Boletim Letras 360º #253
Até o dia 28 de janeiro estão abertas as inscrições para participar da promoção que sorteará cinco leitores; o primeiro do grupo poderá escolher entre as edições colocadas para sorteio: A noite da espera, de Milton Hatoum; Laços, de Domenico Starnone; O marechal de costas, de José Luiz Passos; a edição especial de A hora da estrela, de Clarice Lispector; e Uma forma de saudade, diários de Carlos Drummond de Andrade. Para participar é bastante simples. Tudo em nossa página no Facebook, de onde copiamos as notícias deste boletim.
Sábado, 06/01
>>> Brasil: Morreu
Carlos Heitor Cony
Apesar da notícia sobre a morte do escritor ser divulgada pela imprensa no sábado, a informação é de que aconteceu na sexta-feira, 5 de janeiro. Carlos Heitor Cony vivia no Rio de Janeiro, onde nasceu em 1926; além de exímio escritor, atuou como jornalista e era
editorialista no jornal Folha de São Paulo. Membro da Academia Brasileira de
Letras (ABL) desde 2000, escreveu romances (entre os quais se destacam Matéria de
memória, Pessach: a travessia e Pilatos), contos,
crônicas, novelas, roteiros para o cinema, entre outras produções. Recebeu
vários prêmios literários, dentre eles o Machado de Assis, da ABL, pelo
conjunto da obra, em julho de 1996. Dois anos depois, recebeu do governo
francês, em Paris, a comenda de Chevalier da Ordre des Arts et des Lettres.
Segunda-feira,
08/01
>>> Brasil: Uma
biografia de Wislawa Szymborska
A grande
poeta polonesa, Prêmio Nobel de Literatura em 1996, terá sua biografia
publicada pela Editora Âyiné no
início de 2019. Quinquilharias do passado (título provisório) foi
escrito por Anna Bikont e Joanna Szczęsna, que tiveram longas conversas com
Wislawa Szymborska, em 2012. A obra passa pelo ambiente familiar e literário da
poeta, seu amor por badulaques kitsch, limeriques, a adesão pelo comunismo na
juventude e, mais tarde, após a desilusão, a aproximação do partido
Solidariedade.
>>> Brasil: Livro de
Mircea Cărtărescu ganha edição por aqui
Nostalgia foi publicado em 1989 e eleito um dos melhores romances do escritor romeno. A
narrativa consiste em cinco partes distintas que se articulam de forma assídua
para produzir um enredo que, por um lado, é desarticulado e, por outro lado,
produz, como um todo, uma espécie de centro escondido enquanto negocia a
relação com o tempo e o lugar, o estado e o nacionalismo, o comunismo e a
comunidade, o rural e a capital com um férula neurótico e alucinante que parece
uma exalação de todas essas ansiedades. A tradução de Fernando Klabin sai pela Editora
Mundaréu.
Terça-feira,
09/01
>>> Brasil: Já nas
livrarias o terceiro título da coleção Goethe
Viagem
à Itália é apresentado como um relato fiel, pessoal e autobiográfico do
gênio alemão sobre sua temporada no país de Dante. O alemão viajou pela Itália
de setembro de 1786 a abril de 1788 e se ocupou de toda sorte de assuntos
durante sua estadia no país, o que faz desse livro uma espécie de enciclopédia.
Este é o terceiro título de uma coleção com obras de Goethe coordenada por
Mario Luiz Frungillo para a Editora Unesp. Já
publicada no Brasil, esta obra ganhou nova tradução, apresentação e notas de
Wilma Patricia Maas.
>>> Estados Unidos: A aquisição
do arquivo de Arthur Miller pelo Harry Ransom Center abre a possibilidade de
sua presença online
O anúncio da
compra foi realizado neste dia 9 de janeiro pela Universidade do Texas em
Austin. O arquivo contém várias versões dos scripts de Miller, muitos
reeditados ao longo de sua carreira para novas produções; somam-se papéis de
contratos, materiais de marketing, rascunhos de inéditos, discursos e ensaios;
revistas com textos do dramaturgo que abrangem desde a década de 1940 até a
década de 2000; a correspondência com colegas importantes do mundo literário e
teatral, incluindo Edward Albee, Saul Bellow, Harold Clurman, Norman Mailer,
Harold Pinter e John Steinbeck – algumas dizem respeito a quando foi
investigado durante o período de perseguição sofrido por todos aqueles acusados
de marxistas durante do Macartismo. E além de tudo uma vasta coleção de
fotografias que documentam não apenas vários registros do escritor, como
produções de suas peças e situações familiares. Arthur Miller já em vida
manteve estreita relação com o arquivo do Ransom Center: foi um dos primeiros
que doou um conjunto de manuscritos e cadernos de rascunho ao centro no início
da década de 1960. Miller é um dos dramaturgos mais louvados; suas peças
ganharam inúmeras honrarias, incluindo um Prêmio Pulitzer quando tinha apenas
33 anos e quatro Tony Awards, dentre outras.
