Pablo Neruda: o que não dá mais para ocultar
Que umas memórias publicadas postumamente recebam por título Confesso que vivi pode soar uma brincadeira involuntária; a declaração íntima de um fantasma. Mas, a autobiografia em que o Prêmio Nobel chileno Pablo Neruda reviu, com a respiração de sua prosa poética, seus quase setenta anos, volta novamente às livrarias de maneira rejuvenescida. E traz muito do que ficou por dizer. Falamos sobre a reedição publicada entre os leitores de língua espanhola muito recentemente que apresenta dezoito textos inéditos, fotografias, manuscritos e um apêndice com três conferências ministradas na Universidade do Chile. Tratam-se de passagens ausentes na primeira edição que veio a lume ainda sob a ditadura do sanguinolento Augusto Pinochet, seis meses depois da morte do autor de Canto geral . A obra ficou por longo tempo entre as listas dos mais vendidos desde sua aparição e logo se tornou um Best-Seller. Nas suas caudalosas páginas, mostrava que, efetivamente, Neruda havia tido uma vida