Boletim Letras 360º #261


Na próxima semana iniciaremos uma promoção nova no Instagram do Letras. Para saber mais detalhes sobre e participar fica, então, o convite para seguir o @Letrasinverso. Sem mais o que avisar, vamos às notícias que fizeram parte, esta semana, do mural do Letras no Facebook.

Victor Heringer, o vazio que fica e nunca nos passará.


Segunda-feira, 05/03

>>> Brasil: A Editora UFMG reedita Passagens, de Walter Benjamin

A notícia foi divulgada na semana anterior na página da editora aqui no Facebook. A nova edição do clássico título do pensador alemão se apresenta em três volumes. Passagens é uma das obras historiográficas mais significativas do nosso tempo. A partir de Paris, a "capital do século XIX", especialmente suas galerias comerciais enquanto "arquipaisagem do consumo", são apresentados a história cotidiana da modernidade – com figuras como o flâneur, a prostituta, o jogador, o colecionador – e os meios de uma escrita polifônica que vai desde a luta de classes até os fenômenos da moda, da técnica e da mídia. Esse hipertexto com mais de 4.500 passagens constitui um dispositivo sem igual para se estudar a metrópole moderna e as megacidades do mundo atual. Esta é a obra que o autor não conseguiu terminar e foi encontrada na Biblioteca Nacional de Paris após o fim da Segunda Guerra e publicação se deu só em 1982. A edição primeira apresentada no Brasil pela Editora UFMG e a Imprensa Oficial era raridade a peso de ouro nos sebistas e seu formato ideal apenas para manipulação em gabinete.

>>> Inglaterra: Serão essas anotações trabalho de William Shakespeare?

As anotações nas margens de um texto do século XVI que se acredita ter sido uma das fontes para Hamlet poderiam ter sido feitas pelo próprio Shakespeare, de acordo com o pesquisador John Casson; a afirmação vem depois do seu contato com uma cópia de Histoires Tragiques, de François de Belleforest, disponível na biblioteca nacional da Inglaterra, um texto francês de 1576 que já se pensou ter sido uma das fontes da tragédia shakespeariana por apresentar a história de como um príncipe dinamarquês, Amleth, vinga o assassinato de seu pai pelo tio, o último se casando com sua mãe, Geruthe. Casson percebeu que os símbolos de tinta desbotada haviam sido feitos nas margens ao lado de seis passagens - três das quais lidavam com a decisão do príncipe de fingir estar bravo para esconder seus planos de vingança. Casson acredita que há chances de que as marcas foram feitas por Shakespeare. "Quem mais estava interessado neste texto no final do século XVI? Há apenas uma pessoa que sabemos que estava interessada nele, e esta é Shakespeare", disse o pesquisador, que detalhou suas descobertas no jornal da British Library. Embora as anotações não apareçam datadas, Casson acredita que elas são anteriores a Hamlet, que foi escrito em torno de 1601, por duas razões: primeiro, uma das passagens sublinhadas no livro diz que "O direito de sucessão é uma maneira melhor (escolher um monarca) do que a da eleição". "Essa não teria sido uma anotação sublinhada quando James I estava no trono [de março de 1603]. Ele teve dois filhos. Isso não interessaria a ninguém mais tarde", disse Casson. Além disso, "não há menção à peça. Se você estivesse anotando após a peça, você colocaria: "Este era Hamlet de Shakespeare". Casson também argumenta que as anotações dão mais peso à sua controversa teoria de que Sir Henry Neville, um cortesão de Elizabeth I, foi autor das peças de Shakespeare. Casson já expôs esta teoria em um livro em 2016, Sir Henry Neville Was Shakespeare: The Evidence, e diz que as anotações no Belleforest poderiam ter sido feitas por Neville. O cortesão leu e escreveu em francês, e sua biblioteca no Audley End, Essex, inclui anotações usando o mesmo símbolo "y" encontrado na cópia da biblioteca britânica do Belleforest. A possível descoberta tem dividido opiniões entre os estudiosos da obra de Shakespeare.

Terça-feira, 06/03

>>> Brasil: Reedição de Confissões de um jovem romancista, de Umberto Eco

Umberto Eco publicou seu primeiro romance, O nome da rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas Confissões, escritas quase trinta anos depois de sua estreia na ficção, o autor rememora sua longa carreira como teórico e os principais trabalhos como romancista, refletindo sobre os processos que utiliza ao escrever ficção. Originalmente, os quatro ensaios do livro foram parte do programa Palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna, na Universidade Emory, em Atlanta, Estados Unidos. Ao mesmo tempo medievalista, filósofo e estudioso da literatura contemporânea, Umberto Eco se mostra um "jovem romancista" que ainda surpreende ao ensinar sobre a arte da ficção e o poder das palavras. A tradução de Marcelo Pen então apresentada pela extinta Cosac Naify sai agora pela Editora Record.

>>> Brasil: Ana Luís Amaral e Carlos de Oliveira no catálogo da Editora Oficina Raquel

Sai em abril o livro infantil Lenga lenga de Lena, a hiena, de Ana Luísa Amaral; até agora a face mais ou menos conhecida da autora era a de poeta. Além deste infantil a casa também prepara um livro de ensaios de Ana Luísa; este ainda sem título. No mês de junho sai uma antologia de poemas de Carlos de Oliveira, poeta português que dá nome a um prêmio literário atribuído pela Câmara Municipal de Cantanhede, em Portugal.

