Tarântula, de Bob Dylan
Por Pedro Fernandes Este livro participa de duas constantes muito caras à narrativa contemporânea. Primeiro, é a impossibilidade de realização , ao menos no sentido tradicional segundo o qual narrar é contar uma história e, logo, toda narrativa se desenvolve entre um motivo, um elemento desencadeador, e um fim, que não é necessariamente uma conclusão do relatado; e as infiltrações do discurso poético na prosa que aqui funcionam ora como se uma espécie de refrão para o texto, apenas no sentido de uma marcação entre uma massa textual e outra, ora como o próprio poema em sua estrutura e forma predominante, isto é, a organização em versos e estrofes. Apesar de denominado pelo autor como um romance porque está entre “tudo aquilo que eu não posso cantar e é longo demais para ser um põem”, o leitor não encontrará em Tarântula uma história como começo, meio e fim, ainda que fragmentária como é comum a muitas narrativas desde a descoberta sobre a descontinuidade do discurso ps