrentar. "Um livro generoso, musical na sua
prosa e expansivo na sua estrutura", foi assim que o júri descreveu a
obra. Greer se junta a algumas lendas literárias vencedoras do prêmio, como
Ernest Hemingway e Edith Wharton, e figuras contemporâneas de renome como
Jhumpa Lahiri e Junot Díaz. A escolha foi uma escolha surpresa do comitê
Pulitzer: muitos esperavam ver o prêmio nas mãos de Jesmyn Ward por Sing
unburied sing ou Min Jin Lee, por Pachinko ou ganhador do Man Booker George
Saunders e o seu Lincoln no limbo. No Brasil, há um título de Geer: As vidas
impossíveis de Greta Wells, publicado pela Editora Jangada em 2016.
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O prêmio de
poesia foi para o poeta Frank Bidart pela
antologia Half-light: Collected Poems 1965-2016, uma obra que
combina poemas dramáticos longos com produções breves e elípticas baseadas na
mitologia clássica, reinventando formas de desejos que desafiam as normas
sociais. Alguns poemas estão copiados aqui. No campo da dramaturgia, o prêmio ficou
com Cost of living, da polonesa Martyna Majok, um livro que convida
os leitores a examinar várias percepções de privilégio e conexão humana através
de pessoas que discordam.
Terça-feira,
17/04
>>> Brasil: A nova
edição de As três Marias, de Raquel de Queiroz
Publicado
originalmente em 1939, conta a história das três amigas Maria Augusta (Guta),
Maria da Glória e Maria José, desde sua infância em um colégio de freiras até a
vida adulta. Neste romance de formação, Rachel retrata o processo de
ajustamento ao mundo pelos olhos das meninas e convida o leitor a acompanhá-las
desde os medos e as incertezas da juventude – quando ainda sonhavam com a
liberdade além das paredes do internato e se abismavam com a cidade – até o
passar dos anos e chegarem ao amadurecimento e aos dilemas da vida adulta.
Sempre juntas, independente das escolhas do caminho. Maria da Glória dedicou-se
à maternidade e à família, Maria José, sempre devota, voltou a morar com a mãe
e virou professora, e Maria Augusta, diferente das amigas, determinou-se a
construir o próprio caminho: voltou a morar com a família, mas, descontente,
retornou para Fortaleza. Trabalhou como datilógrafa e, lá, apaixonou-se. É
Quando a autora permite-se ir mais fundo na perspectiva social e na agudeza da
observação psicológica. E em nada estas três Marias perdem para as três
estrelas da constelação de Orion, que se destacam alinhadas e reluzentes no céu
e serviram de inspiração para apelidar as personagens de Rachel: notórias e
brilhantes na lembrança de todos que as conhecem. A nova edição conta com
prefácio de Heloísa Buarque de Hollanda, fortuna crítica com textos de Mário de
Andrade e Fran Martins e um encarte com fotos da autora e das amigas que
inspiraram as personagens do romance. A edição é da José Olympio / Grupo
Editorial Record.
>>> Brasil: A Editora
Nova Fronteira, no âmbito da sua extensa coleção Clássicos de Ouro, reedita
a tradução de Tatiana Belinky para os contos de Anton Tchékhov
Um dos
maiores autores russos e um dos mais importantes dramaturgos e contistas de
todos os tempos, Tchékhov tinha a rara capacidade de ver e transmitir a beleza
quase imperceptível do cotidiano e mostrar a força e a profundidade da alma
humana, sobretudo, dos sentimentos e das relações pessoais, no que elas têm de
mais nobre ou de mais mesquinho e desprezível. Alguns dos principais contos do
escritor mestre na arte curta foram reunidos e traduzidos por Tatiana Belinky,
agora reeditados em Contos.
