Arco de virar réu, de Antonio Cestaro
Por Pedro Fernandes “Você vive dentro de sua cabeça. Você não vive no mundo”. A afirmativa do narrador de Arco de virar réu contradiz sua própria percepção de sujeito: antropólogo, uma de suas preocupações reside na compreensão da estreita relação entre indivíduo e grupo. É preciso pontuar esses dois extremos da narrativa no intuito de compreender o contraditório enquanto elo enformante e estruturante da obra e esta perspectiva é igualmente elementar na própria condição enquanto sujeito idiossincrático e parte de uma organização comunitária. O entendimento acerca deste trânsito é fundamental para afirmar este romance de Antonio Cestaro entre os melhores da literatura brasileira recente. Tão logo o leitor atravesse uma estância marcada por uma descrição que irá reverberar em diversas outras passagens da narrativa, encontrará um narrador que se propõe fazer um relato familiar considerando como ponto de partida a ocasião quando este núcleo se vê em profunda crise – parte