Juan Goytisolo
Certa vez, numa crônica em homenagem a Juan Goytisolo publicada na revista Espacio / Espaço escrito , José Saramago se referiu ao escritor espanhol como dotado “por uma consciência muito clara, e não raro dolorosa, da responsabilidade de cada ser humano perante si próprio e perante a sociedade, tomada esta, não como uma abstracção cómoda, mas na sua realidade concreta de conjunto de indivíduos e de pessoas”. Certamente, outra definição mais atenta e satisfatória que essa ficará por ser escrita sobre uma das vozes mais ativas e incansáveis – seja na construção de uma obra ampla e heterogênea, seja na maneira como se posicionou ativamente em nome de uma revisão da história do homem e da humanidade, perfazendo um lugar muito caro a qualquer intelectual, o do engajado politicamente. Em 2014, seis anos depois de aposentar-se da escrita ficcional, Juan Goytisolo ganhou o Prêmio Cervantes, o mais importante das letras em espanhol. O romancista barcelonês, um dos autores mais cervan