As viagens transformadoras de Paul Bowles
Por Emma Rodríguez No começo de O céu que nos protege , sua obra mais célebre, Paul Bowles, deixa claro que a diferença fundamental entre o turista e o viajante reside no tempo: “Enquanto o turista geralmente volta depressa para casa ao fim de algumas semanas ou meses, o viajante, que não pertence a um lugar mais do que a outro, se locomove devagar, ao longo de períodos e anos, de uma parte da terra a outra”, diz o narrador do romance, quem também apresenta outra distinção: o turista “aceita sua própria civilização sem questionar; não é assim com o viajante, que compara o seu país com os outros e rejeita os elementos que não estão a seu gosto”. Nesta breve e certeira argumentação se esboçam não só as características do Bowles viajante mas sua maneira de compreender a existência. “Meu interesse pelas culturas estrangeiras era ávido e obsessivo. Estava convencido de que era benéfico viver entre pessoas cujas motivações não entendia; tão irracional convicção era sem dúvida uma