O céu de Lima, de Juan Gómez Bárcena
Por Pedro Fernandes “O amor é um discurso, meu amigo, é um folhetim, um romance, e se não for escrito na cabeça, ou no papel, ou quer que seja, não existe, fica pela metade; não passa de uma sensação que imaginou ser um sentimento...” Esta frase não é do narrador de O céu de Lima ; é de uma personagem desse romance do espanhol Juan Gómez Bárcena, o bacharel Cristóbal, um missivista por encomenda que vive nas ruas de Lima do início do século XX a escrever cartas para gente diversa, daqueles não alfabetizados e precisam comunicar qualquer coisa por escrito ao Estado ou aos parentes distantes a aqueles alfabetizados mas que não sabem ao certo como dispor no papel seus estados de espírito sobretudo nos casos de fortes amores, especialidade esta pela qual quer ser reconhecido e por isso o gesto que pratica com melhor gosto. A sentença cética e irônica de Cristóbal vem numa longa conversa com Carlos Rodríguez, quando o jovem rapaz começa a pensar juntamente com o amigo