Esculpindo o tempo nas recorrências da existência
Por Rafael Kafka Frame de O sacrifício , de Andrei Tarkovsky De 2014 para cá, comecei a me interessar mais por questões ligadas ao estilo das obras. A presença desta ou daquela figura de linguagem, o uso de frases mais secas ou adjetivadas, a construção de um enredo linear ou alinear, os parágrafos longos ou curtos e outros recursos me chamaram a atenção em especial nas obras autobiográficas por indicarem marcas dos autores responsáveis pela produção do texto. Sinto que desenvolvi desde então uma forma de perceber o autor a partir de seu estilo dentro da obra, algo que pode soar óbvio para muitos leitores mais experientes, mas que para mim revela a profunda dimensão existencial da leitura. Esse efeito se tornou ainda mais interessante para mim após ler obras de autores consagrados que decidiram em um lapso de emoção se transformarem em obra. Nesse sentido, os diários de Saramago lidos por mim recentemente muito revelam de uma dimensão poética que se expressa na forma d