Boletim Letras 360º #259
Este boletim é o ponto final de mais uma semana do Letras. E, aproveitamos esta ocasião quando recuperamos todas as notícias que foram divulgadas em nossa página no Facebook para adiantar que na próxima semana neste blog a segunda estreia de novo colunista. Esperem e não se arrependerão —é só o que temos para dizer.
Oswald de Andrade, o reinventor de formas. Edição do livro Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade ganha fac-similar noventa anos depois da primeira edição.
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Segunda-feira,
19/02
>>> Brasil: Kyra
Kyralina, de Panaït Istrati ganha edição por aqui
Há muito que
a obra do escritor romeno não circula no Brasil; títulos como
Mediterrâneo: nascer do sol e Eis vida datam dos anos
1930 e 1940, respectivamente, estão, desde então fora de catálogo. Kyra Kyralina foi publicado pela
primeira vez em 1923, dois anos depois da tentativa frustrada de Istrati de se
suicidar e nunca chegou por aqui. Este é o primeiro livro do ciclo Adrien Zograffi. Este livro o levou
a ser aclamado como o Górki dos Balcãs. O protagonista da narrativa é Stavro, o
primeiro gay proletário da história literária, na pesquisa itinerante de sua
irmã Kyra Kyralina, uma menina de beleza brilhante. Adrian, o alter ego do
autor, abandona sua mãe e sua cidade natal muito jovem para seguir Stavro, um
vendedor de limonada. As turbulentas aventuras de Stavro dão vida a uma
história na história, que quase sem fim multiplica as ruas da errância - por
escolha ou por força — ao longo dos caminhos do romance e do mundo. Página após
página emerge a figura mágica, sensual e imperiosa da bela Kyra, irmã perdida e
miragem brilhante de juventude e prazer, que Stavro procura implacavelmente, da
Romênia a Istambul, da Turquia à Síria e ao Líbano, em uma sucessão de tiros de
cena incrível, alternando com vislumbres pungentes de poesia. Sai pela Editora Carambaia em
março e tem tradução de Erika Nogueira. O projeto gráfico desta edição, elaborado pelo Estúdio Margem, lembra uma caderneta de viagem, referindo-se à errância do escritor e de seus personagens. Elementos geométricos marcam as aberturas de capítulos, inspirados em mapas da cartografia otomana, com suas linhas e pontos de fuga. A capa, em tecido vinho e gravação em dourado, retoma as cores das vestimentas das populações balcânicas na época em que se passa o romance.O livro traz posfácio de Fábio Bonillo.
>>> Brasil: Até o fim de
2018 várias reedições da obra de Rubem Braga
Até agora, a
obra de Rubem Braga era encontrada nos catálogos das editoras do Grupo Record,
da Autêntica e da Global. Depois de uma longa negociação, a Global Editora passa
ser a casa exclusiva do cronista capixaba. Dele, já publicou Coisas
simples do cotidiano (2013), Crônicas do Espírito Santo (2015), O poeta e outras crônicas de literatura e vida (2017),
coletânea de crônicas inéditas em livro sobre seus amigos literatos, e Dois pinheiros e o mar, antologia de textos também inéditos sobre
meio ambiente. A coordenação editorial é de André Seffrin e os lançamentos
previstos são Recado de Primavera, Ai de ti, Copacabana e O conde e o passarinho. Para este ano, ainda estão previstos Morro do isolamento, O homem rouco, A borboleta
amarela, Um pé de milho e 100 crônicas
escolhidas.
Terça-feira,
20/02
>>> Brasil: A obra de
João Antônio começa a voltar às livrarias a partir de maio
Primeiro,
sua obra de estreia Malagueta, perus e bacanaço, lançada em 1963 e
sem uma nova edição desde o fim da Cosac Naify, que a tinha relançado em meados
anos 2000. O título integra o projeto da Editora 34 em reapresentar a obra de
João Antônio no Brasil anunciado desde o ano passado, incluindo a proposta de
uma edição incluindo todos os contos e inéditos do autor.
Malagueta... sai em maio.
>>> Portugal: Um livro
reunindo textos inéditos e dispersos do escritor Vitorino Nemésio
A edição
portuguesa é da Editora Companhia das Ilhas, em parceria com a Imprensa
Nacional-Casa da Moeda. A obra é organizada por Vasco Rosa, editor e
pesquisador, e integra a reedição das obras completas do escritor a sair em 16
volumes a partir deste ano, cf. noticiamos em 2017 por aqui; o primeiro volume
deste projeto sai no fim de abril: Poesia I (1916-1956).
