Boletim Letras 360º #266
Uma chamada
para todo amante e para os que precisam amar a poesia. Já falamos outras vezes sobre
o projeto LeiaPoesiaBr, mas vale a pena um clique aqui para saber mais e melhores
informações sobre; só adiantamos: no último dia 9 de abril as atividades do
projeto começaram. E está imperdível! Daqui a pouco você olha e participa,
porque antes deve correr os olhos para as publicações que fizeram o calendário
da semana em nossa página no Facebook.
O boom Hilda Hilst. Nesta semana a Companhia das Letras anunciou várias edições com a obra da poeta homenageada em Paraty em 2018. |
Segunda-feira,
09/04
>>> Brasil: A
Universidade de Campinas herdará a biblioteca de Antonio Candido
Segundo o
jornal Folha de São Paulo, o acervo do professor e crítico
literário passava por negociações para fazer parte da Universidade de São
Paulo, no Instituto de Estudos Brasileiros, onde estão boa parte de seus
papéis. Mas, a USP desistiu da aquisição alegando que geraria duplicatas em seu
acervo e que os livros não estavam higienizados. As filhas de Candido decidiram
então que a biblioteca irá para Campinas, como doação. "Um grupo de
empresários se organiza para comprar os livros e doá-los para a Unicamp, mas,
mesmo que isso não dê certo, a família pretende doá-los da mesma forma",
destaca a informação da FSP. O acervo é composto por obras que Antonio Candido
manteve consigo até o fim, porque já havia doado a maior parte de seus livros
em vida para diversas universidades. No conjunto, além de títulos com
dedicatórias, há livros raros que ele havia herdado da família.
>>> Estados Unidos: Novo livro
de J.R.R. Tolkien, em agosto
O escritor
falou sobre a "queda de Gondolin" diversas vezes em suas obras.
Agora, as diversas versões dessa mesma história são reunidas em um novo volume: The fall of Gondolin é editado por Christopher Tolkien, filho do
escritor, com ilustrações de Alan Lee e, nos EEUU, será lançado pela
HarperCollins no fim de agosto. A expectativa é que no Brasil a obra saia neste mesmo período. Desde o mês passado, a obra do autor passou ao domínio da
HarperCollins brasileira. Falamos sobre aqui.
Terça-feira,
10/04
>>> Brasil: Livro reúne
ensaios de Aurora Bernardini, uma das principais difusoras da literatura russa
no Brasil
Professora
da Universidade de São Paulo desde os anos 1960, tradutora premiada,
colaboradora do Estado e uma das principais difusoras da literatura russa no
Brasil, Aurora Bernardini terá uma seleção de seus escritos publicada em livro.
Com organização de Valteir Vaz e prefácio de Arlete Cavaliere, Aulas de
Literatura Russa: de Púchkin a Gorenstein será lançado pela editora
Kalinka em setembro. O volume traz mais de 30 artigos que, juntos, formam uma
espécie de panorama da literatura russa. Estão, ali, textos publicados ao longo
dos anos, em veículos diversos – aqui, inclusive –, sobre autores clássicos,
como Fiodor Dostoievski, Lev Tolstoi, Anton Chekhov, Marina Tsvetáieva, Daniil
Kharms, Joseph Brodsky, entre outros. Alguns dos ensaios abordam, ainda,
questões teóricas e noções que permeiam a cultura russa. Antes disso, a editora
apresenta sua Coleção Mir – para ler e ouvir os russos. (Via Estadão).
>>> Inglaterra: Expõem pela
primeira vez em quatro décadas um dos retratos que Francis Bacon dedicou ao seu
amante George Dyer
A última
exposição foi em 1977; em maio, depois de uma turnê pela Inglaterra a obra será
peça num leilão em Nova York pela Christie's. A estimativa é que "Study
for Portrait", descrita pelo diretor de arte contemporânea da casa como
"uma celebração brilhante e visceral da musa mais célebre de Bacon,
alcance os US$ 30 milhões. George Dyer foi uma fonte contínua de inspiração
para o pintor, mas por motivos profundamente trágicos. Seis anos de pintar este
retrato que agora se exibe, Dyer se suicidou no quarto de hotel que dividia com
o pintor em Paris. Faltava só dois dias para o artista inaugurar uma importante
retrospectiva no Grand Palais de Paris. Desde então, movido pela dor, nunca
deixou que exibissem/ nem retornou a essa imagem.
