Modernidade no realismo mágico de Gabriel García Márquez
Por César Cuadra Muito além desse lugar-comum que é recorrer ao tempo transcorrido , não podemos deixar de notar como nossa percepção sobre as transformações está marcada por uma nebulosa de circunstâncias que na prática é impossível ou muito difícil de ultrapassar. Daí o paradoxo que é comprovar que muitas vezes as mudanças mais radicais transcorrem de modo tão imperceptível que sequer chegamos a reparar nelas. E, por sua vez, aquilo que se apresenta para nós como uma verdadeira revolução, muitas vezes apenas deixa um rastro nas secretas leis da história. Talvez por isso nos seja tão reveladora a aproximação feita por Mario Vargas Llosa sobre a situação do romance latino-americano da segunda metade do século XX. Para o romancista peruano, a literatura – e em particular o romance – vive por esses anos um momento de extraordinária agitação e impulso criativo, de libertação e grande vitalidade, e a intensidade chega mesmo a afetar a natureza da linguagem romanesca