Quarta-feira,
21/02
>>> Brasil:Uma peça de
teatro de Mikhail Bulgákov ganha edição por aqui
Trata-se de Os dias dos Turbin cuja leitura da tradução foi apresentada em 2017
no Sesc / Consolação durante o ciclo "7 Leituras, 7 Autores, 7
Diretores"; o evento então assinalava o centenário da Revolução Russa. O
livro deve sair até o fim do ano pela Editora Carambaia. A tradução é de Irineu
Franco Perpétuo, quem recentemente traduziu do mesmo autor O mestre e
Margarida, publicado pela Editora 34. Esta peça de Bulgákov estreou em
1926 e fala sobre a Guerra Civil que se seguiu à Revolução Russa, retratada do
ponto de vista dos Brancos, os opositores dos bolcheviques.
>>> Brasil: Ligeiramente
fora de foco ganha reedição
Trata-se de
uma obra que tão logo a Cosac Naify encerrou suas atividades se tornou uma
raridade, mas agora ei-la de volta às livrarias. Endre Friedmann, que mais
tarde ficou conhecido como Robert Capa, nasceu em 1913 na cidade de Budapeste.
Embora quisesse ser escritor, tornou-se fotógrafo. Obrigado a fugir da Hungria
aos 16 anos devido a suas atividades contra o regime do almirante Horthy,
instalou-se em Berlim, onde conseguiu um emprego de entregador e, depois, de
aprendiz de fotógrafo na agência Dephot. Sua primeira reportagem foi realizada
em 1932, na cidade de Copenhague, com Leon Trótski. Em 1933, diante da ascensão
do nazismo, mudou-se para Paris, onde conheceu Henri Cartier-Bresson, André
Kertész, David Seymour e Gerda Pohorylle, que se tornou sua companheira (e com
quem criou o pseudônimo Robert Capa). Em 1936, fez sua primeira cobertura de
guerra na Espanha. A vida de Robert Capa foi guiada por um movimento
irrefreável, que o fez fotografar cinco guerras: a Guerra Civil Espanhola
(1936-1939), a resistência chinesa à invasão japonesa (1938), a Segunda Guerra
Mundial na Europa (1941-1945), a primeira Guerra Árabe-Israelense (1948) e a
Guerra da Indochina (1954). Neste livro, produziu os mais incríveis registros
de guerra e se mostra um contador de histórias nato. Em seus relatos, fala
sobre sua vida privada e profissional, das suas experiências como
correspondente de guerra, da convivência com seus amigos John Steinbeck e
Ernest Hemingway, e de sua namorada, a atriz Ingrid Bergman, de quando foi
viver nos Estados Unidos.
Quinta-feira,
22/02
>>> Brasil:A poesia
completa de Matsuo Bashô
As
cinco estações é o nome escolhido por José Lira para a antologia que
reúne sua tradução da poesia Matsuo Bashô, mestre japonês do haikai, forma de
poesia concisa, escrita com três versos, em geral com cinco, sete e cinco
sílabas. É a primeira tradução no Brasil que reúne todos os haikai de Bashô:
mais de mil poemas acompanhados do original em escrita kanji (ideogramas
japoneses) e romaji (transliteração em alfabeto latino), além de notas para
cada poema.
>>> Brasil: Editora
Carambaia acessível
Para celebrar seu terceiro
aniversário, no final de março, a Carambaia apresentará a coleção Acervo, que
oferece ao leitor uma nova forma de colecionar os títulos da editora. A
proposta é publicar os livros que tiveram sua tiragem inicial esgotada. Os
livros chegam em edições reformuladas, acessíveis, em novo formato e agrupadas
em uma coleção que terá títulos com tiragem inicial de três mil exemplares.
Partindo da ideia de acervo, o projeto gráfico terá na capa de cada edição as
informações contidas na ficha catalográfica. Dados que geralmente constam das
páginas de crédito internas dos livros. Os primeiros títulos da coleção serão o Dicionário do Diabo, de Ambrose Bierce, e Salões de
Paris, de Marcel Proust, previstos para o próximo mês; e em agosto, a
editora prepara a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.