Quarta-feira,
18/04
>>> Brasil: O primeiro
livro de Adília
Lopes ganha edição no Brasil
No início do
mês de março de 2018, divulgamos que a Editora Moinhos publicará
a obra de Adília Lopes no Brasil. E o primeiro título já chegou: Um jogo
bastante perigoso. Apresentado em Portugal pela primeira em 1985, o marco
inicial na carreira da poeta já demonstra uma poesia capaz de rasteiras
espetaculares no leitor, ao misturar vocabulário da mecânica quântica e
citações cifradas a/de autores clássicos, com a lógica mental das vizinhas, das
tias velhas, das bonecas de louça, a vidinha em Lisboa, as osgas, deixando-nos
desamparados – e apaixonados. O livro, que traz textos de Valter Hugo Mãe e
Adelaide Ivánova, está nas livrarias a partir de maio.
>>> Brasil: Coletânea
de crônicas de Carlos Drummond de Andrade em edição comemorativa dos 75 anos
do Grupo
Editorial Record
"O sr.
Carlos Drummond de Andrade é um razoável prosador que se julga bom poeta, no
que se ilude. Como prosador, assinou algumas crônicas e alguns contos que
revelam certo conhecimento das formas graciosas de expressão, certo humour e
malícia" - as frases integram uma crônica na qual o poeta de Itabira traça
um bem-humorado e razoavelmente condescendente autorretrato. São textos como
este e outros com o habitual sentimento terno e amargo diante dos absurdos e da
beleza da vida, em que Drummond registra, com perfeição e elegância, fatos da
vida diária e da política brasileira, a morte de amigos, a natureza e a
literatura, o que se encontra nesta antologia agora relançada. A seleção de
textos feita por Fernando Py é reapresentada em edição integralmente nova que
inclui encarte com fotos e uma seleção de correspondências inéditas do poeta
com Alfredo Machado, fundador do Grupo.
Quinta-feira,
19/04
>>> Brasil: Os dois
primeiros títulos da obra de Alejandra Pizarnik
Os
trabalhos e as noites foi publicado em 1965, logo após o retorno de
Pizarnik à Argentina (ela viveu em Paris de 1960 a 1964). Encontram-se aqui
vários dos elementos que marcam a poética de Pizarnik: a extrema brevidade;
poemas construídos em torno de um número reduzido de palavras, quase sempre
"nobres", sem concessões ao coloquialismo ou ao pop; a ausência quase
total de lugares identificáveis, referências históricas ou geográficas, cenas
cotidianas; a atmosfera noturna (e soturna); uma radical negatividade. Esta
edição traz apresentação da poeta Ana Martins Marques. Já Árvore de
Diana, publicado em 1962, é o quarto livro de Alejandra Pizarnik;
constitui uma espécie de salto inaugural, já que traz a marca do que será seu
estilo dali em diante. Da temporada em Paris, esses poemas explicitam alguns
dos diálogos que ela estabelece na altura, por exemplo com Octavio Paz, que
escreve o prefácio do livro, ou Julio Cortázar, que tem um poema dedicado a si.
Também ficam evidentes, neste livro, seu interesse pelas artes plásticas e
determinados procedimentos estilísticos e temáticos, vários deles herdados do
surrealismo francês, que será uma referência constante para ela, tanto em
textos críticos e traduções, quanto nos poemas, com menções mais ou menos diretas.
A edição brasileira traz ainda apresentação da poeta Marília Garcia. Os dois
títulos são traduzidos por Davis Diniz e saem pela Relicário Edições.
>>> Brasil: O
livro das evidências, o novo título de John Banville editado no Brasil
Sai pela
Biblioteca Azul / Globo Livros. Frederick Charles St. John Vanderveld
Montgomery, mais conhecido como Freddie Montgomery, é um exemplo de bon-vivant.
Após abandonar o emprego de cientista, decide morar com a esposa, Daphne, e o
filho em uma ilha do Mediterrâneo, bebendo gim e aproveitando os prazeres da
vida às custas do dinheiro da família. Quando a herança deixada pelo pai acaba,
Freddie resolve pegar um empréstimo para manter seu alto padrão de vida, mas
termina envolvendo-se com pessoas de má índole. Para sanar essa dívida, Freddie
decide então abandonar a família e voltar para sua terra natal, a Irlanda, em
busca do que restou do espólio de seu pai. Só não contava que sua mãe, Dolly,
havia usado o restante dos bens deixados como herança para investir no nem tão
promissor comércio de pôneis. Desesperado, Freddie decide então recuperar as
obras de arte que sua mãe vendeu para um conhecido colecionador da região e,
nessa tentativa frustrada, comete um assassinato. Narrado a partir dos relatos
de Freddie Montgomery na prisão, O livro das evidências é um típico
romance do irlandês John Banville, vencedor do aclamado Man Booker Prize. Com
uma escrita ácida repleta de ironias, Banville brinda os leitores com mais uma
obra-prima da literatura contemporânea.
