José Saramago e As intermitências da morte
Por Claudia Rocha Lidar com a ideia da própria finitude sempre foi profundamente desconcertante para a humanidade. A morte é algo perturbador; muitas vezes nem sequer dela lembramos ou não fazemos questão de lembrar, mas a “esperta parca” (adjetivações utilizadas por Saramago) e a “inimiga enigmática” (adjetivações utilizadas por mim) nos ativa a memória e, de vez em quando, bate à nossa porta. Estamos quietinhos no nosso refúgio palaciano, com nossas insignificantes preocupações e, de repente, alguém de quem gostamos muito “falece”, “descansa”, entre outros eufemismos usados por nós para minimizarmos a própria dor. Várias suposições são feitas para desvendar o enigma do fim. O fato é: “ninguém volta para contar o que viu do outro lado”. A morte seria então o outro lado da moeda, que nunca queremos tirar na sorte, embora saibamos que um dia virá. As instituições religiosas, em sua maioria, pregam a necessidade da morte para alcançarmos a vida eterna. Os mais cétic