>>> Brasil: Alberto
Manguel sobre Jorge Luis Borges
Em 1964,
Alberto Manguel, então com dezesseis anos, trabalhava em uma famosa livraria de
Buenos Aires, onde era possível encontrar as últimas novidades publicadas na
Europa e nos Estados Unidos — e onde todas as tardes Borges passava, retornando
da Biblioteca Nacional. Um dia, o escritor, já cego, perguntou ao jovem Manguel
se ele estaria disposto a ler para ele à noite, já que sua mãe, Doña Leonor,
com noventa anos, se cansava facilmente. O apartamento de Borges é um lugar
fora do tempo, povoado de livros e palavras, um universo puramente verbal onde
Manguel descobrirá o tipo de conversa que lhe era congenial — a dos livros e de
sua feitura. E descobrirá (ele que havia crescido em Israel e que a partir de
1968 viveria em diversos países), a única terra à qual vale a pena pertencer — a da literatura. Com uma paixão constantemente moderada por um afável
comedimento, Manguel nos faz compartilhar sua descoberta, permitindo-nos conhecer
o que de Borges não conhecíamos. Tanto que, no final, nos é difícil acreditar
que não conhecemos pessoalmente Borges, que não fomos hóspedes em sua casa.
Com Borges sai pela editora Âyiné e a tradução de Priscila Catão.
Sexta-feira, 23/02
>>> Brasil:A vida, a
produção literária e o pensamento de José Saramago orientam a exposição "Saramago — os pontos e a vista" que abre ao público no dia 6 de março na
cidade de São Paulo
A proposta
para a exposição Saramago, os pontos e a vista, se baseia no uso inédito de um
rico acervo de materiais audiovisuais, criando uma vivência singular do ponto
de vista de José Saramago em primeira pessoa; pretende olhar para as diferentes
dimensões do escritor, ampliando a compreensão que o público brasileiro tem
sobre sua figura. A curadoria é de Marcello Dantas e a produção dos vídeos de
Miguel Gonçalves Mendes. Além de um vasto material audiovisual, o visitante
poderá ver alguns objetos pessoais do escritor, como o computador com o qual
escreveu Ensaio sobre a Cegueira e a cama dos seus avós, que viajou da sua
terra natal, Azinhaga. A mostra, que conta com o apoio da Fundação José
Saramago, estará patente no espaço Farol Santander, no centro da cidade, até ao
próximo dia 3 de junho. Poderá ser visitada de terça a domingo, das 9h às 19h.
A entrada é livre.
>>> Brasil:Em 2018,
outros dois livros de Haruki Murakami por aqui
Agora em
março, está previsto pela Alfaguara O elefante desaparece. Num
sufocante dia de Verão, um advogado põe-se à procura do seu gato e dá de caras
com uma estranha mulher num jardim abandonado detrás de casa. Mais adiante, as
dores provocadas a meio da noite pela fome levam um jovem casal de recém-casados
a fazer uma incursão noturna e a assaltar um McDonald’s para conseguir pegar
trinta hambúrgueres Big Mac, realizando assim um secreto desejo que já
vinha dos tempos da adolescência. Um homem fica obcecado pela misteriosa e
incrível saga de um elefante que desaparece da noite para o dia sem deixar
rasto. Sem esquecer as confidências de uma mulher casada e jovem mãe com
insônias que passa as noites em claro, a ler Tolstói, e acorda para a vida num
mundo indefinido de semiconsciência em que tudo se afigura possível - até mesmo
a morte. São dezassete pequenas histórias aparentemente banais, das muitas que
povoam o nosso cotidiano, que Haruki Murakami reuniu de publicações esparsas
entre 1980 e 1990. Além deste livro, ainda no primeiro semestre prevê-se a
chegada do primeiro volume do romance O assassino do comendador; o
segundo e último volume desta obra apresentada entre 2015 e 2016 no Japão deve
sair no segundo semestre de 2018.
>>> Brasil: Sai
edição fac-similar de Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de
Andrade
Eis mais um
dos lançamentos previstos noutra postagem do Letras de meados de 2017: em março
a Companhia
das Letras representa este importante livro para a literatura
brasileira modernista. Foi em abril de 1927 que se imprimiu a tiragem de
trezentos exemplares do Primeiro caderno do aluno de poesia; tanto
pela dimensão visual — com projeto gráfico de Tarsila do Amaral e ilustrações
do próprio autor — quanto pelo conteúdo revolucionário, a obra se consagraria como
pioneira entre os livros de artista no universo da poesia brasileira. Foi sua
segunda coletânea de poemas, precedido por "Pau-Brasil"; o livro
reitera a máxima proclamada pelo autor no "Manifesto da Poesia Pau-Brasil":
aqui está o poeta, com toda ousadia e radicalidade, vendo "com olhos livres". A
edição agora reapresentada, além da cópia fac-similar que reproduz o exemplar
guardado na Coleção Brasiliana Itaú, do Itaú Cultural, reúne uma separata com o
ensaio "Oswald, livro livre", de Augusto de Campos, e "A infância do mau
selvagem", texto inédito de Manuel da Costa Pinto. Os dois volumes vêm
acondicionados num envelope.
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