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Mostrando postagens de abril, 2018

Da ponte do acaba mundo, no erro de um relâmpago: Naveganças em três linhas, de Tarcísio Bregalda

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Por Guilherme Mazzafera O quarto livro do poeta Tarcísio Bregalda é marcado pela promessa de uma ambiciosa síntese poética: conjugar, sempre em três versos, uma vasta amplitude de experiência. A não adoção de metros fixos permite a obtenção de diferentes ritmos, ora mais tensos e harmônicos, ora mais frouxos e dissonantes, o que, a despeito dos resultados diversos, incute certo dinamismo na leitura dos mais de 80 poemas que compõem as Naveganças em três linhas (Adonis, 2014). Os leitores dos livros anteriores de Tarcísio ( Os riscos das margens , 1997; Itinerau , 2011; e O pensar pelos barrancos , 2012) já conhecem algumas das pequenas obsessões do escritor: a Serra da Mantiqueira, os alpendres mineiros, as contínuas homenagens a seus anjos tutelares e, sobretudo, à poesia ela mesma. Todas comparecem aqui, de modo que é possível ler Naveganças como súmula, sempre provisória, de uma obra em constante refazimento, em que o reaproveitamento de versos, estrofes e até po

Boletim Letras 360º #268

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Em publicação realizada esta semana no Instagram deixamos a ideia de que preparamos uma promoção nova para os nossos leitores. Reforçamos a suspeita. Em breve, você saberá melhores detalhes sobre. Enquanto isso, vamos a seguir com as notícias que publicamos durante a semana em nossa página no Facebook . Boas leituras! Obra máxima de Walter Benjamin ganha reedição no Brasil. Mais informações ao longo deste Boletim. Sábado, 21/04 >>> Brasil: Morreu o cineasta Nelson Pereira dos Santos Nascido em São Paulo em 1928, Nelson vivia no Rio de Janeiro. Bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Considerado um dos mais importantes cineastas do país, foi um dos precursores do Cinema Novo. Interessado pela releitura de obras literárias para grande tela, o cineasta compôs algumas das leituras mais importantes, como a adaptação premiada de Vidas secas  (1963). Na mesma linha criativa realizou para a grande tela outro clássico de Graciliano

Greve e morte como duplo desvelar em Incidente em Antares

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Por Rafael Kafka Incidente em Antares é uma marca realista mágica interessante dentro da literatura nacional e da obra de Érico Veríssimo que, assim como os primeiros tomos de sua saga O tempo e o vento , cria uma pequena arqueologia das oligarquias que dominaram – ou ainda dominam – a região sul do país. A diferença é que a saga se detém de forma demorada em criar literatura em cima de fatos históricos concretos, cumprindo perfeitamente bem a missão de recriar e recontar, haja vista que mesmo sendo densa e longa, O tempo e o vento ­ – ao menos em suas partes iniciais lidas por mim até agora – é uma obra de leitura bastante agradável. Enquanto isso, Incidente em Antares repassa de forma acelerada fatos históricos do século XX mostrando como duas famílias rivais – Vaccarianos e Campolargos – se unem em prol de um bem maior: dar-se bem com as artimanhas políticas. Podemos dizer que os protagonistas dessa obra são os discursos reacionários das famílias, em especial nas

O dom, de Vladimir Nabokov

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Por Pedro Fernandes Há escritores que dedicaram toda uma vida na escrita de um só livro. Alguns, com esse desejo universal conseguiram a proeza de escrever mais de um que se destaca no âmbito de seu projeto literário. Estes são pouquíssimos. E entre estes não se encontra Vladimir Nabokov. A afirmação poderá parecer arriscada para um leitor estagiário na sua obra, mas não é vazia ou produto de uma suposição profética. Ela se apoia na leitura de vários textos sobre outros livros do escritor russo-estadunidense que sublinham mais ou menos o mote a partir do qual se constrói suas narrativas: um escritor em busca da obra ideal se debruça no seu projeto, escreve, alcança o feito, e o feito é a própria obra que o leitor tem em mãos com a assinatura de Vladimir Nabokov. É possível que este procedimento varie, obviamente; mas, em linhas gerais o mote de composição se estabelece: o escritor encerrado em seu labirinto de obsessões trabalha as matérias que tem ao seu alcance, grand

Projeto Flórida, de Sean S. Baker

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Por Pedro Fernandes É verdade que não é de hoje a preocupação do cinema para com uma crítica ao modelo social vigente, este que tem sido vendido como o ideal de civilização e de liberdade dos indivíduos. Mas, o cinema estadunidense, porque integrado a tal modelo não foi de nenhuma maneira um precursor nessa crítica, embora tenha apostado de vez em quando em releituras de outras obras – e aqui podemos citar As vinhas da ira . A crise inaugurada no começo deste século terá sido o ponto crucial para o estabelecimento de uma cinematografia que deixa a mera idolatria de corte nacionalista para a partir do desenho de algumas situações propor um questionamento de determinados status quo .  E esse movimento os estadunidenses acompanham a partir do cinema europeu, sempre mais afeito a uma lente realista e não meramente fabuladora da história. A safra nesta seara é grandiosa e poderíamos citar como exemplo mais próximo à proposta de Sean S. Baker, I, Daniel Blake , um filme bri

Torquato Neto, exercício de liberdade

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Por Pedro Fernandes eu sou como eu sou pronome pessoal intransferível do homem que iniciei na medida do impossível Os versos que abrem este texto são do poema “Cogito” incluído na antologia Melhores poemas Torquato Neto preparada por Cláudio Portella. É um daqueles textos em que o poeta exercita uma definição sobre si, um trabalho de constituição de sua identidade pela obra da qual é criador e pela qual, por que não, também se cria. Possivelmente, este poema deve comparecer em quaisquer coletâneas do poeta, porque é uma de suas melhores composições. A afirmativa está livre de qualquer arroubo heroicizante sobre um poeta continuamente redescoberto nos últimos anos. E, muito menos, se interessa em reduzir o valoroso trabalho criativo do autor a apenas um texto. E, ainda que fosse, sosseguemos, era já motivo para não o desmerecer do epíteto que o designa. O diálogo desse poema é com o pensamento fundador da razão proposto por René Descartes no seu Discurso do

Livros para o Dia do livro

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Ilustração Fernando Vicente Não podíamos fazer melhor. Um blog cuja vida está em grande parte marcada pela presença dos livros, encontra uma maneira à sua cara de celebrar uma data fundamental aos amantes deste objeto artístico de maior interesse. O Dia do Livro começou a ser celebrado na Catalunha em comemoração ao aniversário de Miguel de Cervantes, isto é, no dia 5 de abril. As celebrações depois foram transferidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) para o dia 23. Isso foi em 1995. No território de origem, a data já havia sido mudada para esta ocasião em 1930. Nas duas situações a marca era, agora revista, o dia da morte do autor de Dom Quixote . Sabe-se que Cervantes morreu um dia antes. De toda maneira, restou ainda uma data marcante, a da morte de William Shakespeare, embora ainda exista imprecisão sobre se este acontecimento aconteceu mesmo num 23 de abril. Com ou sem acontecimento para assinalar este dia, o livro reúne t