As obras de Cortázar que terminaram no lixo
Por María Laura Avignolo Cortázar em sua casa em Saignon. O sino da igreja medieval de Notre Dame de Pietá marca as horas, sem peregrinos. É o único som que rompe o silêncio outonal em Saigon, um povoado preso entre as rochas da Provence francesa, mergulhado num profundo sono. A agência dos correios agora está fechada, mas graças à sua luta, Martine Veyron, é uma sua representante que faz existir ainda a presença de um carteiro no lugar. Ela foi quem lutou para que o único ponto de contato entre Saigon e o resto do mundo continuasse sendo o pilar desta comunidade de mil habitantes no verão que se reduz a menos de seis centenas no inverno. E Julio Cortázar haveria apoiado. Em “La Poste” (o correio) se iniciou o vínculo entre Julio Cortázar e Saigon, seu secreto e pequeno esconderijo. Entre ele e seus habitantes, que ainda recordam-no como um gigante de dois metros que caminhava a grandes passos, falava com todos e gastava uma hora de sua casa – na periferia do povoado