Sexta-feira,
20/04
>>> Brasil: Três títulos
assinalam o retorno da obra de Wander Piroli
A obra do
escritor mineiro, cujo resgate chegou a ser encenado pela Cosac Naify antes de
seu fim, ganhará mais uma chance de ter sua obra conhecida: a editora Sesi-SP
comprou os direitos de sua obra adulta e infantil e começa lançá-la este ano. A
casa editorial começa com três livros infantis que a Cosac chegou a lançar:
O matador, Os dois irmãos e Nem filho educa
pai.
>>> Brasil: Nova edição do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna
Desde a
apresentação do último livro escrito por Suassuna, a Editora
Nova Fronteira tem retrabalhado sua obra com o que tem chamado de
edições definitivas. O livro da vez é o Auto da Compadecida - a peça teatral
em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano. Sendo um drama do Nordeste
brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a
comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e
tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral
[demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também
regionalismos relativos ao Nordeste. Trata-se da obra projetou Suassuna em todo
o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do
moderno teatro brasileiro". Além de novo projeto gráfico, a nova edição inclui
ilustrações inéditas.
>>> Brasil: O recente
romance do escritor português João Pinto Coelho ganha edição pela LeYa
Com Os
loucos da rua Mazur, ele recebeu o Prêmio LeYa 2017. O romance narra uma
história sobre violência, memória e literatura ao apresentar de forma original
o avanço alemão pela Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A partir do encontro
entre dois amigos de infância - um livreiro cego e um escritor à beira da morte
-, a narrativa leva o leitor a um pequeno povoado da Polônia entre 1935 e 1941,
uma cidade de cristãos e judeus, de loucos e sãos, ocupada por soviéticos e
alemães, que acabou dominada pela barbárie e jamais voltou a ser o que era. A
LeYa, que publica agora a obra premiada, já havia editado por aqui Perguntem a Sarah Gross, o primeiro título de João Pinto Coelho.
>>> Brasil: Nova
tradução para Um artista do mundo flutuante, de Kazuo Ishiguro
O romance
ambientado no Japão após a Segunda Guerra Mundial havia sido publicado no
Brasil no final da década de 1980. A nova edição integra a lista de novos
títulos do escritor Prêmio Nobel de Literatura 2017 anunciados pela Companhia das
Letras. Em Um artista... Masuji Ono, protagonista e narrador, é
um homem de seu tempo: pintor de grande renome do Japão antes e durante a
Segunda Guerra, ainda jovem Masuji desafiou o pai para seguir a vocação
artística e, durante seu desenvolvimento criativo, lutou contra as amarras da
arte tradicional japonesa para dar lugar a uma produção propagandística a
serviço de seu país. Usando a influência de que gozava perante as autoridades
do governo imperial, Ono buscava ajudar pessoas em situações menos favorecidas
do que a sua. Ambientado nos anos imediatamente após a rendição, o romance
descortina a vida de Masuji já aposentado, procurando entender as mudanças
vividas pelo país e impressas na mentalidade da geração mais jovem, da qual
fazem parte suas duas filhas. Este é também um poderoso romance sobre a
velhice, a culpa e a passagem do tempo. A nova tradução é de José Rubens
Siqueira.
>>> Brasil: Uma coleção
de contos russos exclusiva
Preparada
pela Editora Kalinka para a Livraria Cultura, a coleção MIR reúne alguns
títulos ainda distantes do leitor brasileiro; cada edição segue o formato
bilíngue e traz um QR code com um conteúdo em áudio. Até agora foram
apresentados três títulos: O elefante, de Aleksandr Kuprin com
tradução de Tatiana Larkina; A velha, de Daniil Kharms, e Bobók e meia carte de um sujeito, de Dostoiévski, traduzidos por
Moissei e Daniela Mountain.
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