Quarta-feira,
11/04
>>> Brasil: Outro título
de Mario Bellatin ganha edição por aqui
A tradução
de Antônio Carlos Santos sai pela editora Cultura e Barbárie. É uma edição
limitada a 100 exemplares de Carta sobre os cegos para uso dos que
veem. A obra é apresentada por Carlos Prado do El País como o
que define Moroa Monogatari sobre uma tradição japonesa de narrativas contadas
por um deficiente. Aqui os protagonistas são, nas palavras da narradora "um par
de irmãos, cegos e surdos, abandonados por nossos pais e reclusos num pavilhão
clandestino da Colônia de Alienados Etchepare, onde seguimos um curso de
escrita ministrado por um professor que se diz escritor". Quer dizer, com a ajuda
de um computador pendurado no pescoço, uma cega e surda parcial conta a seu
irmão o que acontece num sanatório mental durante uma aula de escrita criativa
ministrada por um escritor medíocre. Esse professor é maneta (como Bellatin) e
tem um gosto mórbido e humorístico por desviar do assunto. À diferença de
outros textos mais elípticos de Bellatin, Carta sobre os cegos... se sustenta no fluxo de consciência de uma narradora à la Beckett, às vezes com
as previsíveis costuras desse tipo de textos que abusam da repetição de motivos
temáticos com fins rítmicos. Dos textos mais recentes do escritor editados por
aqui saíram na extinta Cosac Naify, Flores e Cães
heróis.
>>> Brasil: A coleção
¡Nosotros! editada pela editora Mundaréu apresenta outro título – Luto, do escritor guatemalteco Eduardo Halfon
O livro
chega depois de obras de nomes como William Ospina, Miguel Ángel Asturias e
Mario Benedetti. Em Luto, Halfon retoma memórias de sua infância
marcada tanto pela situação política e social da Guatemala como pelas novidades
trazidas pela mudança para os Estados Unidos. Uma multiplicidade de referências
que dão tom e paradoxalmente consistência à narrativa. A objetividade da narrativa
de Halfon é eloquente, e não raro avassaladora. Assim, uma história que parece
aleatória e fragmentada se mostra inteira e firmemente tecida; os deslocamentos
geográficos maram deslocamentos anímicos; as memórias formam uma identidade e
uma vida, entrecruzada e por vezes em choque com outras tantas vidas. E que
termina por ser comovente em sentido pleno: somos movidos a outros lugares,
outras reflexões, outros sentimentos. A tradução é de Lui Fagundes.
>>> Brasil: Morreu
Massaud Moisés
Figura
importante para a crítica e os estudos literários no Brasil – sucedeu Fidelino
de Figueiredo e Antonio Soares Amora, introdutores no país dos estudos em
literatura portuguesa. Massaud Moisés nasceu em São Paulo, onde viveu, em 1928;
havia celebrado os noventa anos no último dia 9. Professor na Universidade de
São Paulo e em várias cátedras em universidades dos Estados Unidos, publicou
várias obras até hoje indispensáveis à formação de alunos dos cursos de Letras
no Brasil, como A criação literária, A literatura
portuguesa, o Dicionário de termos literários, dentre outras.
Quinta-feira,12/04
>>> Brasil: Duas vezes das muitas Hilda Hilst. Sai em
junho uma caixa reunindo a prosa e a poesia da escritora brasileira
A Companhia das
Letras, por ocasião da Festa Literária de Paraty, prepara diversos
lançamentos em 2018 da obra de Hilda Hilst – dentre eles, a apresentação
individual de seus títulos (ver o restante deste Boletim) e uma antologia reunindo toda a prosa, cf. já
noticiamos por aqui noutra ocasião. Da prosa reúne
pela primeira vez toda a ficção de Hilda. A estreia da poeta na prosa aconteceu em 1970, com Fluxofloema, celebrado título que foge às
categorias fáceis: ao longo de cinco textos de prosa com alta voltagem poética,
a autora revela seu talento extraordinário. Este, Rútilo nada, Qadós, Ficções, Tu não te moves de ti, A obscena senhora D, Com meus olhos de cão e outras
novelas, O Caderno Rosa de Lori Lamby, Contos
d'escárnio/ Textos grotescos, Cartas de um sedutor e Estar sendo/ Ter sido formam a obra. A caixa inclui textos inéditos
de Daniel Galera, Carola Saavedra e Alcir Pécora, que organizou a obra da
escritora nos anos 2000 para a editora Globo.