Quarta-feira,
10/01
>>> Brasil: Chega às
livrarias no final de janeiro a reedição de Sobre os
escritores, de Elias Canetti
Vencedor do
Nobel de Literatura de 1981, Canetti decidiu, pouco antes de sua morte, confiar
à Biblioteca de Zurique seus textos ainda inéditos – e pediu que não fossem
liberados antes de 2024. Entretanto, com o intuito de comemorar o centenário do
nascimento do autor, sua filha se antecipou. Entre esses escritos encontram-se
os que compõem Sobre os escritores. Por meio de aforismos, anotações,
ensaios e conferências – selecionados por Penka Angelova e Peter von Matt –,
Canetti trata de Proust, Shakespeare, Joyce e Kafka, entre outros, e faz da
erudição um alicerce seguro para mostrar o seu amor pela literatura. A tradução
de Kristina Michahelles sai pela José Olympio.
>>> Portugal: Herberto
Helder cronista e jornalista
Uma faceta
menos conhecida do poeta português ganha contornos em março: a de repórter em
Angola, no semanário Notícia. Em minúsculas resulta da
pesquisa, transcrição, revisão e seleção de textos por Daniel Oliveira, filho
do escritor, Diana Pimentel e Raquel Gonçalves, e reúne o trabalho jornalístico
de Herberto Helder, realizado em Angola entre abril de 1971 e junho de 1972,
que assinou como Herberto Helder e Luís Bernardo; são crônicas e reportagens
jornalísticas. A obra é editada pela Porto Editora.
Quinta-feira,
11/01
>>> Suécia: Jorge Amado
e Carlos Drummond de Andrade estiveram na lista de finalistas do Prêmio Nobel
de Literatura
A cada cinquenta
anos a Academia Sueca revela a lista de finalistas candidatos ao Prêmio Nobel
de Literatura. E a de 1967 traziam os brasileiros Jorge Amado e Carlos Drummond
de Andrade. Não é a primeira vez que o nome de Amado aparece entre os
favoritos; noutras ocasiões, o poeta João Cabral de Melo Neto também estivera
cotado. Em 1967, o galardão foi atribuído a Miguel Ángel Asturias,
escritor nascido na Guatemala, autor do romance O senhor
presidente. Além de Asturias, Drummond e Jorge Amado, a lista trazia Graham
Greene, Jorge Luis Borges, W. H. Auden, Yasunari Kawabata, que venceu o Nobel
no ano seguinte, Samuel Beckett, premiado em 1969, Claude Simon, que seria
premiado em 1985, Saul Bellow, premiado em 1976; Eugenio Montale, premiado em
1975 e Pablo Neruda, premiado em 1971.
>>> França: A Gallimard
decidiu suspender a publicação dos panfletos antissemitas do escritor
Louis-Ferdinand Céline
A polêmica
começou no final de 2017 depois da divulgação da editora francesa de que
reeditaria estes textos nos quais o autor de Viagem ao fim da noite se pronuncia contra os judeus, despreza a democracia parlamentar e não esconde
a simpatia pelos nazistas. Antoine Gallimard, neto do fundador da Gallimard e à
frente desta casa editorial, escreveu umacarta à Agência France-Presse (AFP)
com o recuo: "Em nome da minha liberdade de editor e da minha
sensibilidade, suspendo este projeto, na convicção de que não estão reunidas as
condições metodológicas e memoriais para o poder encarar serenamente". O
anúncio da reedição dos panfletos provocara reações diversas no país: Antoine
Gallimard chegou a ser convocado para uma reunião pelo Governo francês, além de
sofrer retaliação de várias entidades, como do Consistório Central Israelita de
França, principal instituição de representação religiosa do judaísmo francês, e
da associação Filhos e Filhas de Deportados Judeus na França. Fáceis de
encontrar na internet, e também nos sebistas, se se estiver disposto a pagar o
preço, os opúsculos antissemitas de Céline não estão proibidos na França, mas
ninguém ainda os reeditou no pós-guerra. O próprio autor nunca autorizou este
feito, uma decisão que a sua viúva, Lucette Destouches, hoje com 105 anos,
sempre manteve, até ter aparentemente mudado de ideia: em 2012 ela autorizou a
editora canadense Huit, do Quebec, a publicar uma edição crítica, organizada
por Régis Tettamanzi, dos "Écrits Polémiques de Céline": o volume
inclui três dos referidos panfletos antissemitas – "Bagatelles pour un
Massacre", "L’École des Cadavres", escritos nas vésperas da
Segunda Guerra Mundial, e "Beaux Draps", publicado na França ocupada
pelos nazis – precedidos do texto anticomunista "Mea Culpa". A edição
francesa seria confiada também a Tettamanzi.
