Boletim Letras 360º #252
No último boletim anunciamos que planejávamos a primeira promoção de 2018; esta semana divulgamos em nossas redes sociais que sortearemos cinco livros em nossa página no Facebook: A noite da espera,
de Milton Hatoum; Laços, de Domenico Starnone; O marechal de
costas, de José Luiz Passos; a edição especial de A hora da estrela,
de Clarice Lispector; e Uma forma de saudade, diários de Carlos
Drummond de Andrade. Fiquem atentos! A seguir as notícias que copiamos em nosso mural no Facebook.
Está lançado o primeiro rojão de 2018. Um impasse sobre a publicação ou não de uma coletânea de folhetos antissemitas produzidos por Louis-Ferdinand Céline. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
01/01
>>> Brasil: 4321 o retorno de Paul Auster
São mais de
oito centenas de páginas com a história de um jovem que atravessa as décadas
mais complexas dos Estados Unidos no século passado. O livro é apresentado
sempre como um romance de fôlego que exige muito ao leitor. Há um protagonista,
o jovem que faz quatro em um, de nome Ferguson, que leva o leitor a viajar pela
sua vida. Centrado em si, as ondas da percepção daquela sociedade vêm até ao
leitor de forma suave: a história da família. 4321 é uma
radiografia de algumas das obsessões de Auster: a arte do beisebol, a ausência
da figura paterna dada a dedicação excessiva ao trabalho, o cinema, o erotismo
possível na descoberta do corpo na adolescência. O livro sai em maio pela Companhia das
Letras.
Terça-feira,
02/01
>>> Peru: O novo livro
de Vargas Llosa continua sua investida contra a esquerda
Se há um
escritor entre os grandes que foi protagonista da tensão ideológica entre a
esquerda e direita esse é Mario Vargas Llosa, que passou de um leitor devoto de
Sartre fascinado com la revolução cubana a se converter num de seus grandes
críticos. De tudo isso fala em La llamada de la tribu, livro que
chega aos leitores de língua espanhola em março deste ano. Espécie de autobiografia
intelectual o livro é fruto de anos de interesse do peruano em emular — a
partir das margens do liberalismo — um de seus livros favoritos: Rumo à
estação Finlândia, o ensaio de 1940 em que Edmund Wilson traçou a
genealogia socialista que vai dos revolucionários franceses aos russos. Se
Wilson se ocupou de autores como Michellet, Marx ou Lenin, Vargas Llosa se
ocupa de Adam Smith, Karl Popper e Raymond Aron. Este último foi, recorda, um
dos poucos intelectuais parisienses que se pronunciou contra a Revolução de
1968 por considerá-la "não uma revolução mas sua caricatura, uma comédia
bufa da qual não ia resultar transformação nenhuma na sociedade francesa e sim,
ao contrário, a destruição da universidade e dos progressos econômicos porque
passava a França".
>>> Brasil: Volta às
livrarias brasileiras a tradução de Wladir Dupont para "Enquanto
agonizo", de William Faulkner
O livro foi
publicado pela L&PM Editores. O romance do escritor estadunidense foi
eleito pelo crítico Harol Bloom com "o que tem o começo mais
brilhante" do século XX — "o começo pressagia a originalidade do
livro que mais surpreende de seu autor". Publicado em 1930, "Enquanto
agonizo" é um grandioso exemplar da linguagem e do estilo praticados por
Faulkner. Neste romance, o autor distancia-se da aristocracia sulista americana
para falar de gente comum e humilde, como a família Bundren, que se reúne para
cumprir o último desejo da matriarca: ser enterrada em Jefferson, ao lado de
seus parentes. O marido e os cinco filhos partem com o caixão determinados a
cumprir seu objetivo, sem saber como essa viagem mudaria suas vidas. Faulkner
tece um caleidoscópio de emoções que afloram a partir da voz de cada um dos
personagens, revelando a história aos poucos, com flashbacks que vão se
entrelaçando, formando um espelho da condição humana. Há muito esgotado, o livro,
na tradução de Wladir Dupont volta às livrarias.
Quarta-feira,
03/01
>>> México: A descoberta
de um livro de Carlos Fuentes
A Fundação
Banco Santander traz a lume um inédito do escritor mexicano; é um ensaio sobre
um de nossos mais importantes cineastas do século passado. Luis Buñuel o
la mirada de la Medusa apresenta ainda a rica troca de missivas entre
Fuentes e o cineasta. Sobre Buñuel, o escritor revela-o como uma das mais
presentes influências sobre sua cosmogonia visual e narrativa — sua e da
literatura dos grandes escritores do Boom Latino-americano.
