Fama e preconceito
Por Andrea Aguilar Cabe pensar que a única “verdade universalmente reconhecida” em torno de Jane Austen quase começa e termina na famosa frase com que inicia seu romance Orgulho e preconceito , aquela irrefutável suposição de que “um sozinho com dinheiro deve estar buscando uma esposa”. Em 18 de julho cumpre-se o bicentenário da morte da autora britânica aos 41 anos, uma romancista cuja fama póstuma e dedicados seguidores a converteram numa espécie de estrela de rock literária, um ícone cultural que desperta grandes paixões. Seus devotos leitores desenvolvem com ela uma peculiar intimidade e sentem um estranho esnobismo ou direito de propriedade que poderia resumir-se num “não toquem em minha Jane” ou “esse bando de fãs cafonas realmente não entendem sua obra”. O inflamado debate sobre a “leitura correta” de sua obra, sua popularidade ou transformação num produto pop e equivocadamente superficial, é algo tão clássico com os trajes de corte imperial usados por suas heroí