O filho de Saul, de László Nemes
Por Pedro Fernandes Não foi em vão que O filho de Saul ganhou o Grande Prêmio do Festival de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Não é o caso de retomada de alguns temas recorrentes à cinematografia sobre o nazismo alemão e o massacre a milhões de pessoas em nome de uma ideia perversa ou ainda o tema sobre a errância do povo judeu – dois epicentros da narrativa de Nemes vinda a lume no ano em que se passaram 70 anos do fechamento de Auschwitz pelos soviéticos. Nem foi esse dado histórico o que terá comovido o júri para a atribuição dos galardões. É a maneira muito autêntica encontrada pelo diretor húngaro para retomar esses dois temas. A narrativa de O filho de Saul se passa num dia da vida de um membro do chamado Sonderkommando, um grupo de trabalhadores formado por recrutas escolhidos tão logo chegavam ao campo de concentração e cuidava do serviço burocrático de detenção, execução, queima, manutenção e ordenação dos crematórios. Não sabe-se qual campo onde