>>> Brasil: Lembram da
prometida edição reunindo alguns contos de Franz Kafka? Aí está! Nas livrarias
brasileiras até o final de janeiro
No final
década de 1960, a editora Civilização brasileira havia publicado uma edição
reunindo alguns dos contos de Franz Kafka; o projeto foi retomado e aos textos
daquela antologia acrescentados outros e todos em nova tradução a partir do
alemão e novo título. Blumfeld, um solteirão de mais idade e outras
histórias reúne 36 contos do escritor tcheco. Além de narrativas mais
conhecidas no Brasil, como "Josefine, a cantora" e "Um artista
da fome", o livro traz contos inéditos, como "O guarda da
cripta", único drama que escreveu. Os textos têm como marca os limites da
estranheza e daquilo que é considerado menor ou desimportante. O tradutor
Marcelo Backes, quem traduziu os textos a partir do alemão, é quem organiza
antologia.
Sexta-feira,
12/01
>>> Brasil: Outro título
na lista das reedições da obra de Thomas Mann pela Companhia das
Letras
Confissões
do impostor Felix Krull. Recém-chegado à idade adulta, o jovem
aristocrata que dá título a este romance se vê numa situação lamentável depois
que o pai leva a família à falência, como resultado de uma má gestão dos
negócios, e tira a própria vida. Mas ele não se dará por vencido e fará de tudo
para reerguer-se, custe o que custar. Sedutor, belo e hábil na arte da trapaça,
ele conhecerá um marquês que lhe propõe assumir sua identidade. O simpático
impostor é o herói deste romance picaresco de Thomas Mann, uma autobiografia
ficcional de um homem para quem todos os meios são aceitáveis para se atingir
os fins desejados. Embora tenha começado a ser concebido nos anos 1910, e parte
dele tenha saído antes em forma de conto, este foi o último livro publicado por
Mann, no outono de 1954. A tradução de Mário Luiz Frungillo chega às livrarias
na segunda semana de fevereiro.
>>> Brasil: Reedição de
David Copperfield, de Charles Dickens
Publicado
originalmente como folhetim entre 1849 e 1850, este é o romance mais
autobiográfico do escritor inglês. Mas não só: nas palavras Dickens, que
inspirou outros importantes nomes da literatura ocidental como Tolstói, Kafka,
Woolf, Nabokov e Cortázar, este foi seu "filho predileto". Nele,
acompanhamos a jornada David Copperfield, nascido na Inglaterra dos anos 1820:
órfão de pai desde o nascimento, a personagem pertence à imensa massa de
desfavorecidos que a literatura do século XIX, pela primeira vez, presenteou
com o protagonismo. Parte fundamental da tradição do grande romance realista,
este livro oferece não apenas um retrato acurado de seu tempo como também um
contundente relato sobre a vocação literária. A tradução de José Rubens
Siqueira, editada pela extinta Cosac Naify sai pela Penguin / Companhia das
Letras no início de março.
>>> Brasil: Edição reúne
os três volumes da autobiografia do ícone do pensamento filosófico feminista e
uma das principais representantes do movimento existencialista francês do
século XX
Depois da
caixa com os dois volumes da obra-prima de Simone de Beauvoir, O segundo
sexo, a Editora
Nova Fronteira prepara juntamente com a Amazon outra caixa, agora com
os textos autobiográficos da pensadora. Memórias inclui as obras Memórias de uma Moça bem-comportada, A força da idade e A força das coisas. O primeiro volume é um relato vívido de sua
criação dentro de uma família burguesa respeitável no começo do século XX; o
segundo compreende um período particularmente fecundo da trajetória de Simone,
de 1929 a 1944, os anos decisivos na formação literária, filosófica e política
da intelectual francesa e delimitando a época áurea do existencialismo. Por
fim, o terceiro livro inicia-se na Paris da libertação, com a abordagem de
acontecimentos políticos, relatos de viagens, pessoas e filmes que marcaram sua
vida. A força da idade também sai em fevereiro na Coleção Clássicos
de Ouro, da mesma casa editorial com prefácio de Mirian Goldenberg. A caixa
Memórias está prevista para abril.
>>> Brasil: Depois de A família Manzoni, Companhia das
Letras publica Léxico familiar
Este livro
de Natalia Ginzburg integrou, num passado recente, a coleção Mulheres
Modernistas da extinta Cosac Naify; desde os anúncios de repasse dos títulos da
editora para outras casas, sabia-se que o título integraria a mesma coleção a
ser reeditada pela SESI – o que, até o momento não aconteceu. A Cia. se adianta
e reedita Léxico familiar, livro em que, lugares, fatos e pessoas
são reais. "Não inventei nada", escreve Natalia Ginzburg. Nos anos
1930, como consequência da criação de leis raciais na Europa, inúmeras famílias
foram obrigadas a deixar seu lar, tornando-se apátridas ou sendo literalmente
destroçadas pela guerra que se seguiu. É nesse cenário que se inscrevem as
memórias de Ginzburg. Nelas, o vocabulário afetivo de um clã de judeus
antifascistas se contrapõe a um mundo sombrio, atravessado pelo autoritarismo.
Trata-se de uma história de resistência. O livro de 1963, também o mais
conhecido da italiana, chega às livrarias brasileiras na segunda semana de
fevereiro; a tradução é a mesma de quando fez parte na coleção da Cosac – a de
Homero Freitas de Andrade.
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