Quarta-feira, 07/03

>>> Brasil: Mais um título da coleção de livros do Fernando Pessoa organizada pela pesquisadora Teresa Rita Lopes

Primeiro foi a edição de Livro/s do desassossego; depois Vida e obras de Alberto Caeiro; agora sai a nova edição de Vida e obras de Ricardo Reis. Neste livro, Teresa Rita Lopes, uma das maiores especialistas do autor português, tenta libertar os poemas de Reis de leituras adulteradas. Além disso, treze poemas inéditos aumentam o corpo inteiro da poesia ricardiana. Ricardo Reis é um dos famosos heterônimos de Pessoa, que encarregou‑o, apesar de o fazer médico de sua profissão, de ser professor de latim "num importante colégio americano". Reis, pagão do seu crepúsculo, bebe e desfia os seus versos para esquecê‑lo, e põe em poesia, feita música, a mágoa de sermos breves e tudo ignorarmos. "Este Ricardo Reis vai até às suas mais longínquas origens: o gigante mitológico Livor, do poema dramático homónimo, escrito em 1911, de que Ricardo Reis fará ecoar algumas falas. Assistimos, neste livro, à evolução de Ricardo Reis, que sobrevive a Pessoa. E podemos constatar que, nos últimos tempos, finge o que este deveras sente", diz a pesquisadora organizadora da obra. A edição é da Global Editora.

>>> Brasil: Morreu Victor Heringer

O escritor nasceu no Rio de Janeiro em 1988, onde vivia e fazia parte da equipe do acervo de Literatura do Instituto Moreira Salles. Cursou a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na curta vida, publicou quatro livros: Cidade impossível (Romance, Multifoco, 2009), Automatógrafo (Poesia, 7Letras, 2011) Glória (Romance, 7Letras, 2012, vencedor do Prêmio Jabuti) e O amor dos homens avulsos (Romance, Companhia das Letras, 2016, finalista dos prêmios Rio de Literatura, São Paulo de Literatura e Oceanos). Além desses títulos, quatro plaquetes de poesia: "Idioma cego" (2007), "Quando você foi árvore" (2010), "Canção do sumidouro" e "O escritor Victor Heringer" (2015). Em 2016, O amor dos homens avulsos figurou entre as melhores publicações em prosa daquele ano segundo o Letras. No Twitter, enquanto retomava o breve contato com o escritor, o editor do Letras, Pedro Fernandes sublinhou a dor da perda: "A morte é cruel; e com jovens que apresentam todo vigor para contribuir com um mundo menos pesado, como Victor Heringer, ainda mais cruel. Ficam seus livros e textos – são algum consolo. Mas fica também o imenso vazio que nos olha à espera de nossa hora".

Quinta-feira, 08/03

>>> Brasil: O livro de contos A face serena, da escritora Maria Valéria Rezende

A autora é tida atualmente como uma das mais representativas vozes da literatura brasileira. Ganhadora do Prêmio Casa de Las Américas (2016) e do Prêmio São Paulo de Literatura (2017), Maria Valéria Rezende também coleciona em sua carreira literária outros conquistas significativas, como o Jabuti, concurso que venceu por mais de uma vez. O livro de contos a ser publicado pela Editora Penalux A face serena levou menção honrosa em dois certames literários: em 2008 (sob o título A utilidade da cobra), pelo Prêmio Lucílio Varejão, Cidade do Recife; e em 2013, pelo prêmio Cidade de Belo Horizonte.

>>> Brasil: As lições de poética de Paul Valéry

Nestas Lições de poética, Paul Valéry nos propõe considerar a literatura — e a arte em geral — não como "obras" acabadas, mas, primeiro, como atos do intelecto que a compõem, e, segundo, como atos do intelecto que recebem a obra. Aliás, hoje mesmo se fala muito em escritura — e ainda mais em leitura —, mas quantas vezes nos lembramos de que esses substantivos se referem a atos de intelectos individuais? Mesmo que o intelecto produtor saia de si para tentar calcular os efeitos da obra em quem vai contemplá-la, ele inevitavelmente volta a si para a composição. Para ele, a obra mesma é o termo desse processo. Para o leitor (ou para o ouvinte, para o espectador...), porém, a obra nada mais é do que a origem de uma nova série de atos do seu próprio intelecto. A obra com tradução de Pedro Sette-Câmara sai pela Editora Âyiné.

Sexta-feira, 09/03

>>> Brasil: Ainda o projeto de edição de Philip K. Dick

É um dos maiores nomes da ficção científica em todo o mundo e encabeça, também, a lista dos autores do gênero mais roteirizados em Hollywood. Os dez contos de sua autoria reunidos em Sonhos elétricos foram adaptados para a série televisiva britânica de mesmo título; trata-se de uma antologia de histórias futurísticas que, ao mesmo tempo, ilustram a visão profética de Dick e celebram o eterno apelo midiático de sua obra. Seguindo o que a literatura de Dick tem de melhor, os contos aqui apresentam cenários familiares, mas ao mesmo tempo estranhamente distorcidos, e têm o poder de questionar a realidade e tirar o leitor de sua zona de conforto. A tradução de Daniel Luhmann participa do projeto editorial que publica a obra do escritor no Brasil pela Editora Aleph.


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