A religiosidade clandestina de Hermann Hesse
Por Rafael Kafka Hermann Hesse. Foto: Gisèle Freund Há uma carta de Mário Andrade que circula pela internet que é bem interessante para servir de mote a esse texto. O destinatário da missiva é outro escritor brasileiro célebre, Carlos Drummond de Andrade, conhecido por seu temperamento taciturno e extremamente reservado. O assunto central da carta, dentre outros de menor importância, é o sentimento de religiosidade perante a vida. Mas Mário faz questão de falar ao amigo que tal religiosidade não é a veneração cega de alguma entidade qualquer e sim a existência plena em todas as suas possibilidades, o permitir-se a expansão sensorial e intelectual em todas as direções possíveis desta existência. O sentido de tal assertiva se torna ainda mais pleno quando entendemos que a religiosidade como geralmente a entendemos vivida por espíritos conservadores é uma limitadora das possibilidades humanas. Em prol de uma salvação póstuma, o ser deve abrir mão de uma série de vivências