A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares
Por Pedro Fernandes “A verdadeira vida está em outra parte”. A frase, se não com essas letras mas com esse sentido – de que a vida que vivemos é um simulacro ou cópia de outra que se passa noutro plano – é do poeta francês Arthur Rimbaud. Ela é um eco das reflexões de Platão que diferenciam o mundo real e o mundo das ideias, repetida mais uma vez na célebre parábola da caverna. É esse imaginário que encontra reverberação profunda na cultura ocidental cristã através da ideia de vida eterna e depois, com as criações tecnológicas que primeiro buscaram romper com as ausências de sentidos sobre o outro e já agora projetam a construção de conglomerados virtuais onde se é possível forjar outras realidades possíveis num exercício muitas vezes de sobreposição ao que se tem como verdade palpável. Pois bem, se todo esforço humano esteve canalizado em pensar e agora forjar essa realidade fora do comum, numa era de simulacros como a que vivemos, A invenção de Morel , de Adolfo Bioy