Quinta-feira,
04/01
>>> Israel: Morreu o
escritor israelense Aharon Appelfeld
Sobrevivente
do Holocausto, sua obra dedica-se em grande parte à vida dos judeus na Europa
antes e durante o negro período da história. Appelfeld nasceu em 1932 em uma
localidade perto de Czernowitz, uma cidade romena que hoje se localiza na
Ucrânia. Sua mãe foi assassinada pelos nazistas e ele foi deportado com seu pai
para um campo de concentração. Escapou em 1942 e sobreviveu em uma floresta,
adotado por um bando de criminosos ucranianos. Recolhido posteriormente pelos
soviéticos, trabalhou como ajudante de cozinha durante meses para o Exército
Vermelho. Em 1946, imigrou para a Palestina quando estava sob mandato
britânico. Em Israel, em 1957, Aharon Appelfeld se reencontrou com seu pai, que
também sobreviveu à barbárie nazista. Dos mais de 40 títulos, dois estão em
circulação no Brasil, Expedição ao inverno (Editora
Perspectiva) e Badenheim (Amarilys Editora).
O escritou recebeu prêmios em todo o mundo, como o Prêmio Israel em 1983 e o
Prêmio Medicis francês, em 2004. Foi amigo do escritor Philip Roth, que o
converteu em personagem de seu romance Operação Shylock.
>>> Itália: O clássico
conto infantil Pinóquio, do italiano Carlo Collodi, foi traduzido para
emoticons
É a primeira
versão de um texto literário italiano editada nesse código visual; Pinóquio em emojitaliano alia a criatividade e a expressividade do
universo da internet no objetivo de ser uma história acessível em todos os idiomas
do mundo. Assim, ambicionam os editores que colocaram em prática a ideia dos
pesquisadores italianos Francesca Chiusaroli, Johanna Monti e Federico Sangati,
aliados a usuários diversos das plataformas Twitter e Telegram que ajudaram a
completar a tradução. O texto de Collodi foi publicado em folhetins entre 1881
e 1883. A edição de agora, moderníssima, é acompanhada de um glossário que
traduz os elementos visuais para os ainda não leitores desse código da web.
Sexta-feira,
05/01
>>> Estados Unidos: Ler os cem
cantos de A divina comédia em cem dias no Twitter — é a proposta do
professor e crítico argentino Pablo Maurette
A ideia veio
online no dia 27 de dezembro e no dia 1º de janeiro o primeiro tuíte. E, no
quarto dia, mais de 2.000 personas já seguiam a ideia. "É um livro que
todo mundo conhece o nome. Os que não leram sente que precisam fazê-lo, os que
leram sabem que uma única leitura não é suficiente e preciso ler
novamente". Pablo reside nos Estados Unidos onde é professor de Literatura
comparada na Universidade de Chicago. "A primeira vez que a li me atraiu a
história, os castigos do inferno. Depois a li em italiano e comecei a apreciar
a elegância, a musicalidade do verso, a vivacidade das descrições. Dante
descreve coisas fantasiosas com um nível de realismo assombroso", sublinha
o professor. Conhecedores de Dante como o crítico literário argentino Pablo
Williams, o professor em Harvard Mariano Siskind e o escritor colombiano
Humberto Ballesteros participam do desafio e guiam os estreantes através da
selva escura. Ilustradores como Leonardo Achilli criam um desenho que recria o
canto que é lido. O projeto usa a tag #Dante2018 e
é veiculado a partir da conta @maurette79 até o próximo 10 de abril deve estar
concluído.
>>> Brasil: Moby
Dick, de Herman Melville, em HQ
A história
da baleia branca já havia adaptada para os quadrinhos pelo italiano Dino
Battaglia (1967), pelo francês Paul Gillon (1983) e pelos estadunidenses Bill
Sienkiewicz (1990) e Will Eisner (2001). A investida mais recente, de 2014, é
do francês Christophe Chabouté; esta é publicada agora no Brasil pela editora
Pipoca & Nanquim. Este foi eleito um dos melhores trabalhos de Chabouté,
cuja primeira aparição foi em Les Récits (1993), uma antologia
sobre o poeta Arthur Rimbaud, mas não é sua primeira adaptação de um clássico
literário: o quadrinista de 50 anos, até então inédito no País, publicou Construire un Feu (2007), inspirado em To Build a Fire,
de Jack London.
>>> França: Está lançado
o primeiro rojão de 2018. Um impasse sobre a publicação ou não de uma coletânea
de folhetos antissemitas produzidos por Louis-Ferdinand Céline
A editora
francesa Gallimard insistiu que prosseguirá com a publicação da coleção de mil
páginas dos panfletos realizados pelo escritor nos anos 1930 de Céline. São
textos que, entre outros assuntos, se pede abertamente o extermínio dos judeus.
A data de publicação não está definida, mas a editora aposta na ideia de
apresentar os textos e enquadrá-los em seu contexto "como escritos de uma
grande violência, marcada pelo ódio antissemita do autor". Tão logo a
notícia ganhou forma na França, Serge Klarsfeld, o célebre advogado que escapou
do massacre dos nazistas em Nice quando criança, exigiu que a publicação seja
abortada. Céline continua a ser aclamado como um dos escritores mais brilhantes
da França por seu romance de 1932, Viagem ao fim da noite,
considerado uma dos mais importantes da literatura francesa do século XX. Mas
sua reputação foi manchada por seus panfletos de ódio, antissemita e
pró-Hitler.
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