Zero K, de Don DeLillo
Por Pedro Fernandes O título deste romance de Don DeLillo dialoga com uma extensa rede de sentidos. E a maestria do escritor, para além de uma narrativa situada entre o limite do tom objetivo realista, o poético e a ficção científica, está em fazer coincidir essa pluralidade significativa que se oferece como um conjunto de camadas diversas fundamentais para o leitor encontrar os nós das reflexões aí propostas. Essas reflexões, por sua vez, apesar do tom futurista dos acontecimentos, encontram matriz entre as principais questões que nos movem desde sempre: a morte, a limitação da vida, o que nos constitui enquanto humanos, o amor, entre outros. E também aos temas mais contemporâneos, aqueles que se tornaram pauta desde o advento da revolução tecnológica, como, quais os limites da ciência sobre a nossa existência, a ética que os move e as transformações possíveis ou utópicas no exercício de materialização daquilo com o qual sonhamos nossas fantasias mais inusitadas.