•••
A Companhia das
Letras publica ainda antologia com melhores poemas de Hilda Hilst que tematizam o
amor. De amor tenho vivido.50
poemas é ilustrada pela artista Ana Prata. Do primeiro livro de poesia, Presságio,
de 1950, até o último, Cantares do sem nome e de partidas, de 1995,
o amor que atravessa toda a produção poética de Hilda Hilst está neste conjunto de poemas. Em constante diálogo
com a tradição de odes, trovas e cantares, os poemas tematizam o amor em suas
múltiplas formas: a entrega ao amado, o desejo ardente, a expectativa pelo
encontro, o medo da despedida. Ei-los aqui reunidos. Assim como a caixa, a
previsão de lançamento é para a primeira semana de junho.
>>> México: Morreu
Sergio Pitol
Nascido em
1933 em Puebla e criado na cidade de Córdoba, Veracruz, Pitol foi sempre um
ávido leitor e os seus primeiros trabalhos colocaram-no lado a lado com outros
escritores contemporâneos como Salvador Elizondo, Inés Arredondo ou Juan García
Ponce e publicamente elogiado por nomes como Enrique Vila-Matas, Roberto Bolaño
e Antonio Tabucchi. Tornou-se parte do corpo diplomático do seu país natal nos
anos 1960 – enviado para a China maoísta. Permaneceu oito meses, mesmo antes da
Revolução Cultural. Foi romancista, tradutor e professor. No Brasil, saíram
títulos como Vida conjugal (romance, 2009), publicado pela Companhia das
Letras, e O desfile do amor (romance, 2000), pela editora Mandarim. Em 2005,
recebeu o Prêmio Cervantes.
Sexta-feira,
13/04
>>> Brasil: Livro reúne
contos consagrados de João Anzanello Carrascoza
Por meio de
pequenas situações, João Carrascoza convida o leitor a contemplar o mistério da
vida como quem contempla a paisagem, de lado, no banco de um carro. Com
profundidade, proximidade e poeticidade, o autor faz desse contemplar um
exercício de percepção de diferentes realidades em seu novo livro, lançado pela
Editora Positivo: A estação das pequenas coisas. A antologia reúne
dezoito contos, selecionados de livros publicados nos últimos dez anos de
carreira do autor. Fabíola Ribeiro Farias é a responsável pela seleção e
organização.
>>> Brasil: Hilda Hilst
na coleção Poesia de Bolso da Companhia das
Letras
Depois de
anunciar uma caixa reunindo toda poesia e toda prosa mais uma antologia com
poemas sobre amor, a editora apresenta a edição de Júbilo, memória,
noviciado da paixão. Lançado pela primeira vez em 1974, este livro
introduz uma nova fase na escrita de Hilda Hilst: é o primeiro volume de poesia
depois de sua estreia na ficção. Autora de uma extensa produção de poesia, que
teve início com Presságio, em 1950, Hilda na década seguinte passou
a se dedicar a outros gêneros literários. No fim dos anos 1960, em apenas três
anos ela produziu oito peças de teatro. Logo na sequência, viriam dois livros
de ficção: Fluxofloema, de 1970, e Qadós, de 1973. A
obra agora reeditada no âmbito da coleção Poesia de Bolso se tornou uma das
obras mais lidas, festejadas e estudadas de Hilda. Com a forte marca da prosa,
este volume de poemas apresenta os temas que consagraram a poeta: a entrega
amorosa, a devoção mística, o anseio pelo encontro, o temor da morte. Este
livro, como os demais anunciados aqui, está previsto para a primeira semana de
junho.
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