O complexo de Portnoy, de Philip Roth
Por Pedro Fernandes Philip Roth. Foto: Jimmy Jeong. Um grito desbocado contra um sistema fabricado para punir seus indivíduos. Esta é uma só das possibilidades de leitura do romance que se inscreve entre os primeiros – e logo entre os que projetaram o nome do escritor Philip Roth. Publicado no final da década de 1960, nele se condensa todo o espírito de rebeldia nascido anos antes num Estados Unidos que embora tenha vendido a imagem de símbolo da liberdade sempre foi um país retrógrado, no sentido moral e dos costumes, e opressor, contra todos aqueles que divergem do status quo determinado pelo ideal social imposto pelo poder. Philip Roth não ataca abertamente esse modelo social porque está imbuído do espírito artístico de não se revelar abertamente sobre o que repudia – a estratégia não é burlar o poder, mas de rir-se dele e não ser acusado de romancista panfletário. O resultado é uma arma de alta precisão indispensável desde sempre: quando da sua publicação e mu