Numa folha, leve e livre – de António Ramos Rosa
Por Pedro Belo Clara Conta-se já perto de quatro anos desde o falecimento deste poeta maior do universo literário português, e dado que ainda não havia merecido destaque neste nosso espaço de discussão tem-se agora como imperial o ajuste de tamanha falha. Ramos Rosa nasceu na cidade de Faro, no Algarve, em 1924, vindo na década de sessenta a radicar-se definitivamente em Lisboa. Nunca terminou o ensino secundário por motivos de saúde, embora tenha desempenhado funções como empregado comercial, professor e tradutor, antes de se dedicar em pleno à prática poética, ofício no qual entrou como um assumido autodidacta – não obstante o ensaio e o trabalho crítico, áreas também merecedoras da sua atenção. Entretanto, um certo talento para o desenho foi gradualmente surgindo nos intervalos da escrita, como o próprio admitiu numa entrevista datada de novembro de 1996: «Eu faço uns desenhos que são rostos e faço-os com uma grande espontaneidade: são automáticos e confluentes». Sobr